sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Era outra vez...

FOLHA DE SÃO PAULO

Contos de fadas ganham roupagem mais sombria em novas superproduções de Hollywood
Divulgação
Michelle Williams em cena de "Oz: Mágico e Poderoso", de Sam Raimi
Michelle Williams em cena de "Oz: Mágico e Poderoso", de Sam Raimi
RODRIGO SALEMDE SÃO PAULO"Era uma vez um homem chamado Peter Pan. Ele raptava criancinhas e as matava, enquanto o capitão Gancho tentava prendê-lo."
Não parece certo.
Vamos tentar outra: "Era uma vez um casal de irmãos chamado João e Maria, que dedica-se a caçar bruxas de forma violenta depois de sofrerem abuso quando crianças".
As duas tramas lembram os contos de fadas que fizeram muitas crianças dormirem, mas Hollywood resolveu distorcê-los para gerar uma fornada de superproduções.
Nos próximos dois anos, pelo menos sete blockbusters baseados em histórias encantadas chegarão aos cinemas.
O sucesso de "Alice no País das Maravilhas", de Tim Burton, que rendeu US$ 1 bilhão (R$ 2 bihões), em 2010, foi o ponto inicial para a maioria dos blockbusters.
Mas a consolidação do estilo "histórias infantis conhecidas + toques sombrios = lucro fácil" veio com "Branca de Neve e o Caçador" (2012), que foi bem recebido pela crítica e rendeu US$ 396 milhões (R$ 792 milhões).
Os elementos originais (princesa perseguida pela rainha má) estão lá, mas o roteirista Evan Daugherty injetou batalhas inéditas, anões guerreiros e eliminou o "Príncipe Encantado" que a Disney popularizou.
É mais ou menos a fórmula adotada por "João e Maria: Caçadores de Bruxa", que estreia em 25 de janeiro.
O filme de Tommy Wirkola ("Zumbis na Neve") pega a história criada pelos irmãos Grimm no século 19 (uma bruxa tenta canibalizar João e Maria), mas a subverte em um filme de horror.
João (Jeremy Renner) e Maria (Gemma Arterton) são adultos traumatizados que caçam bruxas com arcos e métodos sangrentos.
"Jack - O Caçador de Gigantes", que estreia em março, não será tão violento, mas manterá o lado épico de "Branca de Neve e o Caçador" (sim, "caçador" é a palavra da moda em Hollywood).
Inspirado no conto "João e o Pé de Feijão", cuja versão mais famosa é datada de 1807, o filme de Bryan Singer ("X-Men") mostra o fim da trégua entre humanos e gigantes quando Jack (Nicholas Hoult) tenta resgatar uma princesa (Eleanor Tomlinson).
O NOVO OZ
Já "Oz: Mágico e Poderoso", também programado para março, é mais ambicioso: o filme de Sam Raimi ("Homem-Aranha") conta como um simples truqueiro de circo (James Franco) vira o poderoso Mágico de Oz.
Pelo visual colorido e o uso de 3D, a Disney claramente quer seguir o modelo de "Alice no País das Maravilhas", utilizando os conceitos do escritor L. Frank Baum (1856-1919) para reapresentar os personagens a uma nova platéia.
A animação "Dorothy of Oz", que estreia no segundo semestre nos Estados Unidos, vai pelo lado oposto. Ela mostra o que aconteceu com Dorothy, a protagonista de "O Mágico de Oz", em uma nova aventura, escrita pelo neto de Baum, em 1989.
"Há uma moral na história: se o público diz que gosta de algo, entregue o mesmo de sempre e você fará uma fortuna", escreveu Robbie Collin, crítico do diário londrino "The Telegraph".
Por isso mesmo, Hollywood prepara o polêmico "Pan" para 2014, com Aaron Eckhart ("Batman - O Cavaleiro das Trevas") como Hook, policial que caça Peter Pan, um assassino pedófilo. Ou "Arabian Nights", uma espécie de "Os Mercenários" inspirado na antologia "As Mil e Uma Noites".
Felizes para sempre. Mas, de preferência, com muita grana no bolso.

    Filmes de fábula não significam sucesso certo
    DE SÃO PAULOApesar da corrida em Hollywood por mais longas baseados em contos de fadas, o subgênero não é uma aposta tão certa.
    "Peter Pan", de 2003, por exemplo, recontou a história clássica de J.M. Barrie em uma superprodução de US$ 100 milhões (R$ 200 milhões), mas naufragou nos EUA, rendendo apenas US$ 48 milhões (R$ 96 milhões).
    "Alice no País das Maravilhas" (2010), de Tim Burton, rendeu US$ 1 bilhão (R$ 2 bilhões), mas teve a ajuda do auge do entusiasmo pelo 3D -foi o primeiro grande filme com a tecnologia depois de "Avatar".
    Já "Espelho, Espelho Meu" (2012), com Julia Roberts como a madrasta má da Branca de Neve, custou US$ 85 milhões (R$ 170 milhões) e só não foi um fracasso porque rendeu US$ 101 milhões (R$ 202 milhões) internacionalmente.
    Já "Branca de Neve e o Caçador", protagonizado por Kristen Stewart, rendeu pouco abaixo dos US$ 400 milhões (R$ 800 milhões) e já teve a continuação confirmada.
    Chapeuzinho Vermelho não teve a mesma sorte. "A Garota da Capa Vermelha" (2011), com Amanda Seyfried no papel principal, foi destruído pelos críticos e rendeu só US$ 89 milhões (R$ 180 milhões).
    (RS)

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