Serviço atende principalmente bichos que vivem em locais pequenos
Segundo conselho, são cerca de 50 instituições em São Paulo já com recreação, natação e musicoterapia
Eles chegam eufóricos para mais um dia de aula. Pulam do carro para entrar na creche, onde vão encontrar os "colegas". Os pais vêm logo atrás, com as lancheiras.
O dia será repleto de atividades de recreação, natação e musicoterapia. Em datas especiais, como o Natal, eles até ajudam a confeccionar alguns mimos para os pais.
A rotina dos cães Zeca, Dudu e Tieta lembra muito a de crianças no jardim de infância. E é quase igual mesmo.
Com pouco espaço nos apartamentos, donos de bichos de estimação que passam o dia fora de casa têm optado por creches de animais.
O serviço, também chamado de escola ou "day care", é recente: existe há cerca de cinco anos, segundo o Conselho de Medicina Veterinária de São Paulo. Atualmente, são cerca de 50 instituições do gênero no Estado.
Dois anos atrás, era metade. O crescimento ainda é "tímido" diante de um mercado com potencial, afirma o presidente do conselho, Francisco Cavalcanti de Almeida. O serviço chega a custar R$ 640 por animal.
Veterinários aprovam a novidade. É uma opção para os animais se exercitarem em um espaço maior e interagirem com sua própria espécie, dizem. Mas alertam para o risco de "humanização" excessiva dos bichos (leia abaixo).
Antes uma "regalia" exclusiva dos grandes centros, hoje as creches de pets já chegam ao interior.
Na Estação Animal Massaro, em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), "estudam" Zeca, um beagle de 3 anos, o schnauzer Dudu, 7, e Tieta, 2, uma yorkshire.
Por lá, passam cerca de dez cachorros diariamente. Metade vai de segunda a sexta-feira, oito horas por dia. Na matrícula, eles ganham uma lancheira, que guarda a ração e "merendas" com frutas e até cenoura ralada.
Em datas comemorativas, os "pais" ganham presentes como cartões de feltro com a patinha do animal carimbada.
No Koan Kennel, também em Ribeirão, há uma piscina para natação. Foster, um west highland terrier, adora."Meu marido diz que sou coruja. Mas é como se fosse meu bebê mesmo", diz a "mamãe", a engenheira de alimentos Roberta Mio Brunelli, 32.
Mas há também as creches mais tradicionais. É o caso da Bandog, de Franca. Lá não tem piscina nem lancheira. A ideia, diz o dono Joel Cursino Junior, é deixar os animais livres na chácara.
Dono deve evitar 'humanização' de cães e gatos
DE RIBEIRÃO PRETOTratar bicho como ser humano pode prejudicar o bem-estar físico e psíquico do animal, dizem veterinários do Conselho de Medicina Veterinário do Estado de São Paulo e da WSPA Brasil, ONG de proteção animal."Termos como pais ou mesmo creches são errados. Eles precisam ser tratados como animais", diz Rosangela Ribeiro, gerente de programa veterinário da WSPA.
Excesso de roupas, com pedras e brilhos, por exemplo, pode incomodar algumas raças. Perfumes ou pintar as unhas também devem ser evitados porque irritam a maioria dos bichos.
"É questão de ver que isso agrada ao dono, mas está incomodando muito o bicho", diz Rosangela.
Tratamento humanizado, chamado de antropomorfização, deve ser evitado tanto por donos como por proprietários das "day care".
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