Tiago Araripe volta a gravar depois de 30
anos e se prepara para correr o país com shows do álbum produzido por
Zeca Baleiro. Primeira apresentação será em 11 de abril, no Recife
Ailton Magioli
Estado de Minas: 25/03/2013
É
com A quantas anda você, um reggae brincalhão que, de certa forma, joga
com a própria situação vivida por ele (“Eu quero saber/ A quantas anda
você/ Se está zen ou deprê/ Up to date ou demodée”), que Tiago Araripe,
de 61 anos, volta ao disco, 30 anos depois do LP Cabelos de Sansão,
oficialmente lançado pela Lira Paulistana, em 1982, e remasterizado pelo
selo de Zeca Baleiro, em 2008.
“A vida não é linear e, às vezes,
a gente é impelido a fazer algumas mudanças que geram transformações”,
diz o cantor e compositor cearense, natural do Crato, que está lançando
Baião de nós pelo Candeeiro Records, do Recife. Produzido por Zeca
Baleiro e Tiago Araripe, o disco vai do baião ao reggae, passando pelo
rock e maracatu em 12 faixas autorais inéditas, incluindo o bônus Nós,
em versão original.
Depois de viver por 22 anos em São Paulo,
onde se integrou à turma da chamada Vanguarda Paulistana, Tiago Araripe
vai para Fortaleza, em 1995, retornando posteriormente ao Recife, onde
havia morado para estudar. Segundo diz, a decisão de Zeca Baleiro de
relançar Cabelos de Sansão realmente o estimulou a voltar a gravar,
passando a compor com mais frequência desde então.
Durante o
hiato, Tiago Araripe limitou-se a produzir disco em homenagem ao
compositor Jacinto Silva, que reuniu 14 intérpretes de gerações diversas
para cantar a música do autor nordestino. Há cerca de dois anos, foi
procurado pelo selo Candeeiro Records, que lhe propôs fazer um disco por
meio do Funcultura, do Recife.
A primeira pessoa que veio à
cabeça dele para produzir o CD foi Zeca Baleiro, pelo reconhecimento ao
fato de ter-lhe trazido à cena, novamente. Aprovado o projeto, com a
aceitação do produtor, que trouxe os músicos Fernando Nunes, Tuco
Marcondes e Adriano Magoo, Tiago juntou seus músicos e todos foram para
estúdio gravar o repertório, que inclui diversos períodos de carreira do
cantor.
“Fiz um apanhado geral”, afirma o cantor e compositor,
cujas composições mais recentes têm toque de humor, visto A quantas anda
você e Gregório. Tal característica é atribuída por ele ao próprio
amadurecimento, quando se encontra leveza maior, sem perder o olhar da
observação do que ocorre ao redor. Originário de um polo cultural
nordestino (Crato), como faz questão de lembrar, ele bebeu de muitas
influências, paralelamente à descoberta dos Beatles em pleno sertão.
“Cresci
em meio à mistura e sempre gostei de não ter limite para fazer
composição”, posiciona-se Tiago Araripe, contando que a letra é o que
determina a criação de suas composições. Depois de trabalhar com Tom Zé,
Décio Pignatari e os representantes da Vanguarda Paulistana, dentre
tantos outros artistas, ele voltou às origens revigorado para compor o
novo repertório que começa a mostrar agora. Naquele período, o artista
também integrou o grupo Papa Poluição.
Em 11 de abril, Tiago
Araripe faz show de lançamento de Baião de nós no Recife,
apresentando-se no dia seguinte no Crato. Shows em Fortaleza e São Paulo
também já estão sendo articulados. Ele quer excursionar por todo o país
com o novo trabalho.
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