segunda-feira, 25 de março de 2013

Baião para todos - Ailton Magioli‏

Tiago Araripe volta a gravar depois de 30 anos e se prepara para correr o país com shows do álbum produzido por Zeca Baleiro. Primeira apresentação será em 11 de abril, no Recife 


Ailton Magioli

Estado de Minas: 25/03/2013 

É com A quantas anda você, um reggae brincalhão que, de certa forma, joga com a própria situação vivida por ele (“Eu quero saber/ A quantas anda você/ Se está zen ou deprê/ Up to date ou demodée”), que Tiago Araripe, de 61 anos, volta ao disco, 30 anos depois do LP Cabelos de Sansão, oficialmente lançado pela Lira Paulistana, em 1982, e remasterizado pelo selo de Zeca Baleiro, em 2008.

“A vida não é linear e, às vezes, a gente é impelido a fazer algumas mudanças que geram transformações”, diz o cantor e compositor cearense, natural do Crato, que está lançando Baião de nós pelo Candeeiro Records, do Recife. Produzido por Zeca Baleiro e Tiago Araripe, o disco vai do baião ao reggae, passando pelo rock e maracatu em 12 faixas autorais inéditas, incluindo o bônus Nós, em versão original.

Depois de viver por 22 anos em São Paulo, onde se integrou à turma da chamada Vanguarda Paulistana, Tiago Araripe vai para Fortaleza, em 1995, retornando posteriormente ao Recife, onde havia morado para estudar. Segundo diz, a decisão de Zeca Baleiro de relançar Cabelos de Sansão realmente o estimulou a voltar a gravar, passando a compor com mais frequência desde então.

Durante o hiato, Tiago Araripe limitou-se a produzir disco em homenagem ao compositor Jacinto Silva, que reuniu 14 intérpretes de gerações diversas para cantar a música do autor nordestino. Há cerca de dois anos, foi procurado pelo selo Candeeiro Records, que lhe propôs fazer um disco por meio do Funcultura, do Recife.

A primeira pessoa que veio à cabeça dele para produzir o CD foi Zeca Baleiro, pelo reconhecimento ao fato de ter-lhe trazido à cena, novamente. Aprovado o projeto, com a aceitação do produtor, que trouxe os músicos Fernando Nunes, Tuco Marcondes e Adriano Magoo, Tiago juntou seus músicos e todos foram para estúdio gravar o repertório, que inclui diversos períodos de carreira do cantor.

“Fiz um apanhado geral”, afirma o cantor e compositor, cujas composições mais recentes têm toque de humor, visto A quantas anda você e Gregório. Tal característica é atribuída por ele ao próprio amadurecimento, quando se encontra leveza maior, sem perder o olhar da observação do que ocorre ao redor. Originário de um polo cultural nordestino (Crato), como faz questão de lembrar, ele bebeu de muitas influências, paralelamente à descoberta dos Beatles em pleno sertão.

“Cresci em meio à mistura e sempre gostei de não ter limite para fazer composição”, posiciona-se Tiago Araripe, contando que a letra é o que determina a criação de suas composições. Depois de trabalhar com Tom Zé, Décio Pignatari e os representantes da Vanguarda Paulistana, dentre tantos outros artistas, ele voltou às origens revigorado para compor o novo repertório que começa a mostrar agora. Naquele período, o artista também integrou o grupo Papa Poluição.

Em 11 de abril, Tiago Araripe faz show de lançamento de Baião de nós no Recife, apresentando-se no dia seguinte no Crato. Shows em Fortaleza e São Paulo também já estão sendo articulados. Ele quer excursionar por todo o país com o novo trabalho.

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