Rega-bofes
RIO DE JANEIRO - Em sua visita ao papa Francisco em Roma, a presidente Dilma rebocou quatro ministros de Estado, assessores sortidos, os protocolares aspones e um batalhão de seguranças. Juntos, ocuparam 52 quartos de hotel na cidade, dos quais 30 no Excelsior, equivalente ao nosso Copacabana Palace e cujas diárias vão de R$ 970 a R$ 7.700. O Excelsior fica na via Veneto, cenário do épico de Fellini, "A Doce Vida", de 1960, filme que a Igreja Católica tentou incinerar.Para se deslocar entre a "Doce Vida" e o Vaticano -meia hora de táxi para os turistas comuns-, a comitiva brasileira contratou 17 veículos, incluindo sedans, carros blindados, vans executivas, micro-ônibus, caminhão-baú e furgões. Ainda não se sabe o custo em molhos e vinhos da expedição. Bem que o papa tentou desestimular os governantes, exortando-os a dar o dinheiro aos pobres em vez de torrá-lo no beija-mão, mas eles não o ouviram.
No passado, tais rega-bofes de brasileiros no exterior, pagos pelos cofres públicos, eram combatidos pelos que estão hoje no poder. Em 1989, por exemplo, a comitiva do presidente Sarney ao bicentenário da Revolução Francesa, em Paris, chocou até os locais -centenas de brazucas hospedados no hotel Crillon, compras na rue Cambon e brindes sem conta com Cristal, Krug e Taittinger. Ao ver aquilo, os franceses se perguntaram para que servira 1789.
Dessa vez, que bom que o papa confirmou para Dilma sua vinda ao Festival Mundial da Juventude, no Rio, em julho. Mas que não se espere pompa em sua estadia. Para começar, ele não se hospedará no Copa, mas num retiro no Alto da Boa Vista ou numa casa na Glória, sendo que, desta, lhe será mais fácil, se quiser, pedir refeições da Spaghettilândia.
E para que caminhão-baú se suas batinas ocupam menos espaço que os terninhos e tailleurs da presidente?
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