quarta-feira, 3 de abril de 2013

EUA vão investir US$ 110 milhões em 'mapa do cérebro'

folha de são paulo

RAFAEL GARCIA
EM WASHINGTON
O governo americano anunciou ontem um pacote de US$ 110 milhões para incentivar avanços em neurociências, com a principal parcela saindo do Departamento de Defesa do país.

A Darpa, maior agência estatal de pesquisa militar, deve desembolsar US$ 50 milhões em 2014, os NIH (Institutos Nacionais de Saúde), US$ 40 milhões, e a Fundação Nacional de Ciências, US$ 20 milhões.
A iniciativa, batizada de Brain --cérebro, em inglês, e um acrônimo para "Pesquisa do Cérebro por Avanços Neurotecnológicos Inovadores"--, foi lançada ontem pelo presidente Barack Obama e seu orçamento deve ser enviado ao Congresso dos EUA na semana que vem.
Editoria de Arte/Folhapress
A ideia é que o programa seja uma empreitada de longo prazo, como aquela que sustentou o sequenciamento do genoma humano na década de 1990.
Segundo a Casa Branca, o objetivo é "acelerar o desenvolvimento e a aplicação de novas tecnologias para permitir que pesquisadores produzam imagens dinâmicas do cérebro que mostrem como células cerebrais individuais e circuitos neurais complexos interagem à velocidade do pensamento".
SEM PRAZO
A iniciativa, que recebeu promessas de investimento de mais US$ 158 milhões por parte da iniciativa privada, não estabeleceu nenhuma meta concreta, ainda.
Não há, por exemplo, um prazo para que cientistas tentem mapear as sinapses (conexões entre neurônios) humanas em sua totalidade ou uma meta para a precisão a ser atingida por aparelhos de ressonância magnética.
Francis Collins, diretor dos NIH e ex-líder do Projeto Genoma Humano, disse que um grupo de trabalho vai definir metas científicas detalhadas para os investimentos.
A equipe é liderada por Cornelia Bargmann, da Universidade Rockefeller, e William Newsome, da Universidade Stanford. Eles serão responsáveis por desenvolver um cronograma e determinar o que exatamente significa a "decodificação" do cérebro proposta por Obama em seu discurso.
"Imagine o que poderíamos fazer uma vez que quebrássemos esse código", disse o presidente numa pergunta retórica. Ele citou como possíveis benefícios dos investimentos os avanços em pesquisa sobre parkinson, alzheimer e autismo.
O papel do investimento da Darpa foi justificado como um meio de aprimorar o tratamento do estresse pós-traumático e de criar próteses neuromotoras para vítimas de lesão cerebral e amputação --problemas comuns entre veteranos de guerra.
Obama também apelou à competitividade. "Não podemos perder essa oportunidade, pois o resto do mundo está na corrida", disse.
O investimento do governo americano na iniciativa, porém, é menor do que o bilhão de euros que a União Europeia promete colocar no Projeto Cérebro Humano, cuja meta é simular o cérebro num computador.
Para chegar à escala do Projeto Genoma Humano, de US$ 3 bilhões, a iniciativa Brain precisaria ter um financiamento na escala atual por mais de uma década.
O maior contribuinte privado é a Fundação Allen --de Paul Allen, cofundador da Microsoft--, que promete US$ 60 milhões. Os outros são o Instituto Salk (US$ 28 mi), o Instituto Médico Howard Hughes (US$ 30 mi) e a Fundação Kavli (US$ 40 mi).

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