sexta-feira, 10 de maio de 2013

Eduardo Almeida Reis» Designers‏

Na fazenda do vizinho nasciam, mesmo, bezerros azuis e verdes. Contei o caso na cooperativa, ninguém acreditou 


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 10/05/2013 


Como é o nome do “artista” que desenha casacos de flanela? Será designer, desenhista industrial? Se não é, fica sendo, porque preciso contar um fato que me tem deixado aborrecido.

Fui vizinho de fazenda do maior revendedor de malhas do Brasil, senhor simpático, riquíssimo, que não tinha tempo de visitar sua bela propriedade rural, onde criava cinco raças bovinas. Vai daí que os cruzamentos ficavam por conta do administrador de poucas letras e começaram a nascer bezerros azuis, verdes, cores esquisitíssimas em matéria de pelagem de bovinos.

Sei que o guzerá “é a grande raça azul do Norte da Índia”, mas o seu azul é cinza. Na fazenda do vizinho nasciam, mesmo, bezerros azuis e verdes. Contei o caso na cooperativa, ninguém acreditou e fomos, em comissão, confirmar as cores na fazenda do homem, que só criava gado de corte.

Lembrei-me do vizinho, agora que comprei um casaco produzido pela imensa malharia sulina representada por ele. Entrei na loja, pedi casacos do meu tamanho, experimentei meia dúzia, escolhi dois, paguei a conta e voltei para casa. Philosopho preocupado com as altas cousas do espírito e com o frio que está fazendo, não tenho tempo de ficar lendo aqueles “enfeites” das lapelas dos casacos.

Só depois vi que o imbecil do designer botou no “enfeite” do agasalho, comprado por outro imbecil, os seguintes dizeres: h 80 mafiosi della sicilia. Dá para acreditar? O mais correto dos brasileiros fazendo propaganda da máfia siciliana?


Pensa na Copa
Recuso-me a escrever o delicioso bordão “imagina na Copa” pelo parequema “na-na”, que dói no ouvido da gente e um philosopho tem compromissos com o imenso leitorado. Contudo, diante da invasão dos nossos irmãos silvícolas, fartamente noticiada pela imprensa, do hotel de luxo no Sul da Bahia e do plenário da Câmara Federal, é impossível deixar de pensar no que pode acontecer durante a Copa de 2014.

Raros, raríssimos palmos de terra deste país imensamente grande e bobo não pertenceram aos índios, desde que aqui chegaram. Difícil é saber onde e quais foram os “donos” do pedaço, porque viviam brigando e se mudando. Já li várias teorias sobre a chegada dos primeiros brasileiros, uma linguística, que sustenta o caminho oeste-leste a partir do sul, talvez através do Chile; a clássica, através do Estreito de Behring, aquele do Alasca. E uma outra defendida pela doutora Niède Guidon, antropóloga séria, que sustenta a existência de humanos no Piauí cerca de 45 mil anos atrás.

Agora, indígenas de etnia tupinambá invadem o Hotel Fazenda do Lago, pertencente ao dr. Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, dizendo-se donos dos 650 hectares em Una, Bahia.

A exemplo do palmilhar silvícola, raros são os pedaços de nossas terras que não foram percorridos pelos garimpeiros nos últimos cinco séculos. No extremo oeste mato-grossense mostraram-me bateia enferrujada, suposta de ter 250 anos, encontrada na década de 80 num lugar improvável da floresta, onde “fazia parte” do tronco de árvore duas vezes centenária.

Em rigor, todos os estádios recém-construídos ou reconstruídos para a Capa 2014 ocupam áreas que foram indígenas. A Fifa e o ministro da Adidas, como foi chamado o ministro Rebelo em deliciosa crônica de Cora Ronái, que se cuidem. É possível que os nossos irmãos silvícolas reivindiquem as terras e os estádios durante a Copa. Impensável dirigir contra eles as armas das polícias e do Exército. Resta uma esperança, que infelizmente é uma só: o casaco amarelo-ovo da Adidas, vestido por sua excelência para afirmar absurdidades, posto que em bom português. É uniforme capaz de assustar o Exército regular da Coreia do Norte, composto, ao que se diz, de um milhão e duzentos mil homens, sem contar os reservistas.


O mundo é uma bola


10 de maio de 1291: nobres escoceses reconhecem a autoridade na Escócia de Eduardo I, da Inglaterra. Em 1497, Américo Vespúcio parte de Cádiz em sua primeira viagem ao Novo Mundo. Em 1768, John Wilkes é preso por ter escrito um artigo para The North Briton criticando severamente o rei Jorge III, prisão que provocou manifestações em Londres. Portador de estrabismo convergente, Wilkes (1725-1797) foi jornalista e político radical inglês notabilizado por ter obtido, em 1771, o direito de os jornalistas e editores publicarem, verbatim, os debates parlamentares.

Jorge III do Reino Unido, George William Frederick (1738-1820), reinou a partir de 1760. Ficou maluco da cabeça em seus últimos anos de vida, fato que seus médicos atribuíam à porfiria, que, sabe o leitor e só aprendi agora, é doença hereditária caracterizada por distúrbio no metabolismo das porfirinas, cada um de um grupo de compostos nitrogenados, formados por quatro pirróis covalentemente ligados em um anel, que ocorrem no protoplasma e constituem a base dos pigmentos respiratórios de animais e plantas.

Hoje é o Dia da Cozinheira, do Guia de Turismo e da Arma de Cavalaria do Exército Brasileiro.


Ruminanças

“Comer carne de cavalo é antropofagia” (R. Manso Neto).

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