sexta-feira, 10 de maio de 2013

Estudo acha 'interruptor' ligado a parkinson

folha de são paulo

MARIANA LENHARO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um dos problemas que predispõem à doença de Parkinson é a falha de uma proteína chamada parkin, que atua como uma espécie de faxineira das células. Até hoje, seu funcionamento não era bem conhecido, por isso não serve como base para tratamentos. Agora, cientistas descobriram o mecanismo que leva à inativação dessa molécula e de que maneira ela pode ser reativada.
Os resultados, concluídos por cientistas da Universidade McGill, no Canadá, podem conduzir à descoberta de tratamentos que levem em conta o caráter neuroprotetor da proteína. A pesquisa foi publicada na revista "Science".
A inativação da parkin é um fenômeno comum em pessoas com mutações no gene PRK2. Mas a maioria dos pacientes com parkinson, mesmo os que não têm mutações conhecidas, têm algum grau de mau funcionamento dessa proteína.
Para chegar a esse resultado, cientistas analisaram a molécula parkin em sua forma inativada em tecido de rato. A análise foi feita com a ajuda de um raio-x especial, que além de mostrar quais são as ligações que levam a essa inativação, possibilitou revertê-la, como em um interruptor molecular.
"A estrutura que os pesquisadores conheceram melhor pode explicar por que em alguns momentos a proteína está funcionando e em outros não. E chegar a substâncias capazes de ativar a parkin", diz o neurologista Henrique Ballalai, vice-coordenador do Departamento Científico de Transtornos do Movimento da ABN (Academia Brasileira de Neurologia).
A neurologista Margarete de Jesus Carvalho, coordenadora do Ambulatório de Parkinson da Faculdade de Medicina do ABC, explica que a parkin faz parte de um sistema de limpeza que serve para remover pedaços de proteínas que se acumulam de maneira tóxica no interior das células nervosas. "Se não tem essa faxina, a proteína se acumula no neurônio, levando à sua morte."
Atualmente, o tratamento de parkinson baseia-se em remédios que repõe a dopamina do organismo, de acordo com o neurologista André Felício, da ABN. Essa substância é produzida, em pessoas saudáveis, pelos neurônios que são afetados pela doença.
Trata-se, portanto, de um tratamento paliativo. Segundo ele, cientistas estão explorando cada vez mais esse viés de pesquisa. Outro estudo divulgado esta semana demonstrou que o aumento da expressão da proteína parkin em moscas aumentou a longevidade dos insetos.
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