ZERO HORA - 23/06/2013
Sou
gamada pelos filmes Antes do Amanhecer e Antes do Pôr-do-Sol. Ambos, na
época, me inspiraram crônicas, e não seria diferente agora com a obra
que, acho eu, encerra a trilogia, Antes da Meia-Noite, a maior DR
cinematográfica recente. Não tão bom quanto os filmes anteriores, mas
bom também, agora o casal protagonista, Jesse e Celine, enfrenta uma
crise conjugal clássica.
Qualquer pessoa que tenha vivido uma
relação de mais de um ano - vá lá, dois anos - já protagonizou cenas
quase idênticas. Somos todos iguais, o que me estarrece, visto que a
charmosa Celine, que conquistou aquele guapo no primeiro filme da série e
o fez perder o rumo de casa no segundo, se transformou na Maior Chata
da História, assim mesmo, com maiúsculas. E o que é pior: essa Maior
Chata da História, ai, é meio parecidinha conosco.
Celine pira.
Faz perguntas inibidoras para o marido, numa tentativa de encurralá-lo
nas próprias palavras. Busca sempre alguma entrelinha por trás do que o
coitado do marido ousou falar. Tira conclusões estapafúrdias pela
própria cabeça, faz drama por qualquer bobagem, não sabe se vai ou se
fica. É o capeta travestido de mulher. Se você já assistiu ao filme,
duvido que não tenha se identificado com pelo menos 10 minutos da
histrionice da personagem, e estou sendo generosa, poderia
tranquilamente falar aqui em identificação de meia-hora - ainda sendo
generosa.
Não que os homens sejam santos. Eles azucrinam. São os
garotos de 12 anos que não crescem, como admitiu semana passada o David
Coimbra, que sabe tudo. Ainda assim, nada justifica nossa aporrinhação.
Mulher é bicho tremendamente chato. Umas mais, outras menos. Rogo a
Deus que eu esteja entre as menos. Por via das dúvidas, não perguntem
aos meus ex.
O que nos absolve (um pouco) é que a intenção é das
melhores: só queremos limpar a área, clarear os problemas. Falamos,
falamos, falamos, mas no fundo sonhamos com a paz do entendimento. Por
isso, não nos cobrem, não nos façam de tolas, não nos sobrecarreguem:
entendam que a paciência esgotou, não somos as mães universais, as
eternas boazinhas e compreensivas, isso já deu. Mas precisamos
transmitir esse nosso “deu” com menos verborragia, concordo.
Pra
não terminar essa crônica ressaltando apenas a chatice feminina,
destaco uma frase do filme que aponta uma saída. Diz um personagem
secundário: “o amor que sentimos por alguém não é o mais importante, o
que interessa é o amor que sentimos pela vida”. Sábias palavras. Se o
casal concorda que a vida é breve e merece ser apreciada com alegria e
generosidade, sem valorização das encrencas, sem perpetuar traumas de
infância, sem pensamentos estreitos, sem nenhuma espécie de rigidez, a
relação poderá vir a ser um passeio no campo. Ame a vida, e meio caminho
andado para um romance leve.
Mas, claro, ajudará muito se nós, gurias, controlarmos a nossa doidice nata.
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