Estado de Minas: 23/06/2013
Se o que tonifica a
democracia é a participação da coletividade, esta semana estamos
assistindo a um espetáculo como há muito não se via no país. Depois das
Diretas Já e dos caras-pintadas esta é a maior manifestação de
insatisfação declarada e organizada.
Justa e bonita manifestação pacífica, exceto pelos baderneiros que a transformam em guerrilha urbana e violência. E só fazem atrapalhar o recado expresso pelo povo brasileiro contra muitas coisas que não andam bem no país.
Se por um lado é lícito e conveniente se manifestar contra aumentos de preços dos transportes públicos precários, de péssima qualidade, venhamos e convenhamos, os R$ 0,20 foram a gota d’água. A coisa é muito maior, e explodiu.
Estamos tão acostumados com o tratamento indigno recebido dos nossos políticos, reclamamos tanto na impotência, perdemos a capacidade crítica por muito tempo. E ver o despertar da população, mesmo que haja excessos, é melhor do que acreditar que estamos robotizados ou anestesiados num tipo de alienação próximo da catatonia. A ira santa é bem-vinda e justa em casos em que o limite foi deixado para trás, ultrapassando o aceitável.
É bom ver o país reagir contra dirigentes que gastam mal o dinheiro dos impostos pagos pela população, e que deveriam trabalhar para seus pagadores e não fazem isso. Fiquei muito impressionada quando, na abertura da Copa das Confederações, a presidente Dilma foi vaiada. Confesso, não esperava.
Lembrei-me logo depois de pensar um pouco que copa não é jogo para o povão, mas para estrangeiros e ricos. Além disso, num país que investe mal e porcamente na educação e na saúde efetivas para a população, assistir a bilhões escoarem em estádios é uma inversão de valores considerável.
A vaia, bem como as manifestações, demonstra a insatisfação do povo contra o governo da presidente Dilma, não por causa de centavos, mas pela saúde, educação, corrupção. Também pelo retorno da inflação negada, pela PEC 37, pretendendo retirar o Ministério Público de sua função investigativa, o avanço da bancada evangélica com retrocessos como o projeto de lei do deputado Henrique Afonso (PT-AC) e outros abusos.
O deputado é redator do texto do projeto de lei que propõe o que tem sido chamado de “bolsa-estupro” no projeto do Estatuto do Nascituro – texto que torna proibido no país o aborto em todos os casos (aprovado no Brasil desde 1940), as pesquisas com células-tronco, o congelamento de embriões e até mesmo as técnicas de reprodução assistida, oferecendo às mulheres com dificuldades para engravidar apenas a opção da adoção.
A proposta é tão equivocada que ainda prevê psicólogos para convencer as mulheres de levar a termo a gestação indesejada, ignorando o código de ética da profissão, que proíbe ao psicólogo no exercício de suas funções "induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual". Isso inclui a “cura gay” do infeliz Feliciano.
Muitos evangélicos fundamentalistas se acreditam a encarnação do próprio Todo-Poderoso, julgando e condenando seus semelhantes. Segundo os preceitos do próprio cristianismo, não cabe a ninguém o julgamento do outro. Parece que se esqueceram do livre-arbítrio. São tantos os motivos para insatisfação que culminaram na insatisfação geral da nação. Espero que o recuo no aumento do transporte não cale tudo mais.
São tantas as reivindicações feitas pelo povo brasileiro hoje nas ruas, deixando a presidente sem saída, a não ser escutar, até pelo seu passado de militância. E aos políticos, que deveriam nos representar, vai o recado de que não atendem nossos anseios cívicos. E que a política partidária não nos representa mais nem resolve problemas cruciais da sociedade brasileira. Creio que seja este o ponto central a ser revisto.
Cabe a todos, agora, a escuta e o acolhimento dessas demandas de mudança, embora difusas por tantas causas, justas e patrióticas. Um movimento que, sem sombra de dúvida, representa o verdadeiro desejo do povo brasileiro.
Justa e bonita manifestação pacífica, exceto pelos baderneiros que a transformam em guerrilha urbana e violência. E só fazem atrapalhar o recado expresso pelo povo brasileiro contra muitas coisas que não andam bem no país.
Se por um lado é lícito e conveniente se manifestar contra aumentos de preços dos transportes públicos precários, de péssima qualidade, venhamos e convenhamos, os R$ 0,20 foram a gota d’água. A coisa é muito maior, e explodiu.
Estamos tão acostumados com o tratamento indigno recebido dos nossos políticos, reclamamos tanto na impotência, perdemos a capacidade crítica por muito tempo. E ver o despertar da população, mesmo que haja excessos, é melhor do que acreditar que estamos robotizados ou anestesiados num tipo de alienação próximo da catatonia. A ira santa é bem-vinda e justa em casos em que o limite foi deixado para trás, ultrapassando o aceitável.
É bom ver o país reagir contra dirigentes que gastam mal o dinheiro dos impostos pagos pela população, e que deveriam trabalhar para seus pagadores e não fazem isso. Fiquei muito impressionada quando, na abertura da Copa das Confederações, a presidente Dilma foi vaiada. Confesso, não esperava.
Lembrei-me logo depois de pensar um pouco que copa não é jogo para o povão, mas para estrangeiros e ricos. Além disso, num país que investe mal e porcamente na educação e na saúde efetivas para a população, assistir a bilhões escoarem em estádios é uma inversão de valores considerável.
A vaia, bem como as manifestações, demonstra a insatisfação do povo contra o governo da presidente Dilma, não por causa de centavos, mas pela saúde, educação, corrupção. Também pelo retorno da inflação negada, pela PEC 37, pretendendo retirar o Ministério Público de sua função investigativa, o avanço da bancada evangélica com retrocessos como o projeto de lei do deputado Henrique Afonso (PT-AC) e outros abusos.
O deputado é redator do texto do projeto de lei que propõe o que tem sido chamado de “bolsa-estupro” no projeto do Estatuto do Nascituro – texto que torna proibido no país o aborto em todos os casos (aprovado no Brasil desde 1940), as pesquisas com células-tronco, o congelamento de embriões e até mesmo as técnicas de reprodução assistida, oferecendo às mulheres com dificuldades para engravidar apenas a opção da adoção.
A proposta é tão equivocada que ainda prevê psicólogos para convencer as mulheres de levar a termo a gestação indesejada, ignorando o código de ética da profissão, que proíbe ao psicólogo no exercício de suas funções "induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual". Isso inclui a “cura gay” do infeliz Feliciano.
Muitos evangélicos fundamentalistas se acreditam a encarnação do próprio Todo-Poderoso, julgando e condenando seus semelhantes. Segundo os preceitos do próprio cristianismo, não cabe a ninguém o julgamento do outro. Parece que se esqueceram do livre-arbítrio. São tantos os motivos para insatisfação que culminaram na insatisfação geral da nação. Espero que o recuo no aumento do transporte não cale tudo mais.
São tantas as reivindicações feitas pelo povo brasileiro hoje nas ruas, deixando a presidente sem saída, a não ser escutar, até pelo seu passado de militância. E aos políticos, que deveriam nos representar, vai o recado de que não atendem nossos anseios cívicos. E que a política partidária não nos representa mais nem resolve problemas cruciais da sociedade brasileira. Creio que seja este o ponto central a ser revisto.
Cabe a todos, agora, a escuta e o acolhimento dessas demandas de mudança, embora difusas por tantas causas, justas e patrióticas. Um movimento que, sem sombra de dúvida, representa o verdadeiro desejo do povo brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário