Cresce a adesão de artistas ao financiamento coletivo de CDs e shows
Carolina Braga
Estado de Minas: 20/06/2013
Faltavam poucas horas para o fim da
campanha que viabilizaria o primeiro show da cantora Bárbara Eugênia em
Belo Horizonte. Menos de 10 cotas pendentes na plataforma colaborativa
Variável 5 ameaçavam a “missão”. Tudo poderia se perder, se não fosse o
engajamento da própria artista. “Alguém me contou. Fui lá e comprei
seis. Outra pessoa ficou com a última”, conta a paulistana, que não via a
hora de se apresentar em BH.
Marcado para amanhã à noite, no
Granfino’s, o lançamento de É o que temos, o segundo disco dela, só se
tornou possível graças ao apoio de 160 fãs, que adquiriram ingressos
antecipadamente. Sites de financiamento coletivo – o chamado
crowdfunding – vêm se tornando mecanismo essencial tanto para a produção
como para a circulação da música independente.
“Está difícil
para todo mundo. Essa solução é importante para a gente”, afirma Rodrigo
Magalhães, baixista da banda A Fase Rosa. Graças à ajuda de 120 fãs, o
disco Homens lentos foi lançado em abril com show debaixo do Viaduto
Santa Tereza, em BH. “Queríamos fazer evento na rua, de graça, em um
lugar com tudo a ver com o conceito do disco. Para isso, teríamos que
gastar uma grana praticamente impossível para a gente”, lembra. Como se
tratava de evento gratuito, os “patrocinadores” tiveram direito a show
exclusivo.
“Crowdfunding é algo muito inicial no Brasil. Na
prática, a força disso é muito grande”, avalia Ana Alyce Ly, uma das
idealizadoras do Variável 5. Segundo ela, é crescente o número de
pessoas que aderem ao movimento depois de perceber que o mecanismo é
viável, legal e dá certo.
Criada em setembro do ano passado, a
iniciativa mineira no universo das “vaquinhas” só não conseguiu cumprir a
missão inaugural: o show de Leo Cavalcanti, Pélico e Phillip Long.
“Analisamos vários erros e fomos nos adequando”, reconhece Ana Alyce.
Uma das mudanças foi adaptar o número de cotas à realidade de BH. Lição
nº 1: vender meia casa antecipadamente é sonho.
Boa surpresa
Em
menos de um ano, a plataforma Variável 5 trouxe à capital mineira o
paulista Jair Naves e viabilizou o lançamento do EP Pacífico, da banda
Constantina. “Sinceramente, não pensei que seria uma experiência
bem-sucedida por não ter ideia do público que teria em BH. Fiquei
surpreso e feliz”, diz Jair, que já estuda a possibilidade de encarar
outras empreitadas. “Vejo no crowdfunding uma estratégia de
sustentabilidade”, afirma o músico Daniel Nunes, do Constantina.
Os
números da plataforma nacional Catarse.me comprovam o sucesso da
empreitada. A música, sobretudo independente, é a área mais badalada.
Dos 267 projetos, 145 foram bem-sucedidos. Cerca de 18,5 mil apoiadores
contribuíram com R$ 1,7 milhão.
Foi exatamente no Catarse.me que
a cantora mineira Marina Machado tomou conhecimento da iniciativa do
cantor e compositor Pablo Castro para finalizar seu primeiro disco solo.
“Pensei: quem sabe é uma coisa bacana de se fazer?. Aí, resolvi
entrar”, conta Marina.
Se Pablo conseguiu 179 apoiadores para
prensar e lançar o CD, Marina entrou na onda para viabilizar o show de
lançamento do disco Quieto um pouco do jeitinho que ela pensou. “Gosto
do palco e quero levar uma coisa alegre para lá. A ideia é vender
antecipadamente, para pagar o pessoal. Vivemos de arte e não posso ficar
pedindo: ‘Fulano, me dirige de graça, faz o cenário de graça’”, diz.
Marcado para 19 de julho, no Teatro Bradesco, o show terá direção de
Rodolfo Vaz e Fernanda Vianna, atores do Grupo Galpão.
Marina
espera arrecadar R$ 8 mil até 12 de julho. Os colaboradores podem
adquirir cotas a partir R$ 20. Cada uma dá direito a “produto”
diferente. Além do CD, são oferecidos caderno com letras e cifras,
ingressos e outros mimos.
Por sua vez, a banda instrumental
Dibigode lançou campanha no Catarse para arrecadar R$ 6 mil. O objetivo é
complementar o orçamento da primeira viagem dos músicos para os Estados
Unidos. A meta foi alcançada bem antes do esperado.
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