BASTIDORES: Fernando Gallo e Julia Duailibi
Estado de S.Paulo - 20/06/2013
Isolado e pressionado peloPTe abandonado
pelo governo federal, o prefeito
Fernando Haddad foi levado a recuar
da decisão de manter o reajuste na
tarifa de ônibus. Nos últimos dias, vinha
sendo instado por dirigentes doPTno
Estado e na capital a rever o aumento e
evitar mais desgaste político.Opetista
tambémviu frustrada, na noite de anteontem,
a expectativa deumgesto de
boa vontade da presidente Dilma Rousseff
que permitisse revogar o aumento
semprejuízo das contas da Prefeitura.A
presidente conversoucomo prefeito,
masnão sinalizou nada de concreto.
Haddad ficou abalado com as cenas
de depredação na cidade e com amanifestação
na frente da sua casa na véspera.
Contudo, ainda estava disposto a resistir.
Na manhã de ontem, viu o presidente
da Câmara, o também petista José
Américo, aliar-se ao comunista Orlando
Silva para cobrar o recuo, durante
reunião dos seus conselheiros políticos.
Haddad manteve sua posição. Chegou a
afirmar que esperava por “novas desonerações”
do governo federal e teve o
apoio da maioria do conselho, que disse
para ele “não ceder a chantagens”.
A resistência durou até o final da manhã,
quando chegou a dizer que a redução
seria “uma decisão de caráter populista”.
Mas o cenário continuava ruim, e
o petista, cada vez mais isolado.Oprefeito
do Rio, Eduardo Paes (PMDB), telefonou
para Haddad. “Eu não vou aguentar”,
disse o colega carioca ao informar
que anunciaria a redução da passagem.
À tarde, oministro da Fazenda, Guido
Mantega, jogou o prefeito à própria sorte
ao afirmar que o governo “não tinha
condições” de anunciar novas desonerações
para o setor de transporte.
Haddad jogou a toalha e telefonou para
o governador Geraldo Alckmin
(PSDB) pedindo uma reunião. Para o
petista, o tucano disse que o cenário
não mudaria enquanto não houvesse
diminuição das tarifas. Mas a situação
do governo do Estado era mais fácil.O
recuo custa a Alckmin R$ 210 milhões
por ano. Para Haddad, o valor do subsídio
das passagens de ônibus duplicará,
chegando a R$ 2,7 bilhões em 2016. Após
alguns dias de troca de acusações, principalmente
em razão da ação daPMna
manifestação de quinta-feira, a mais violenta
de todas, tucano e petista afinaram
o discurso. E, sem ajuda do governo
federal, optaram por colher benefícios,
principalmente eleitorais, do recuo.
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