segunda-feira, 17 de junho de 2013

Eduardo Almeida Reis - Pastar não é preciso‏


Estado de Minas: 17/06/2013 


O plantio do gramado no Maracanã suscita o assunto grama, do latim gramma “relva”, substantivo feminino, e não o substantivo masculino do grego grámma, atos “sinal gravado, letra, 24ª parte da onça”, pelo latim gramma, átis, bem como os temas correlatos.

No turfe, gramático é o animal que se dá melhor correndo em pista gramada. No dia a dia, é indivíduo que conhece bem gramática; especialista em gramática, autor de gramática, indivíduo que esclarece dúvidas sobre gramática, indivíduo que contribui para a descrição e o conhecimento de uma língua, estudando e propondo novas análises e regras de uso para determinados aspectos daquela língua; linguista, filólogo.

Essa verborragia lexical tem explicação: me ajuda a pagar os charutos. Só aí nos dois primeiros parágrafos foram 103 palavrinhas. Isto posto, vamos à grama do Maraca. O último gramado que plantei tinha 4.360 metros quadrados, a metade de um campo de futebol. Plantei é maneira de dizer: contratei o sujeito que levou um caminhão de grama-batatais (Paspalum notatum), também conhecida como grama-forquilha.

Durante meses tivemos tiririca à beça, mas o corte semanal da forquilha acabou com o tirirical, praga danada na roça. O gramado ficou bonito e também podia ter sido plantado diretamente, mas comprando aos pedaços mais ou menos quadrados foi mais rápido.

O vendedor de grama-batatais retira os quadrados de fazendas naturalmente gramadas em Paspalum notatum, pasto que tem o grave defeito de secar e dar às de vila-diogo durante cinco meses por ano. Vendendo a grama com a camada de terra que vem por baixo, o vendedor vai chegar ao Japão, se não torrar no meio do caminho em temperaturas que dizem orçar pelos 5.000 graus C. Onde se lê “dizem”, leia-se “o abençoado Google”.

No gramado carioca plantou-se grama que não conheço, antes plantada no interior do RJ, retirada aos rolos por máquinas especiais, levada de caminhão e plantada também por máquinas especiais. Dizem os técnicos que o sistema de irrigação e drenagem é o mais adiantado do mundo: tomara. O futebolzinho que está sendo jogado no Rio é que não me parece grande coisa, feita a ressalva de que nada entendo de futebol, o que significa dizer que manjo tanto quanto os sujeitos que dizem entender. Passem bem e muito obrigado.

Noticiário
Vivo ameaçando parar de ver o noticiário noturno, que não pode fazer bem à saúde de um philosopho. Vai daí que dei para tirar o som, pelo menos o som, da maioria das notícias que se repetem durante os dias e ao longo das semanas. Um exemplo: o incêndio da Boate Kiss. Aquilo não foi um incêndio acidental, mas um crime. E o número de assassinados se aproxima dos 250. Pode?

Noite dessas, além do tornado de Moore, em Oklahoma City, fenômeno natural, tivemos caso espantoso numa cidade paulista próxima de Ibiúna. Senhora de bom aspecto, de 36 anos, casada com um vendedor de 44, mantinha romance com um pugilista de 39: ménage à trois, arranjo segundo o qual três pessoas (por exemplo, um casal mais um ou uma amante) compartilham relações sexuais e/ou amorosas, especialmente morando juntas (num só ménage). Acabo de aprender que ménage significa vida caseira, lar, mobiliário da casa, casal, família. Faire bon ménage é o que falta à maioria dos casais: “Viver em harmonia”.

Relação complicada no ménage à trois paulista já teria feito o casal perder a guarda de dois filhos. Mas havia gêmeas de 3 aninhos, irmãs por parte de pai da tal senhora de 36 anos. Que fez a paulista do ménage? Levou as irmãs gêmeas para sua casa e as incluiu no festim sexual, com direito a filmagem que espantou um delegado paulista: “Em 20 anos de polícia, nunca vi nada parecido”.

Isso tudo, senhoras e senhores do Egrégio Conselho, no estado mais rico da federação e no ano de 2013. Dá para aceitar esse tipo de notícia? Claro que faz mal à saúde. Não é possível que, depois de um dia de trabalho decente, um cavalheiro se assente (rimou!) diante do televisor para ver esse noticiário e conviver com avaliações do gênero: “Não há notícia de vítimas”, durante a transmissão, ao vivo e em cores, do estrago feito pelo tornado americano.

Ora, bolas: bairros inteiros sumiram do mapa. Todos os que residiam por ali perderam tudo: claro que são vítimas, como também era evidente que, diante do estrago, surgiriam dezenas de mortos e feridos. E o molho das tragédias e dos crimes foi dado pelos brasileiros mortos na queda de um balão na Capadócia, Turquia, sobretudo e principalmente para um philosopho que, em janeiro do corrente ano, teve duas filhas passeando naqueles balões, naquela mesma Capadócia, com a seguinte agravante: em voo, a temperatura era de 15 graus abaixo de zero.

 O mundo é uma bola
17 de junho de 1429: Joana D’Arc e seu exército vencem a Batalha de Beaugency. Em 1631, Mumtaz Mahal (1593-1631) morre do parto de seu 14º filho. Seu marido, Shah Jahan, imperador do Império Mongol, levaria 20 anos construindo o mausoléu da amada Mumtaz, o Taj Mahal.

Hoje é o Dia do Funcionário Público Aposentado.

Ruminanças
“O instante em que nascemos já é um passo para a morte” (Voltaire, 1694-1778).

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