LUCAS NOBILE
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Com 77 anos completados na última sexta, Wilson das Neves, exímio frasista e um dos bateristas mais requisitados do país, segue com a mesma receita de quando iniciou sua carreira, no começo dos anos 1950: fazer música sem grandes invenções.
"Não tenho compromisso com coisa nenhuma. Uma coisa que não faço muito é invenção. Acho que a música é a voz da alma. A minha música não tem pirotecnia, não tem foguete."
É dessa maneira que ele sintetiza seu mais recente álbum, lançado recentemente com o título "Se me Chamar, Ô Sorte", que segue a mesma linha de seus discos anteriores: sambas elegantes com melodias bem elaboradas e letras interessantes.
Daryan Dornelles/Divulgação | ||
Wilson das Neves, 77, ao lado de seu bisneto João, 4, que inspirou letra de Chico Buarque para o novo álbum do sambista |
O nome do álbum, o quarto de Das Neves como cantor, faz referência à expressão "ô, sorte" --institucionalizada por ele no meio do samba, quando se quer agradecer algo e se mostrar um privilegiado. A expressão surgiu nos anos 1970 em diálogo com o sambista Roberto Ribeiro (1940-1996).
"Com ele, essa história tinha eco. Ele morreu, e eu fiquei falando sozinho", diz Das Neves, cria da escola de samba Império Serrano, do Rio.
Aluno do maestro pernambucano Moacir Santos (1926-2006) e baterista da banda de Chico Buarque há mais de 30 anos --além de ter tocado com nomes como Caetano Veloso, Elis Regina, Clara Nunes, Elza Soares e Sarah Vaughan--, o músico mostra novamente ser um privilegiado em seu disco recente.
PARCEIRO DE SORTE
A "sorte" do artista é justificada não só pela quantidade mas também pela qualidade do time de parceiros e arranjadores do disco.
Entre os nomes com quem o sambista --que também integra a Orquestra Imperial-- compôs para este disco estão Cláudio Jorge (violonista de Martinho da Vila e parceiro de Das Neves na faixa que batiza o novo álbum), Toninho Geraes e Vitor Bezerra.
Wilson das Neves também assina parcerias com compositores que dispensam apresentações no universo do samba, como Nelson Sargento, Délcio Carvalho e Luiz Carlos da Vila.
Ainda completam o time Paulo César Pinheiro --parceiro mais constante dele, com quem assina seis faixas-- e Chico Buarque.
Assim como a variação de parceiros, a diversidade de arranjadores volta a aparecer em um álbum de Das Neves.
Além de Luiz Cláudio Ramos, Cláudio Jorge, Jorge Helder, João Rebouças e Zé Luiz Maia --que já tinham trabalhado com o sambista em seus discos anteriores--, assinam arranjos Bia Paes Leme e Vittor Santos.
"Se pudesse, eu ainda faria com mais pessoas. Todos querem fazer arranjos para mim. Não gosto das coisas padronizadas", diz o músico.
Bisneto do cantor inspira parceria com o "chefe"
DE SÃO PAULOBaterista de Chico Buarque há mais de 30 anos, Wilson das Neves assinou nova parceria com o "chefe". A primeira, "Grande Hotel", fora registrada no disco "O Som Sagrado de Wilson das Neves" (1996).No penúltimo CD do músico, "Pra Gente Fazer Mais um Samba" (2010), Chico rasgou elogios ao parceiro no encarte.
Desta vez, Chico compôs "Samba Para o João", em homenagem ao bisneto do amigo sambista."Ele fez essa música como se eu estivesse passando o instrumento para o meu bisneto", diz Das Neves.
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