Estudo conclui que, depois dos 55, cada ano trabalhado corresponde, em média, à perda de dois anos de vida
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 28/06/2013
No fim do século e do milênio passados
Roldão Simas Filho adquiriu o livro Os sofrimentos do jovem Werther, de
Goethe, com introdução e tradução direta do alemão por Ary de Mesquita,
6ª edição, Ediouro.
Atribui-se a esse livro um fenômeno
psicossocial chamado Efeito Werther, a onda de suicídios na Europa
quando Goethe publicou seu livro. É por isso que hoje a imprensa
escrita, falada e televisada evita noticiar suicídios. Há evidente
relação entre a notícia de um suicídio e o aumento de número de
autocídios nos dias seguintes.
Roldão comenta: “Se o emprego de
palavras arcaicas numa tradução contemporânea, a título de preservar a
fidelidade ao texto original, escrito há séculos, é algo bastante
discutível, não há justificativa para utilizar nas notas introdutórias
termos desusados, como fez o tradutor. Eis alguns exemplos (há muitos
outros): albarde, altívolo, ancípite, arrepsia, assovelava, bailiado,
bailio, barbiponente, cairelados, chantar, conjúgio, conturbérnio,
crástino, cunctatória, denteragonistas, desútil, donear, elastério,
encarentar, encíclicas, entrepresa, epidítico, grima, latíbulo, molímem,
mulíebre, intente, pantólogo, pátulo, pervicácia, polímata, propínquo,
recursar, semota, sinceriais, socornava, vafúcia, vinolento, xiruz,
zurzir”.
Será verdade?
Corre na
internet um texto sobre o tempo médio que as pessoas vivem depois que se
aposentam. Nele, com a cautela indispensável a tudo que nos chega pela
rede, leio que os fundos de pensão de grandes empresas como a Boeing, a
Lockheed Martin, a AT&T e várias outras foram beneficiados, porque
muitos dos que se aposentaram tarde, por volta dos 65 aninhos, morreram
dois anos depois. Resumindo: não viveram tempo suficiente para receber
os benefícios de suas contribuições, deixando superávit nos fundos de
pensão para financiamento de terceiros.
Dados coletados por um
suposto Dr. Efrém Cheng (há que desconfiar da internet), baseados nos
cheques encaminhados aos aposentados pela Boeing, estabeleceram a
relação entre a idade ao aposentar-se e o tempo de vida. Exemplo:
(49,9-86), isto é, o funcionário se aposentou com 49 anos e nove meses e
morreu, em média, aos 86 anos. Aqui vão os outros números: (51,2-85,3),
(52,5-84,6), (55,1-83,2), (56,4-82,5), (57,2-81,4), insisto na
explicação: em média, os que se aposentaram com 57 anos e dois meses
morreram aos 81 anos de quatro meses.
É muito chato copiar todos
esses números. Portanto, vou logo para o fim da lista: aqueles que se
aposentaram com 64 anos e um mês morreram, em média, com 67 anos e nove
meses. Os que se aposentaram aos 65 anos e dois meses morreram,
coitados, com 66 anos e oito meses. Tiveram, em média, pouco mais que um
ano de aposentadoria.
O estudo conclui que, depois dos 55, cada
ano trabalhado corresponde, em média, à perda de dois anos de vida. A
experiência da Boeing é a de que os funcionários aposentados com 65 anos
recebem seus cheques de pensão durante 18 meses. Na Lockheed, os que se
aposentam com 65 recebem suas pensões durante 17 meses, antes da
choradeira dos velórios. Na Ford Motor e na Bell Labs os números são
muito parecidos com os da Boeing e da Lockheed.
Depois de
diversas considerações sobre o envelhecimento do corpo e da mente pelo
estresse dos que continuam trabalhando, pequeno trecho do imenso estudo
põe luz no fim do túnel ao admitir que os precocemente aposentados
“continuam fazendo algum tipo de trabalho” e “têm o luxo de escolher os
tipos de trabalho /.../ para que não fiquem muito estressados”.
Encucado
com o estudo, que recebi por e-mail de um amigo, acho que consegui
matar a charada no que diz respeito ao autor destas muitíssimo bem
traçadas: em verdade, não trabalho. Aposentei-me aos 52 e desde então
passo 10 horas por dia me divertindo neste computador.
Diz o
estudo que o melhor período na vida profissional dura aproximadamente 10
anos a partir dos 32. E que “o local de trabalho altamente produtivo e
eficiente nos EUA é uma panela de pressão e um campo de batalha de alta
velocidade /.../ para a capacidade altamente criativa e dinâmica dos
jovens dispostos a competir e prosperar”.
T’esconjuro!
Continuo
defendendo a tese de que as aposentadorias deveriam ser proibidas por
lei. Junte-se o fato de que panelas de pressão, nos EUA, podem terminar
em explosões na Maratona de Boston. Tenho dito e philosophado.
O mundo é uma bola
28
de junho de 1360: após assassinar seu cunhado Ismail II, Muhammed VI se
torna o décimo rei nasrida de Granada, para reinar até 1362. Obrou
muitíssimo bem ao matar Ismail II: cunhados não são flores que se
cheirem. Mortos e enterrados, liberam as cunhadinhas para copiosa
libertinagem sempre do agrado de homens sérios.
Em 1635 Guadalupe
se torna colônia da França; forte coisa, como dizia minha trisavó. Em
1762, depois de um golpe de estado que retira do poder o tzar Pedro III,
sua amada esposa, a grã-duquesa Catarina, sobe ao trono como Catarina
II e passa à história como Catarina, A Grande.
Peter III Poccuu
Pyotr Fyodorovich foi tzar durante seis meses, tinha cara de fuinha e
consta que a conspiração foi liderada pela querida Catarina, sua prima
em segundo grau.
Ruminanças
“Outrora,
os melhores pensavam pelos idiotas; hoje, os idiotas pensam pelos
melhores. Criou-se uma situação realmente trágica: ou o sujeito se
submete ao idiota ou o idiota o extermina.” (Nelson Rodrigues,
1912-1980)
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