MEMÓRIA
DO "NEW YORK TIMES"Helen Thomas, que morreu anteontem aos 92 anos em Washington, era uma repórter de curiosidade aguda, garra irrefreável e persistência que fizeram dela não só uma jornalista famosa, mas uma vanguardista quando os correspondentes da Casa Branca eram, na maioria, homens.Cobriu todos os presidentes dos EUA de John Kennedy a Barack Obama, primeiro para a United Press International e, depois, para a cadeia de jornais Hearst.
Entre os colegas, era uma chefe informal, mas inconteste, cujo status era ratificado pelo bordão com que encerrava entrevistas coletivas: "Obrigada, sr. presidente".
"Helen foi pioneira, abriu caminhos e rompeu barreiras para as mulheres", disse Obama em nota. "Nunca deixou de manter os presidentes --inclusive eu-- na linha."
Suas perguntas diretas a tornaram conhecida em todo o país, e presidentes aprenderam a respeitar e até a gostar da franqueza e da energia que a mantiveram ativa muito além da idade em que a maioria se aposenta.
Em sua primeira entrevista coletiva, Obama a chamou: "Helen, estou animado. Esta é minha posse real".
Mas, 16 meses depois, Thomas anunciou sua aposentadoria, em meio a um alarido após ela dizer, em um evento, que "os judeus deviam cair fora da Palestina".
Ao fazer o anúncio, a repórter, cujos pais vieram do Líbano, lamentou e disse que esperava a chegada da paz com "respeito e tolerância mútuos" no Oriente Médio.
A carreira de Thomas começou em 1943, um ano após graduar-se em letras na atual Wayne State University de Detroit, como redatora de rádio da United Press (depois UPI).
Quando a maioria das jornalistas estava limitada ao colunismo social e aos cadernos femininos, no meio dos anos 50 ela já cobria as intrincadas agências do governo.
Seguiu a campanha de Kennedy em 1960 e, quando ele foi eleito presidente, virou a primeira mulher a cobrir a Casa Branca em tempo integral para uma agência.
Conhecida por trabalhar muito, conquistou entrevistas exclusivas e fontes. Foi a única mulher, na imprensa escrita, a acompanhar Richard Nixon à China em 1972.
Em 1971, casou-se com o colega Douglas Cornell, 14 anos mais velho, que morreria em 1982. Publicou cinco livros, além de um infantil.
Em 2000, deixou a UPI e pouco depois se tornou colunista da Hearst, onde era uma crítica do governo de George W. Bush e permaneceu até a aposentadoria. Em entrevista ao "Times", em 2006, concluiu, sobre seu estilo: "Não existem perguntas ríspidas."
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