Novo Houaiss vê comunicação como "o léxico do século 21"
É um processo tecnológico que "mudou o mundo", diz autor
Neiva acrescenta em entrevista que "muita gente nas ciências humanas vê comunicação como secundária, por exemplo, à estrutural social, para os sociólogos".
Mas não para o brasileiro professor da Universidade do Alabama, em Birmingham, nos EUA. "Eu digo que é central, por ser uma atividade humana fundamental e um processo tecnológico que se espalhou tão rapidamente que mudou o mundo."
A própria comunicação mudou. Ele foi diretor do departamento na PUC-RJ e conhece a trajetória do currículo. "Você tinha curso fundamental, de teorias, e tinha as profissões, jornalismo, publicidade, cinema. Essas categorias não valem mais."
Dá como exemplo o "New York Times", que introduziu os "Op-Docs". "São filmes, documentários de opinião. Agora as várias mídias convergem e, em um dicionário, você tem de cobrir tudo."
Segundo o autor, os dicionários da área costumam seguir caminhos específicos, "fundamentalmente profissionais ou teóricos", enquanto o seu busca reunir os dois.
Nas 608 páginas, o aspecto profissional ou prático está presente até em instrumentos triviais, como o lápis. "Todo o mundo sabe o que é, mas aí faço uma reflexão sobre como se estabeleceu, os processos. Também com o papel e assim sucessivamente."
A teoria surge em abordagens longas sobre Platão ou em verbetes inesperados como biologia, "mostrando que é um fato comunicacional". Já tópicos como "Times of India" e WikiLeaks traçam uma "geopolítica dos meios".
Buscando "o léxico do século 21", aborda extensivamente temas que vão do e-mail às redes sociais.
"É difícil entender este mundo que muda radicalmente", diz. "Por exemplo, as manifestações aqui no Rio. Eu fui às de 1968, do Edson Luís [estudante morto pela polícia]. Era um punhado de pessoas. Hoje você tem centenas de milhares. Por que a Globo anunciou? De jeito nenhum, ela está a reboque. O que houve? Rede social."
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