quarta-feira, 31 de outubro de 2012

"É amor e cobrança", afirma presidente da Petrobras, Graça Foster


"É amor e cobrança", afirma presidente da Petrobras, Graça Foster


PEDRO SOARES

DO RIO

A fama de exigente e durona não impediu a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, 59, de revelar, a uma plateia composta em sua maioria por mulheres, que chora tanto de alegria como de tristeza e que beija e abraça colegas de trabalho.

"Eu choro de alegria, de tristeza. Preciso me controlar para não chorar. Mas dificilmente chorei pelo trabalho. Choro pela felicidade [de realizar uma tarefa]", disse a executiva em um bate-papo no seminário Mulheres que Transformam.

Graça disse que é dura e cobra resultados, mas também abraça e beija pessoas próximas no trabalho. "Adoro beijar. Adoro abraçar, mas eu cobro muito. Cobro pelo bem da Petrobras. É amor e cobrança."

Tamanho nível de exigência tem como origem não o poder, mas, sim, o senso de responsabilidade que a função exige, segundo a executiva. Graça reconhece que nem sempre as cobranças são das mais amistosas. "Nem sempre falo nesse tom", disse, arrancando risos da plateia.

A mesma exigência, porém, ela aplica a si própria. "Acordo às 3h, às 4h e já pego o lápis e começo a traçar uma estratégia, uma solução."

O gosto por definir estratégias fez a executiva apreciar o futebol, esporte no qual vê uma analogia com gestão ainda outros valores corporativos como trabalho em equipe e motivação.

Botafoguense, Graça prefere ver os jogos sozinha no estádio, onde analisa estratégias e faz anotações.

Mãe de dois filhos e com uma neta, Graça Foster revelou ainda gostar de Beatles e Amy Winehouse.

Ouve música --outra atividade que prefere fazer só-- durante o breve almoço no escritório, enquanto come "um sanduíche ou uma salada".

Durante sua fala, a executiva só se mostrou saudosa de sua infância, passada no Complexo do Alemão, zona norte do Rio. "Tinha muitas privações, mas era muito feliz."

Também em um setor amplamente masculino, Siham Hassan, diretora de Gerenciamento de Informação da Anglo American nas Américas, diz que os maiores desafios "são o reconhecimento profissional quanto à capacidade de entregar projetos e à manutenção dos sistemas ou infraestrutura".

"Também vejo como desafio a compreensão e flexibilidade para o equilíbrio entre as tarefas de mãe, esposa e a carreira. Mas a cultura empresarial, muitas vezes, auxilia na quebra dessas barreiras quando existem políticas de RH e incentivos que proporcionem mais oportunidades", disse.

Apesar das dificuldades, a executiva afirmou não ter sofrido preconceito.

"Assim como em qualquer posição de gestão, é importante sempre entender o lado do outro com quem estamos nos relacionando, entender a cultura com a qual estamos lidando, de forma a saber como nos posicionar da melhor forma, independentemente do sexo."
Editoria de Arte/Folhapress

Há excesso de projetos para a internet no Brasil - Marcos Galperin [Mercado Livre]

FUNDADOR DO MERCADO LIVRE, MAIOR SITE DE COMÉRCIO ELETRÔNICO DA AMÉRICA LATINA, DIZ QUE PAÍS NÃO TEM SÓ OPORTUNIDADES
Divulgação
Marcos Galperin, em seu escritório, em Buenos Aires
Marcos Galperin, em seu escritório, em Buenos Aires
MARIANNA ARAGÃO
ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES

A abundância de empreendedores e investidores no mercado de internet brasileiro intriga o argentino Marcos Galperin, fundador e presidente do Mercado Livre, maior site de comércio eletrônico da América Latina em número de acessos.
"Parece-me que há um excesso de projetos. Qualquer americano ou europeu que teve uma namorada brasileira quer abrir uma 'startup'", comenta ele, em entrevista na sede da companhia, em Buenos Aires.
Não se pode acusar Galperin de pessimista. Em 1999, ele enfrentou o ceticismo de colegas e do mercado para criar o site. "Nove em cada dez me chamaram de louco."
Também não desistiu durante a bolha da internet, que devastou o mercado em 2000.
Mas, depois de 13 anos no Brasil, ele se diz consciente das dificuldades que o país oferece para quem empreende nessa área.
"O Brasil é um mercado muito grande, com logística e impostos complexos", diz.
Hoje, sua empresa é quase brasileira: cerca de 50% da receita, de US$ 300 milhões em 2011, vem do país.
Por isso, Galperin escolheu São Paulo para sediar hoje a primeira conferência brasileira para desenvolvedores.
Os criadores de aplicativos e softwares poderão desenvolver programas para a plataforma tecnológica do site, que será aberta a partir deste mês. A rede social Facebook e alguns serviços do Google, por exemplo, têm plataformas abertas há anos.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Folha - Quais são as diferenças entre desafios enfrentados por um empreendedor da internet hoje e em 1999?
Marcos Galperin - No começo, era a sobrevivência. Desde o início, tivemos que provar o conceito do negócio, provar que as pessoas usariam a internet para comprar e vender.
Depois, tivemos que provar que esse conceito podia ser rentável: que os vendedores aceitariam nos pagar uma comissão -grande o suficiente para cobrir nossos custos.
Hoje, somos uma empresa velha para os padrões da internet. Isso é bom por um lado, mas também traz riscos, porque essa é uma indústria muito dinâmica.
Nosso desafio agora é estar disposto a canibalizar a nós mesmos, no sentido de arriscar, de criar produtos.
Parte da decisão de abrir a plataforma tem a ver com isso. Não podemos solucionar tudo sozinhos.
O mercado brasileiro assiste a um 'boom' de 'startups' e investidores. O movimento é sustentável?
No mercado de internet, o Brasil leva vantagem dentro dos Brics, pois tem um ambiente seguro, sem interferência do governo e democrático. Então, todos os investimentos do mundo acabam vindo pra cá.
Mas, neste momento, me parece que há um excesso de projetos que recebem capital.
Qualquer americano ou europeu que teve uma namorada brasileira aos 18 anos ou passou semanas surfando no Rio acha que conhece o país.
O Brasil sempre foi um país muito difícil para empreender, ainda mais para os estrangeiros. É um país com um mercado muito grande, com logística e impostos complexos.
Abrir um negócio aqui é arriscado?
Não digo que seja arriscado abrir uma "startup". Na visão macro, o cenário é positivo, o mercado continuará crescendo. Então, alguns negócios vão sobreviver e irão muito bem.
Para outros, porém, talvez a oportunidade não seja tão grande. E é natural que aconteça assim que surge um novo mercado. Foi o que ocorreu em 2000, na bolha.
Você tomou muitos riscos quando iniciou seu negócio.
Sim, e continuo tomando até hoje. Quis fazer um site de internet para vender coisas usadas. Eu estudava em Stanford, onde supostamente há muita gente inteligente. Falei a meus amigos, e nove de cada dez me diziam que eu era louco. Falavam: 'Nunca na América Latina alguém vai comprar algo de quem não conhece'. Mas funcionou.
Desde então, seguimos tomando riscos. Esse é um mercado muito dinâmico. O que funcionou bem em 1999 talvez não funcione hoje. E iremos mudar. Estamos dispostos a canibalizar a nós mesmos. Preferimos isso a deixar que os outros façam isso.
Por que a decisão de abrir a plataforma para os desenvolvedores?
O futuro da computação já não passa mais somente por PCs, tablets e celulares. Cada vez mais haverá computadores por todos os lados: nos carros, nas geladeiras, nas roupas. E precisaremos de softwares e aplicativos.
Ao abrirmos a plataforma para os desenvolvedores, vamos permitir isso. Eles poderão criar soluções que nós não víamos ou não tínhamos recursos para fazer.
Vocês foram a primeira empresas de internet latino-americana a ir à Bolsa (Nasdaq, nos EUA), em 2007. O que mudou depois disso?
Fomos para a Bolsa em um momento difícil, logo quando começou a crise financeira e imobiliária nos Estados Unidos. Fomos uma das únicas da internet a ir para a Bolsa naquele ano e em todos os seguintes. Só agora começaram a vir outras.
Não foi fácil. Saímos com um preço de US$ 18 por ação, que subiu rapidamente, mas durante a crise caiu para US$ 10. Hoje é de US$ 85. Mas não passamos nem perto do que enfrentou o Facebook, em que a ação caiu à metade nas semanas seguintes ao IPO.
O sr. acredita que pode existir uma bolha das empresas de internet?
Se o Facebook vale US$ 100 bilhões, como se avaliou quando ela foi à Bolsa, ou US$ 50 bilhões, como se avalia hoje, o fato é que é uma empresa que não existia há dez anos e hoje vale muito.
É um negócio que envolve 1 bilhão de pessoas no mundo. Isso pra mim é algo real.

Rabino da França menciona a existência de um 'cavalo de Troia' contra a heterossexualidade


Le Monde 


Stéphanie Le Bars


acusação é metódica, os argumentos foram buscados na Bíblia, no direito e na antropologia. Em um texto publicado no dia 18 de outubro, o grande rabino da França, Gilles Bernheim, se esforça para desmontar os argumentos dos promotores do “casamento para todos”. Convencido de que esse projeto constitui uma “ameaça a um dos fundamentos de nossa sociedade”, ele critica “o politicamente correto dominante”. Para o religioso, ele levaria a uma “confusão das genealogias, do estatuto da criança e das identidades sexuais”.

O grande rabino acredita que “o casamento não é unicamente o reconhecimento de um amor” – amor cuja sinceridade ele não nega aos casais homossexuais - , mas sim “a instituição que articula a aliança do homem e da mulher com a sucessão das gerações”. Ele também acredita que “não se pode dar o direito do casamento a todos aqueles que se amam”, citando o exemplo de uma mulher que ama dois homens ou de um homem que ama uma mulher casada. E se o rabino não questiona a proteção jurídica à qual aspiram os casais homossexuais, ele propõe encontrar “soluções técnicas”.

Assim como a maior parte dos opositores do projeto, ele se revolta contra uma possível homoparentalidade. “Todo o afeto do mundo não é suficiente para produzir as estruturas psíquicas de base que atendem à necessidade da criança de saber de onde ela vem.” “Há milênios, o sistema no qual nossa sociedade é fundamentada tem sido uma genealogia de dupla linhagem, a do pai e a da mãe.” Ele duvida que “a criança consiga naturalmente e de maneira estruturante se situar em relação às novas terminologias” induzidas por essas mudanças: “Padrasto, co-pais, pai homossexual, mãe de aluguel, pai biológico, pai legal, pai social, segundo pai”.

Quanto à adoção, ele acredita que a esterilidade de um casal “não dá direito ao filho”. E denuncia as “assustadoras combinações” que, segundo ele, são as diversas modalidades de procriação para um casal homossexual. Para ele, reprodução médica assistida e gestação de substituição devem ser tratadas somente no contexto das leis sobre a bioética.

Mas a acusação mais original diz respeito à promoção da “teoria dos gêneros” visada, segundo ele, pelos defensores do casamento gay: os adeptos da “queer theory” “pedem para acabar com a diferenciação sexual entre homens e mulheres” e visam “o atual modelo familiar, vivido como um condicionamento social”. Logo, o casamento homossexual visaria “sua destruição pura e simples”, e a “tolerância” exigida para todas as orientações sexuais só seria um “cavalo de Tróia em seu combate à heterossexualidade”.

 
Tradutor: Lana Lim        

Nada de ficar parado


Pessoas que fazem atividades físicas, sentadas por mais de quatro horas ininterruptas, correm o mesmo risco de doenças dos sedentários, além de ganho de peso e edemas nas pernas 

Vanessa Jacinto
Publicação: 31/10/2012 04:00

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), bastam 20 minutos diários de atividade física suficientemente intensa para promover cansaço para que a pessoa não seja considerada sedentária e saia do grupo de risco para uma série de doenças. Pesquisas recentes, contudo, vão além. Mesmo que você seja um atleta, se passar mais de quatro horas ininterruptas sentado está automaticamente no grupo de risco para todas as causas de mortalidade. Sim! Segundo pesquisa australiana publicada recentemente no periódico Archives of Internal Medicine, ficar sentado por muito tempo pode levar à morte mais cedo e o risco cresce na medida em que aumenta o tempo colado à cadeira.
De acordo com os resultados obtidos a partir do estudo, ficar sentado mais de seis horas por dia pode aumentar em 40% as chances de morrer nos próximos 15 anos; elevando-se o tempo para 11 horas, passa-se a ter o dobro de risco de morte num período bem menor: três anos.
Em outro estudo, também australiano, concluiu-se que os que passam a maior parte do dia na cadeira ou no sofá têm 54% mais risco de morrer de ataques cardíacos. Tal resultado foi obtido a partir de uma análise dos estilos de vida de mais de 17 mil pessoas de ambos os sexos e com mais de 13 anos. Ainda segundo o artigo, a estatística continuava válida mesmo que os participantes não fossem fumantes ou fizessem exercícios regulares.
Mas, se as atividades inerentes ao homem moderno – trabalhar no escritório, navegar na internet, jogar videogame, assistir à televisão, entre outros – acabam por “exigir” que ele fique tanto tempo sentado. O que fazer então para resolver a questão? O médico nutrólogo Nataniel Viuniski, membro do Conselho para Assuntos Nutricionais da Herbalife, que integrou o 16º Congresso Brasileiro de Nutrologia, afirma que programas de saúde pública devem se concentrar na redução do tempo que as pessoas ficam sentadas, além de estimular e proporcionar oportunidades para que os indivíduos aumentem o nível de atividade física.
Da forma que está é que não pode ficar. Os atuais modos de vida são responsáveis pela metade dos casos de morte por acidentes vasculares cerebrais e por mais de um terço dos fatores determinantes de câncer.
Segundo Cristiano Lino, professor de educação física e doutorando em ciências do esporte no Departamento de Fisiologia do Exercício da Universidade Federal de Minas Gerais, o excesso de horas sentado é de fato um problema grave. Além dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dorts), que incluem patologias como mialgias, tendinites, bursites e outras, os longos períodos colado à cadeira prejudicam a coluna, favorecem o ganho de peso e comprometem o fluxo sanguíneo, predispondo o indivíduo a uma série de problemas cardiovasculares.
Ele explica que,  sentado, o indivíduo não contrai os músculos da panturrilha. E é justamente essa contração que impulsiona o sangue de volta para o coração. “Quando a pessoa fica muito tempo sentada, o retorno do sangue fica dificultado e o coração precisa aumentar a frequência cardíaca para fazer a compensação. Além disso, o sangue parado pode gerar,  edemas nos membros inferiores.”
Viuniski lembra que o problema não atinge apenas os trabalhadores. Por lazer ou hobby as pessoas acabam ficando muito tempo diante do computador ou da televisão. O ideal é que elas se mexam mais e fiquem menos tempo sentadas. Se não for possível, o indicado é, no trabalho, diminuir as horas na cadeira: a cada uma hora, devem se levantar e fazer alongamentos e pequenas caminhadas no próprio espaço do trabalho (ver dicas).
 Para os especialistas, embora todas as pessoas reclamem da falta de tempo, não há desculpas para não se exercitar. A meta da Organização Mundial de Saúde pode ser alcançada com uma caminhada rápida, o deslocamento para o trabalho ou para a escola. Até durante as atividades domésticas é possível se exercitar. E vale a pena. Os estudos indicam que o exercício físico tem efeitos agudos imediatos no organismo, como a redução da pressão arterial, que tende a se manter mais baixa durante um período entre 12h e 24h, e redução dos níveis de glicose. Como efeito crônico, pode-se citar a redução do risco de morte por doenças cardiovasculares, diminuição do risco de desenvolvimento de uma série de doenças crônicas e a melhora de toda a fisiologia. Há, sem dúvida, alterações sociais muito importantes, mesmo quando o exercício é feito individualmente. Os adeptos da atividade física melhoram a autopercepção da imagem, a autoestima. Com isso, há muito mais facilidade de se relacionar.
Embora a caminhada seja o exercício mais fácil e seguro e um dos mais democráticos, existem outras formas de se mexer para atingir a meta da OMS de fazer pelo menos 20 minutos de atividade física suficientemente intensa para promover cansaço. 
O lazer é uma delas. O ideal é sair para dançar, pedalar no parque ou na praça. Durante os principais deslocamentos, como para ir à escola, ao trabalho ou à padaria, vá a pé. Varrer e passar pano, puxar água, catar folhas. O importante é fazer a tarefa continuamente. Em vez de varrer só um cômodo e parar, varra a casa toda e, depois, passe o pano de uma só vez.
Quem se exercita, independentemente da forma escolhida, só tem a ganhar. Segundo Nataniel Viuniski, somente a prática de atividade física, aliada à boa alimentação, poderá colocar freio no avanço das epidemias de obesidade e de doenças crônico-degenerativas. Ele acrescenta que estudos feitos em todo o mundo apontam a relação direta e favorável entre o nível de aptidão física, o grau de atividade física praticada e a saúde, evitando o surgimento de males como doenças coronarianas, hipertensão, AVC, cânceres, diabetes tipo 2, obesidade, ansiedade e depressão.
Para quem nunca praticou atividade física e deseja começar, uma dica importante é escolher bem a modalidade e ir devagar. A escolha certa vai interferir diretamente na adesão e vai aumentar a possibilidade de que o exercício realmente se transforme num hábito de vida.
Seria interessante incluir a variabilidade na escolha (praticar mais de um tipo de atividade), assim como é importante associar o trabalho aeróbico com o trabalho de força e o de flexibilidade, formando um programa completo em termos de promoção da saúde. “Mas o que deve ser ressaltado é o investimento contínuo no futuro em que as pessoas devem buscar formas de se tornarem mais ativas em suas rotinas diárias. A palavra de ordem é movimento”, completa Viuniski.

» Amor, aconchego e longevidade


CIÊNCIA

De acordo com pesquisa, graças às carinhosas avós, o Homo sapiens vive mais, comparando-se a outros primatas. Há milhares de anos, elas passaram a ajudar na criação dos netos. Isso liberou as filhas para reproduzirem mais vezes, garantindo a supremacia do homem no planeta

Marcela Ulhoa

Publicação: 31/10/2012 04:00


Casa de vó é lugar de comida boa e recanto de carinho, muito carinho. A ideia é praticamente um consenso para a maioria das pessoas. Entretanto, o que pouca gente sabe é que os cuidados e a atenção das matriarcas pode ter sido muito mais importante do que se imagina. Pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, criaram modelos matemáticos na tentativa de comprovar a “hipótese da avó”, uma teoria existente desde 1997, que defende que a presença das avós nas famílias proporcionou uma situação favorável para que os seres humanos vivessem mais tempo do que os demais primatas.
“A função social da avó foi o primeiro passo para que nos tornássemos o que somos hoje”, defende a antropóloga Kristen Hawkes, uma das cientistas que propôs a tese há 15 anos. Em novo estudo publicado nesta semana na revista científica britânica Proceedings of the Royal Society B, Hawkes volta com embasamento numérico para fortalecer a teoria. De acordo com ela, as simulações indicaram que, ao adicionar os cuidados das avós, foram necessários apenas 60 mil anos para que os animais com a expectativa de vida de um chimpanzé conseguissem chegar ao tempo de vida humano atual. Isso, em uma escala evolutiva, é uma mudança extremamente rápida. Para se ter uma ideia da diferença, enquanto fêmeas de chimpanzés sobrevivem mais 15 ou 16 anos após o período fértil (que acontece aos 13), as mulheres em nações desenvolvidas podem viver mais 60 anos após essa etapa, iniciada em torno dos 19.
De acordo com a teoria proposta por Hawkes, historicamente o aumento na expectativa de vida foi possível porque as matriarcas, a partir de um determinado ponto ainda impreciso, começaram a ajudar a alimentar os netos após o desmame. Isso aliviou as mães, que puderam, então, interromper o aleitamento mais cedo e terem mais filhos em intervalos menores. “Esse é um trabalho superbacana, porque faz muito sentido. Quando os nossos ancestrais ainda viviam na floresta, após o desmame, os bebês encontravam opções de alimento por contra própria, por exemplo. Quando a floresta começa a ficar mais escassa, eles migram para ambientes abertos, onde é mais difícil encontrar alimento”, explica Rosana Tidon, professora do Departamento de Genética e Morfologia da Universidade de Brasília (UnB). Tidon ressalta que as mães passaram, então, a gastar mais tempo e esforço para alimentar sua prole. Foi nesse momento que as avós surgiram como solução. “Elas estavam por perto, às vezes já tinham passado da idade reprodutiva e começaram a alimentar os netos. Nisso, elas liberaram suas filhas para terem mais filhos.”
Além disso, as fêmeas ancestrais que viraram avós conseguiram passar adiante o patrimônio genético da longevidade para as gerações posteriores, o que contribuiu para que a expectativa de vida da espécie aumentasse. “As duas ganham com isso. A mãe porque fica liberada para outras atividades e a avó porque, ao aumentar a capacidade de vida dos netos, acaba aumentando a sua própria aptidão de repassar as características da longevidade aos descendentes. Nesse sentido, quanto mais netos, melhor será o custo benefício”, pontua Francisco Mendes, professor do departamento de Processos Psicológicos Básicos do Instituto de Psicologia da UnB.

Outras teorias Apesar de considerar a “hipótese da avó” interessante, a pesquisadora Rosana Tidon Franco ressalta que existem outras teorias para explicar a evolução dos humanos e da longevidade. “Não podemos dizer no momento que a hipótese aqui apresentada é mais importante do que as outras. E essa é a natureza da ciência: não apresentar verdades absolutas, mas, em vez disso, as hipóteses mais prováveis para explicar um determinado conjunto de fatos ou fenômenos”, diz.
Dentre o arcabouço científico para tentar entender o que diferencia o Homo sapiens sapiens dos outros primatas, muitos antropólogos defendem o papel do tamanho do cérebro no aumento da expectativa de vida dos seres humanos. A explicação mais cartesiana e pragmática, entretanto, recebe os contra-argumentos de Hawkes, que apela para a questão afetiva e social. “Ter uma avó por perto nos deu um tipo de educação que nos tornou mais dependentes socialmente e propensos a dedicar atenção ao outro”, defende.
Saindo do universo das teorias, os irmãos Marcela Lobão, 8 anos, e Danilo Scotti, 26, não têm dúvida do carinho e atenção gerados no ambiente familiar em que cresceram: a casa da avó. Quando Danilo tinha apenas 2 anos, ele e a mãe, Márcia Oliveira, hoje com 46, foram morar na casa da avó Maria Irma de Oliveira. “Me separei do meu marido e, como não na época eu ainda tinha independência financeira, tive que voltar para a casa da minha mãe”, conta Márcia. Logo após a separação, ela revela que passou a guarda de seu filho para os pais, pois assim o menino poderia se tornar dependente legal no plano de saúde e gozar de outros benefícios. Quando o primogênito estava com 14 anos, Márcia se mudou para a Bahia a trabalho, mas Danilo continuou na casa da avó.
“Como ele estava em período escolar, a gente tinha combinado que ele iria quando as aulas acabassem. Chegando à Bahia, ele não gostou e quis voltar”, conta Márcia. Por três anos, o menino viveu somente sob os olhos atentos da avó Irma e do avô Joaquim. “Minha avó foi tão importante na minha criação quanto a minha mãe. Eu tenho muito carinho e gratidão por tudo o que meus avós me proporcionaram e me ensinaram”, conta Danilo, hoje independente financeiramente. Quando o menino tinha 17 anos, a mãe voltou para a casa dos pais, em Brasília, ao saber que estava grávida de Marcela. Hoje com 8 anos, a caçula conta que a avó é a sua grande companheira: “Quando eu peço, ela me dá comida, fica comigo no banheiro quando estou com medo de barata e joga charada”. Esperta e comunicativa, Marcela diz que o que mais gosta em sua avó é a sinceridade.

Provedoras da prole

Para além do papel histórico e evolutivo da avó, hoje muitas matriarcas assumem a responsabilidade sobre as contas da família. De acordo com o levantamento do Data Popular, em 2010, o total dos rendimentos de mulheres acima de 60 anos atingiu o montante de R$ 172,53 bilhões. Aliado a isso, o censo realizado pelo IBGE mostrou que, no mesmo ano, 20% das famílias brasileiras declararam que os responsáveis pelo lar eram pessoas com mais de 60. De acordo com o estudo, o termo responsável pode ser empregado para expressar diversas situações, como o principal provedor da família, a pessoa que toma as decisões mais importantes ou aquele com mais idade.
Helena Beatriz Martins, 71 anos, é um exemplo das novas “chefes de família”. Aposentada, ela ajuda a filha Paula Beatriz Martins, 29, nas despesas e nos cuidados com João Marcelo, 7. Desde que se separou do marido, há três anos, Paula voltou para casa da mãe, onde consegue respirar mais aliviada, já que os gastos da casa ficam por conta de Helena. “Combustível e energia a gente racha, fico o tempo todo atrás para apagar a luz”, brinca a matriarca.
Para Paula, criar um filho sozinha envolve muitos desafios. “Quando me divorciei, tive que começar do zero. Tive que enfrentar não só as despesas, mas a dificuldade na atenção. Eu vou trabalhar e deixo o João com quem?”, desabafa. Hoje com uma situação mais tranquila, ela acredita que em pouco tempo conseguirá atingir a estabilidade financeira novamente. “Só vou ficar na casa da mamãe se ela quiser”, brinca.
De acordo com André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, o cenário em que o filho volta a morar com os pais depois de mais velho acontece quando a economia está desaquecida. “Se o mercado de trabalho está bom, é difícil ver essa situação. Agora, quando existe uma crise, pouca oferta de emprego ou baixa remuneração, muitas vezes o filho volta para a casa dos pais para evitar gastos”, avalia.
Apesar dos gastos e da segunda rodada de cuidados — afinal, “ser avó é ser mãe duas vezes”—, Helena conta que tudo o que faz pela família é com muito amor. “Todos os meus gastos são prazerosos, porque são para meu neto e minha filha. Para mim, não existe essa coisa do meu dinheiro. Poder ajudar meu neto é uma sensação muito boa. É a sensação de um filho seu que está continuando, é um amor que continua”, ensina. (MU)http://tl.gd/jrc94v · Reply
Report post (?)

Fernando Brant - Chuva com primavera‏

Árvores e flores deitam suas cores sobre as metrópoles antes secas e calorentas 


Fernando Brant


 Flamboyants by wgreis 


Estado de Minas - 31/10/2012 

O flamboaiã da Vera, que é minha prima querida, está deslumbrante. Pedindo para ser contemplado com os olhos sensíveis de quem passa ou visita a casa aberta e amiga de Brasília. O outono e o inverno estiveram muito secos e descoloridos, sem graça. Apreensivos, os amigos passavam o tempo procurando pela conversa ampla, mesa farta e alegria imensa da mulher solidária. Tempos de preocupação e demonstração de afeto.

O mundo correndo solto com seus amores e tragédias diários. E nós todos chupando dedo à espera de tempos mais brilhantes. Mas eis que a chuva e a primavera chegam e junto delas a mensagem prazenteira voa pelos meios eletrônicos e invade os nossos corações: “Meu flamboaiã já está enfeitado para comemorar algo. Não podemos perder ambiente tão lindo! Tomarei providências. Beijos, Vera”.

Estão de volta a beleza, a música e a alegria. No alto de sua magnitude, o deus vegetal anuncia proteção e deslumbramento. E é em torno dele que voltaremos a nos sentar, ouvindo, tocando e cantando música de qualidade. Ele não aceitaria menos do que o que há de excelente em nosso cancioneiro.

As vozes e os ouvidos da amizade se brindarão naquele chão brasileiro construído por nossa Vera para os que ela recebe em seu lar diamantino e brasiliense. Os quadros nas paredes e as esculturas, presentes dos admiradores da vida inteira, se enfeitarão para realçar a excelência das obras dos artistas que velam pela estética da casa.

O pau-rosa, flor-do-paraíso, com seus quase 15 metros, realça a noite e o dia. É comovente em seu esplendor, seja em Madagascar ou em Brasília. Ali, brevemente – ela mandou apenas um primeiro recado, um aceno –, a multidão de gente que adora a dona da casa vai se reunir.

Do alto de minha cidade montanhosa, esfrego as mãos em agradável expectativa. As águas finalmente desceram sobre nós, refrescando nossos dias. Árvores e flores deitam suas cores sobre as metrópoles antes secas e calorentas. Vontade de sair dançando e cantando na chuva, assobiando mil melodias pelas ruas, como se louco fosse. De certa forma, devo ser mesmo, pois a prima Vera sempre diz que todo Brant é meio doido.

Sei que os ombros estão pesando menos e a possibilidade de festa à vista no horizonte próximo. Por enquanto, deito meu olhar sobre a majestade do flamboaiã. E antegozo o dia em que a comemoração anunciada se realize. Viva.

Morte dos guarani-caiovás -Frei Betto‏

A Constituição consagra o direito congênito dos índios às terras habitadas tradicionalmente por eles 


Frei Betto
Estado de Minas -  31/10/2012 

A Justiça determinou a retirada de 170 índios guarani-caiová das terras em que habitam em Mato Grosso do Sul. Em carta à opinião pública, eles apelam: “Pedimos ao governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo, mas decretar nossa morte coletiva e nos enterrar todos aqui. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos, mesmo, em pouco tempo”.
A morte precoce, induzida – o que nós, caras-pálidas, chamamos de suicídio –, é recurso frequente adotado pelos guaranis-caiovás para resistirem frente às ameaças que sofrem. Preferem morrer a se degradar. Nos últimos 20 anos, quase mil indígenas, a maioria jovens, puseram fim às suas vidas, em protesto às pressões de empresas e fazendeiros que cobiçam suas terras.

A carta dos guarani-caiovás foi divulgada depois de a Justiça Federal determinar a retirada de 30 famílias indígenas da aldeia Passo Piraju, em Mato Grosso do Sul. A área é disputada por índios e fazendeiros. Em 2002, acordo mediado pelo Ministério Público Federal, em Dourados, destinou aos índios 40 hectares ocupados por uma fazenda. O suposto proprietário recorreu à Justiça.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), há que saber interpretar a palavra dos índios: “Eles falam em morte coletiva (o que é diferente de suicídio coletivo) no contexto da luta pela terra, ou seja, se a Justiça e os pistoleiros contratados pelos fazendeiros insistirem em tirá-los de suas terras tradicionais, estão dispostos a morrer todos nela, sem jamais abandoná-las”, diz a nota.

Dados do Cimi indicam que, entre 2003 e 2011, foram assassinados, no Brasil, 503 índios. Mais da metade – 279 – pertence à etnia Guarani-Caiowá. Em protesto, em 19 de outubro, em Brasília, 5 mil cruzes foram fincadas no gramado da Esplanada dos Ministérios, simbolizando os índios mortos e ameaçados. São comprovados os assassinatos de membros dessa etnia por pistoleiros a serviço de fazendeiros da região. Junto ao Rio Hovy, dois índios foram mortos recentemente por espancamentos e torturas.

A Constituição abriga o princípio da diversidade e da alteridade, e consagra o direito congênito dos índios às terras habitadas tradicionalmente por eles. Essas terras deveriam ter sido demarcadas até 1993. Mas, infelizmente, a Justiça brasileira é extremamente morosa quando se trata dos direitos dos pobres e excluídos. Um quarto de século após a aprovação da carta constitucional, em 1988, as terras dos guaranis ainda não foram demarcadas, o que favorece a invasão de grileiros, posseiros e agentes do agronegócio. 

Participei, no governo Lula, de toda a polêmica em torno da demarcação da Raposa Serra do Sol. Graças à decisão presidencial e à sentença do Supremo Tribunal Federal (STF), os fazendeiros invasores foram retirados daquela reserva indígena. No caso dos guaranis-caiovás não se vê, por enquanto, a mesma firmeza do poder público. Até a Advocacia Geral da União (AGU), responsável pela salvaguarda dos povos indígenas – pois eles são tutelados pela União – chegou a editar portaria que, na prática, reduz a efetivação de vários direitos.

O argumento dos inimigos de nossos povos originários é de que suas terras poderiam ser economicamente produtivas. Atrás desse argumento perdura a ideia de que índios são pessoas inúteis, descartáveis, e que o interesse do lucro do agronegócio deve estar acima da sobrevivência e da cultura desses nossos ancestrais.

Os índios não são estrangeiros nas terras do Brasil. Ao chegar aqui, os colonizadores portugueses – equivocamente qualificados nos livros de história como “descobridores” – se depararam com mais de 5 milhões de indígenas, que dominavam centenas de idiomas distintos. A maioria foi vítima de um genocídio implacável, restando hoje apenas, 817 mil indígenas, dos quais 480 mil aldeados, divididos em 227 povos que dominam 180 idiomas diferentes e ocupam 13% do território brasileiro. 

Não adianta o governo brasileiro assinar documentos em prol dos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável se isso não se traduzir em gestos concretos para a preservação dos direitos dos povos indígenas e de nosso meio ambiente. Bem fez a presidente Dilma ao efetuar cortes no projeto do novo Código Florestal aprovado pelo Congresso. Entre o agrado a políticos e os interesses da nação e a preservação ambiental, a presidente não relutou em descartar privilégios e abraçar direitos coletivos. 

Resta agora demonstrar a mesma firmeza na defesa dos direitos desses povos que constituem a nossa raiz e que marcam predominantemente o DNA do brasileiro, como comprovou o Projeto Genoma Humano.

Saraiva pode vender setor on-line para Amazon


Empresa afirma que não comenta rumores

DE SÃO PAULO

Depois da Bloomberg, há duas semanas, ontem foi a vez de a agência Reuters noticiar que a Amazon está negociando a compra da Saraiva. Procurada, a Saraiva diz que não comenta rumores.
Citando fontes não identificadas, a reportagem da Reuters diz que a Saraiva está negociando a venda da sua operação de e-commerce.
A chegada da Amazon era aguardada para este semestre, mas a empresa american teria adiado os planos para o ano que vem.
A Saraiva é a maior rede de livrarias do país, com 102 lojas, e o negócio eliminaria um dos principais competidores no mercado de livros.
A também concorrente Livraria Cultura já divulgou sua estratégia para tentar enfrentar a gigante Amazon: uma parceria com o fabricante do tablet Kobo, por meio da qual espera fortalecer sua divisão de venda de livros digitais.
A Amazon, por sua vez, também terá de enfrentar o poder do novo grupo editorial, o Penguin Random House, associação de duas das maiores editoras de livros do mundo que foi anunciada anteontem.
O novo grupo tem fortes interesses no mercado brasileiro e deverá focar no desenvolvimento de novos negócios globais na área digital.
Dentre os projetos que devem ser avaliados, está a criação de um site para vender livros digitais diretamente ao consumidor.
No início do ano, quando surgiram os primeiros sinais de que a Amazon se preparava para entrar no mercado brasileiro, foi noticiado que a Saraiva estava pressionando editoras a não fazer acordo com a americana.
Segundo a Reuters, a baixa rentabilidade da operação de e-commerce, aliada ao temor da concorrência com a Amazon, teria levado a Saraiva a querer se concentrar no negócio de lojas físicas.
A chegada no mercado brasileiro via aquisição de uma operação já estabelecida poderia trazer vantagens para a Amazon.
Além de ser mais rápido, o relacionamento da Saraiva com editoras e distribuidores pode ser um ativo importante para a Amazon.
A Saraiva tem um catálogo de 12 mil títulos digitais em português.
No primeiro semestre deste ano, a empresa brasileira registrou faturamento líquido de R$ 731 milhões.

    OMBUDSMAN SUZANA SINGER -



    ombudsman@uol.com.br
    @folha_ombudsman
    Cadeia neles
    Folha provoca a ira de leitores ao defender penas alternativas para os condenados do mensalão

    "Sou leitor assíduo desse jornal. Convivo bem com divergências, concordei e discordei de vários artigos e reportagens, mas eis que minha paciência democrática, que pensava inesgotável, chegou ao limite com o editorial 'Para quem precisa'."
    A mensagem, de um administrador de empresas de Santa Catarina que prefere não se identificar, exprime bem a indignação que tomou conta de muitos leitores da Folha nos últimos dias.
    O editorial que provocou revolta argumentava que só devem ir para a prisão os criminosos violentos, que representam perigo à sociedade, sendo que aos demais caberiam penas alternativas. Entre "os demais", estariam os réus do mensalão.
    Num momento em que "a sociedade brasileira tem a alma lavada pelo julgamento no Supremo Tribunal Federal", na definição de um leitor, a Folha teria traído a confiança de seu público ao defender a ideia de que políticos corruptos não precisam de cadeia.
    Penas alternativas para crimes não violentos vêm sendo defendidas em editoriais há anos. No caso do mensalão, sempre sublinhando a sua gravidade (a "escala sistêmica" da corrupção promovida pela "camarilha" petista), o jornal foi assumindo devagarinho uma posição.
    Em setembro, o editorial "Menos impunidade" comemorava a disposição do STF de tratar com "inusitado rigor delitos difíceis de coibir", mas ressalvava que pena privativa de liberdade só deve ser aplicada nos casos em que "o condenado traz real ameaça à segurança pública".
    Há oito dias, em "As penas de cada um", a Folha alertava para o risco de os réus do mensalão pagarem pela "impunidade geral" e pedia equilíbrio na dosagem das punições.
    Mas a reação só veio na quinta-feira passada, quando o jornal disse, com todas as letras, que, apesar do "legítimo anseio de ver os culpados atrás das grades", o correto seria condená-los a devolver o dinheiro que foi desviado, impedi-los de exercer cargos públicos e obrigá-los a prestar serviços à comunidade.
    Imaginar José Dirceu trabalhando em "uma ONG de preservação de baleias" para pagar sua pena, como ironizou um leitor, pareceu incoerente com o tom duro que o jornal tem adotado em relação aos "mensaleiros". No dia em que o Supremo condenou o ex-ministro, a "Primeira Página" colocou um gigantesco "Culpados" no lugar da manchete.
    Provocou então a ira dos petistas, somada agora à dos que sonham em ver Dirceu & cia. mofarem na cadeia. O editor de Opinião, Marcelo Leite, diz que a Folha leva em conta as inclinações dos seus leitores, "mas não pode subordinar a própria opinião a clamores de qualquer grupo". "Menos ainda quando se chocam com princípios do Direito, com o que acreditamos ser do interesse público ou com posições tradicionais do jornal", diz.
    De fato, não dá para acusar a Folha de jogar para a plateia. No último capítulo do novelão do julgamento, quando a sanha condenatória toma toda a grande imprensa, o jornal se diferencia ao não engrossar o coro de "cadeia neles".

    "Os editoriais não são escritos de modo a ganhar (nem perder) leitores, muito menos conquistar o favor (ou a antipatia) de qualquer governo. O objetivo é esclarecer questões relevantes e contribuir para a melhora da qualidade do debate público no Brasil, agregando-lhe mais equilíbrio e objetividade"
    "Nesse estágio do julgamento, com o Joaquim Barbosa lutando para punir a quadrilha, a Folha vem abrandar, dizer que não convém levar os criminosos para a cadeia. Como um jornal de vanguarda, que não tem rabo preso com ninguém, defende uma coisa dessas? Tem que ir para a prisão para mostrar que os tempos estão mudando"

    Ombudsman tem mandato de 1 ano, renovável por mais 2, para criticar o jornal, ouvir os leitores e comentar, aos domingos, o noticiário da mídia.Fale com a Ombudsman: ombudsman@uol.com.br / tel.:  0800 015 9000 (2ªf a 6ªf, das 14h às 18h) / Fax: 0/xx/11/3224-3895

    Gays e lésbicas pagam meia no festival Mix Brasil; saiba detalhes


    Gays e lésbicas pagam meia no festival Mix Brasil; saiba detalhes

    As informações estão atualizadas até a data acima. Sugerimos contatar o local para confirmar as informações
    DE SÃO PAULO

    Considerado o maior festival LGBT da América Latina, o 20º Mix Brasil de Cultura da Diversidade ocorre de 8 a 18 de novembro em sete espaços da capital paulista. O longa belgo "No Caminho das Dunas" (2012), de Bavo Defurne, abre o evento no Cinesesc Augusta (centro).
    Divulgação
    Cena do filme francês "Nosso Paraíso" (2012), novo longa de Gaël Morel
    Cena do filme francês "Nosso Paraíso" (2012), novo longa do diretor Gaël Morel
    Com filmes inéditos no país, curtas, peças, performances, "Balada Literária" e o show do Congo, a programação do evento se estende ao Centro Cultural São Paulo (zona sul da cidade), Museu da Diversidade, Cinesesc Augusta e Espaço Itaú de Cinema salas 3 e 4, no centro.
    Nessas salas, gays, lésbicas e simpatizantes pagam meia-entrada (essa ação ocorre pela primeira vez no evento).
    No Cine Olido (centro), a entrada custa R$ 1. Haverá também sessões "open air" no Beco do Graffiti, Vila Madalena (zona oeste) e no Largo do Arouche (centro da cidade).
    O festival receberá convidados internacionais, como o ator francês Stéphane Rideau, o cineasta francês Gaël Morel, o escritor colombiano Alonso Valter Sanches e o diretor argentino Javier van de Couter, entre outros.
    Divulgação
    "No Caminho das Dunas" (foto), de Bavo Defurne, abre o Festival Mix Brasil em 8 de novembro em SP
    "No Caminho das Dunas" (foto), de Bavo Defurne, abre o Festival Mix Brasil em 8 de novembro em SP

    ANTONIO PRATA


    Penetras
    Sejamos francos, meu caro: nem Fuvest nem calor nem baleias, o que te atrai nas fotos são as mulheres bonitas
    "VESTIBULANDA FAZ prova na primeira fase da Fuvest", diz a legenda -e você presta atenção à foto porque vestibular é um dos seus assuntos preferidos, claro. "Em dia mais quente do ano, paulistanos buscam parques para se refrescar", diz a legenda -e você observa a mulher de biquíni, sobre a grama, pois está preocupado com o aquecimento global, óbvio. "Em protesto contra a caça às baleias, em Helsinque, finlandesas tiram a roupa diante da embaixada do Japão", diz a legenda -e você se demora nas rebeldades por puro amor aos cetáceos, é evidente.
    Sejamos francos, meu caro: nem Fuvest nem calor nem baleias, o que te atrai nas fotos são as mulheres bonitas -essas intrusas que, vira e mexe, surgem nas páginas do jornal. Podem brotar no Esporte: "Atleta russa salta com vara no campeonato mundial de atletismo"; no Equilíbrio: "A veterinária Andressa Vieira alonga-se durante pausa, no trabalho"; em Mundo: "Jovens vão às ruas contra cortes sociais, em Barcelona". Enquanto passa manteiga no pão, você sorri por dentro, feliz pela súbita irrupção da beleza entre propinas, terremotos, chacinas e outros ingredientes indigestos de seu café da manhã.
    Há quem possa ver na aparição dessas belas mulheres uma estratégia para vender jornais. Parece-me o contrário: menos o jornal aproveitando-se da beleza para valorizar-se do que a beleza usando o jornal para propagar-se. Começa lá com o fotógrafo que, no meio do campeonato, da passeata, do corre-corre, é capturado por um sorriso, um par de pernas, uma covinha e, não tão atento à pauta quanto às reações que milhões de anos de seleção natural desencadeiam em seu cérebro, contrai quase que inconscientemente o indicador, clicando a moça. Mais tarde, na redação, o editor de Fotografia será tocado pela mesma discreta euforia: entre senadores e coquetéis molotov, contêineres e operários, dará com aquele sorriso, aquele par de pernas, aquelas covinhas, "por que não essa foto aqui, olha só? Passa bem a ideia" -dirá, fingindo, talvez a si mesmo, que é a precisão jornalística, a adequação ao tema, as faixas ao fundo, a luz, os camburões ou o diabo a quatro o que importa, não simplesmente a beleza, a irresistível beleza de uma mulher que o atrai. Já de noite, o pessoal da Primeira Página padecerá do mesmo prosaico e ancestral en-canto, fazendo com que, entre o Joa-quim Barbosa e o Lewandowski, entre drones norte-americanos e homens-bomba iraquianos, acima de escombros na Síria e abaixo das árvores derrubadas pelo furacão Sandy, em Nova Jersey, uma linda moça surja, sobre os capachos de milhares de lares brasileiros.
    Eu sei, sei que vivemos uma supervalorização da beleza, uma idealização da juventude, uma fixação que nasce em algum lugar entre as propagandas de sabonete e o medo da morte, mas não é disso que estou falando. Já existiam mulheres bonitas antes de inventarem o sabonete, continuarão existindo depois que estivermos todos mortos. Não podemos apenas admirar e sorrir, enquanto passamos manteiga no pão, antes de voltar às propinas, aos terremotos, às baleias, aos cortes sociais e outros ingredientes indigestos de nosso café da manhã?

      Bactérias do intestino produzem "antibiótico" natural, diz estudo


      Brasileiro identificou substância que detém Salmonella ao estudar extrato de fezes humanas

      Para especialistas, fauna intestinal pode guardar recursos preciosos para reforçar a saúde do organismo
      REINALDO JOSÉ LOPES
      EDITOR DE “CIÊNCIA+SAÚDE”

      Os micróbios que povoam naturalmente o intestino humano podem guardar o segredo para uma nova geração de antibióticos, sugerem experimentos feitos por um cientista brasileiro no Canadá.
      Luis Caetano Antunes, que faz seu pós-doutorado na Universidade da Colúmbia Britânica, conseguiu demonstrar que certos micro-organismos da flora intestinal produzem substâncias que inibem a ação da bactéria Salmonella enterica.
      A Salmonella, é bom lembrar, pode produzir uma desagradável diarreia -ou, no pior cenário, desencadear a chamada febre tifoide, que muitas vezes é fatal.
      Antunes e seus colegas chegaram às moléculas capazes de deter o micróbio tentando entender o complexo ecossistema em miniatura que existe no trato intestinal dos seres humanos, composto por milhares de espécies e trilhões de células microbianas.
      Já havia várias pistas de que essa diversidade toda ajuda a modular, por exemplo, a absorção de nutrientes. E, como se trata de uma comunidade de micróbios adaptados ao corpo humano, faz sentido que produzam substâncias para barrar invasores, por exemplo.
      Foi o que o microbiologista brasileiro descobriu ao "tratar" uma cultura de Salmonella com um extrato obtido de fezes humanas. O preparado inibiu a atividade de genes que a bactéria emprega durante a invasão do organismo, por exemplo.
      Ficou claro que eram micróbios presentes nas fezes os responsáveis por esse feito, porque o extrato fecal de camundongos que tinham tomado antibióticos não desencadeava o mesmo efeito.
      Com a ajuda de uma série de técnicas, incluindo até o chamado "Robogut" -um aparelho que simula o funcionamento de um intestino real, criado por pesquisadores da Universidade de Guelph, também no Canadá-, foi possível demonstrar que os micro-organismos "do bem" eram do gênero Clostridium, já conhecidos dos cientistas.
      Antunes e seus colegas conseguiram até identificar, em meio a uma "biblioteca" de moléculas já disponíveis comercialmente, substâncias provavelmente análogas às produzidas pelos micróbios.
      Uma das vantagens dessas moléculas, afirma o microbiologista, seria diminuir o risco de produzir bactérias resistentes ao tratamento.
      "Os antibióticos disponíveis hoje matam as bactérias suscetíveis e acabam selecionando as resistentes. Já um antibiótico seguindo a nossa lógica apenas inibiria a virulência da Salmonella", diz.
      A pesquisa foi apresentada durante o 58º Congresso Brasileiro de Genética.

        Marta Suplicy diz que pretende espalhar CEUs culturais no país



        Ministra da Cultura foi ao Senado pedir apoio a projetos da pasta

        DE BRASÍLIA
        A ministra da Cultura, Marta Suplicy, esteve ontem no Senado para pedir apoio a projetos da pasta.
        Após apontar como prioridade a aprovação do Procultura (substituto da Lei Rouanet), do Vale Cultura e da nova Lei de Direitos Autorais, (que o MinC ainda enviará ao Congresso), ela disse que pretende implantar 360 CEUs (Centros Educacionais Unificados) "culturais" no país.
        O orçamento seria o destinado até então às "Praças do PAC", criticadas pelo setor cultural. "O projeto é outro. As praças funcionavam em torno de salas de aula, vendo a arte de forma segmentada. Para os CEUs, vamos trabalhar integrados", disse ela.
        Os CEUs, iniciados na gestão de Marta na Prefeitura de São Paulo (2001-2004), são uma das principais bandeiras do PT na cidade.
        A ministra afirmou desconhecer o projeto que cria o Bolsa-Artista, benefício inspirado no Bolsa-Atleta que aguarda votação na Câmara.
        O projeto foi aprovado em julho no Senado, por comissão em que Marta atuava como suplente -ela não participou da votação. "Não li ainda o projeto, só vi pelo jornal hoje [ontem, em "O Globo"]. Não vou me pronunciar sem avaliar o que é", disse ela.
        O projeto, do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), cria financiamentos de um ano para artistas em formação, de 14 anos ou mais. O texto prevê que o MinC regulamente critérios e valores.

          SP espera administração menos elitista


          Segundo Datafolha, 60% acreditam que Haddad governará para todos; para 67%, Kassab prioriza minoria

          Paulistanos citam temas locais como razões do voto; 46% dizem que mensalão teve muita ou alguma influência
          GUSTAVO PATU
          DE SÃO PAULO

          Dois terços dos eleitores paulistanos acham que a cidade é administrada segundo o interesse de poucos; 60% acreditam que o prefeito eleito, Fernando Haddad (PT), governará em benefício de toda a população.
          Em pesquisa inédita do Datafolha destinada a investigar as motivações do voto na capital, os números mais eloquentes indicam a consolidação de uma imagem elitista associada à atual gestão -e a expectativa de mudança com a vitória oposicionista.
          Dos 1.265 entrevistados no dia seguinte ao 2º turno do pleito, 64% afirmaram que o prefeito Gilberto Kassab (PSD) "respeita mais os ricos". Trata-se do percentual mais alto de respostas para as 22 questões apresentadas sobre seu perfil, já considerada a margem de erro de três pontos percentuais.
          Mesmo entre os eleitores do tucano José Serra, prevalece a percepção de que Kassab privilegia uma minoria e respeita menos os pobres. Apenas um terço dos serristas creem que o prefeito governa para toda a população; para 42%, Haddad o fará.
          Os paulistanos relacionam os temas locais a sua opção eleitoral. A metade do eleitorado cita as condições da cidade entre os fatores que tiveram muita influência em seu voto, e 47% mencionam as propostas dos candidatos -entre os eleitores de Haddad, são 55%.
          Mas não foi desprezível o impacto do tema nacional mais abordado na campanha: o julgamento do mensalão pesou na decisão de quase a metade dos eleitores de Serra e de um terço dos que não votaram em ninguém. No total, 46% disseram que o caso mais grave de corrupção no governo Lula teve muita ou alguma influência no voto.
          Outros motivos de disputa e controvérsia no pleito paulistano -a influência da Igreja, das pesquisas eleitorais, das alianças partidárias, do horário gratuito e da idade do candidato- foram descartados pela ampla maioria.
          Haddad assumirá sob expectativas favoráveis de 62% dos entrevistados, um percentual semelhante aos de seus antecessores Kassab e Serra. Entre os que votaram na situação, apenas 17% acreditam que o petista fará um governo péssimo ou ruim.
          Trata-se de percentuais superiores aos dos que esperam melhora da situação econômica do país -45% no total e apenas 30% dos serristas.
          O otimismo tradicional no período pós-votação é menos evidente quando se aborda a redução dos tributos, um dos temas mais vistosos da campanha vitoriosa -que prometeu acabar com a taxa de inspeção veicular.
          Apenas 28% acham que os impostos vão diminuir, num empate técnico com os 26% que apostam em um aumento. Mesmo entre os eleitores do petista, os que creem no alívio tributário são minoria. Para três quartos dos serristas, os impostos vão aumentar ou ficarão como estão.

            Uma vinheta da eleição paulistana


            ELIO GASPARI

            FHC tem razão, o PSDB precisa se renovar, porém o problema não está nas pessoas, está nas ideias
            EM AGOSTO, quando o candidato Fernando Haddad prometeu a criação de um Bilhete Único Mensal, pelo qual o cidadão poderia comprar um passe livre para os ônibus municipais, a marquetagem tucana acusou-o de propor uma taxa, um "bilhete mensaleiro".
            Dividia-se o eleitorado em dois grupos. Um, que já foi a Londres, Nova York ou Paris e sabia que esse tipo de bilhete com desconto não é uma taxa, pois ninguém é obrigado a comprá-lo. Noutro grupo estava a população que usa os ônibus. Para ela, bastava fazer a conta: se o novo bilhete custar R$ 150 e o cidadão fizer duas viagens por dia, a tarifa de R$ 3 cai para R$ 2,50.
            Com o início da propaganda eleitoral gratuita Haddad tinha 16% nas pesquisas, bem atrás dos 35% de Celso Russomanno, que sobrevivia ao raquitismo de seu tempo de exposição e de uma ofensiva de parte da hierarquia católica. Uma semana antes da eleição, o "fenômeno Russomanno" começou a evaporar. Na véspera, tinha 27% das preferências. Abertas as urnas, ficou com 22%, fora do segundo turno. O que houve? No final de setembro Russomanno prometera a cobrança de tarifas diferenciadas nas viagens de ônibus. Simples assim: quem anda muito pagaria mais, como quem viaja muito é o trabalhador, lá vinha tunga. Até hoje a explicação mais convincente para a implosão de Russomanno está na migração dos eleitores mais pobres. Perceberam o perigo e saltaram.
            O tucanato, que condenara o Bilhete Único Mensal acordou e, no segundo turno, correu atrás, propondo a extensão da sua validade. Desde 2004, quando a prefeita Marta Suplicy foi a primeira a instituir essa modalidade de tarifa numa grande cidade brasileira, governantes e candidatos do PSDB olham para a iniciativa com cara feia. Primeiro porque criticavam-na nos seus aspectos técnicos. Depois, porque ela parecia coisa do adversário. Acordaram com oito anos de atraso.
            É uma exagerada temeridade atribuir o resultado eleitoral de São Paulo ao item do Bilhete Único, mas certamente ele foi um dos ingredientes do naufrágio, pela percepção oferecida ao eleitorado. No primeiro turno uma parte dele saltou de Russomanno porque o doutor queria cobrar mais caro pelas tarifas de quem fica duas horas no ônibus para chegar ao trabalho. Não se deve esquecer que os transportecas da prefeitura defenderam a instituição do pedágio urbano para veículos sobre pneus numa cidade em que a municipalidade nada cobra pelos pousos de helicópteros. Com uma cabeça dessas, um candidato tucano poderá ganhar a eleição em Fort Worth, no Texas, pois lá está a fábrica das aeronaves Bell.
            A renovação de que o PSDB precisa e que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vocalizou é de nomes mas, sobretudo, de ideias. Não só de propostas novas, mas sobretudo de uma faxina nas velhas, demofóbicas. Os candidatos do PSDB deveriam ser obrigados a usar a rede de ônibus todos os dias, durante pelo menos uma semana. A experiência valeria mais que sete seminários com ex-ministros tucanos reapresentando ideias de um governo que acabou em 2002. Algo como barões do Império amaldiçoando a República em 1899, durante o governo Campos Salles.