Instituto Sírio-Libanês de Pesquisa vai comparar dois tipos de operação que podem mudar produção de insulina
Médicos vão recrutar 75 voluntários com obesidade grau 1; trabalho tem o apoio do Ministério da Saúde
MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO
O Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa começará um estudo que vai avaliar dois tipos de cirurgia bariátrica na cura do diabetes tipo 2 em pacientes "pouco gordos", com obesidade grau 1.
O objetivo é fazer uma comparação entre três modalidades de tratamento: uma técnica cirúrgica experimental ainda não aprovada, a cirurgia bariátrica considerada clássica (bypass gástrico) e o tratamento clínico (apenas com medicamentos).
"Vamos dizer se a cirurgia experimental também funciona e se há vantagens entre uma e outra", afirma Claudia Cozer, endocrinologista e coordenadora do Núcleo de Obesidade e Transtornos Alimentares do Sírio-Libanês.
A tal da técnica experimental (gastrectomia vertical com interposição ileal) já esteve envolvida em polêmica: é a operação à qual o apresentador Fausto Silva se submeteu, apesar de a cirurgia não ser aprovada no país.
Segundo Cozer, há estudos mostrando sua eficácia, mas faltam mais evidências para que a cirurgia seja aceita.
"A gastrectomia vertical com transposição ileal precisa ser estudada para que a gente saiba definitivamente se ela é válida ou não", diz Ricardo Cohen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
De acordo com Bruno Geloneze, endocrinologista e coordenador do Laboratório de Investigação em Metabolismo e Diabetes da Unicamp, trata-se do primeiro estudo com desenho correto e, portanto, cientificamente válido sobre o tema.
NEM TÃO OBESOS
O estudo será feito em parceria com o Ministério da Saúde, e os voluntários devem ser pacientes do SUS, com diabetes tipo 2 e IMC (Índice de Massa Corporal) entre 30 e 35.
Eles serão divididos aleatoriamente entre os três tratamentos e acompanhados por dois anos. O Sírio-Libanês está recrutando pessoas que se encaixem no perfil. Os interessados devem ligar para ou .
Hoje, a cirurgia bariátrica só é autorizada no Brasil para quem tem IMC acima de 35.
No ano passado, porém, a Federação Internacional de Diabetes afirmou que a cirurgia pode ser uma opção para pacientes não tão obesos que não controlam o diabetes mesmo com o melhor tratamento medicamentoso.
Diversas pesquisas mostram remissão do diabetes entre 70% e 90% dos pacientes que fazem a cirurgia bariátrica. Em um estudo feito por pesquisadores brasileiros, incluindo Cohen, após seis anos de acompanhamento, a remissão da doença foi observada em 88% dos pacientes com IMC entre 30 e 35 operados com a técnica bypass.
Como em toda cirurgia, claro, há riscos. Segundo Geloneze, alguns problemas podem ocorrer quando se operam pessoas mais leves, como a perda excessiva de peso que leva à desnutrição.
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