Marcos Coimbra
Estado de Minas: 02/12/2012
Dois mil e doze ainda não terminou, mas já se pode dizer que não foi um bom ano para a oposição. Certamente, não para a oposição institucionalizada, que disputa o jogo político e se expõe às suas incertezas.
Isso é mau para ela, especialmente por estar sendo outro ano desfavorável, depois de vários negativos.
Acresça-se a isso que suas perspectivas de curto e médio prazos também não são alvissareiras.
Passado complicado, presente difícil, futuro incerto.
Tudo isso poderia ser preocupante apenas para ela. Mas o problema, para o país, é que suas agruras deixam inquieta e açodada a outra parte da oposição.
Em todos os países democráticos, existe uma oposição fora dos partidos e estranha ao mundo oficial da política. Ela é constituída por entidades de diferentes tipos: grupos de pressão, movimentos sociais e de opinião, associações de interesse, às vezes por sindicatos patronais ou de trabalhadores.
Também pela parcela mobilizada do eleitorado identificado com os partidos oposicionistas, nas elites, classes médias e no povo.
O “lulopetismo” é o inimigo declarado das oposições extrapartidárias e informais de hoje em dia. Elas assim batizaram o fenômeno político mais importante deste começo de século 21 no Brasil, o crescimento e consolidação de um partido de origem popular, que chegou ao poder, organizou uma ampla coalizão, mostrou-se competente para governar e, por isso, tem chance de lá permanecer por muito tempo.
Enquanto esteve na oposição, o PT tinha suas “bases”, que iam para as ruas e se manifestavam. O governismo da época morria de medo de seus “tentáculos”: a CUT, o MST e assim por diante.
Mas nada de parecido ao que conhecemos hoje existia: quando a oposição era de esquerda, não havia uma “grande imprensa” para auxiliá-la. O PT e seus aliados dispunham, no máximo, de simpatizantes nas redações de alguns veículos da indústria da comunicação ou de pequenas tribunas na imprensa alternativa.
O oposicionismo petista tampouco possuía uma articulação empresarial e institucional significativa. Contavam-se nos dedos os empresários maiores, os integrantes do Judiciário, os poderosos que simpatizavam com a esquerda – e os que o faziam eram ridicularizados por seus pares, como se ser petista, para gente de “alto nível”, fosse risível.
A atual oposição extrapartidária detesta o “lulopetismo”.
Os antilulopetistas radicais – na opinião pública, nas instituições, nos grupos de pressão e na imprensa – não poupam a tibieza que enxergam nos partidos de oposição. E não confiam em sua capacidade de derrotar o adversário.
Por mais que tenham procurado motivos para se alegrar com a eleição municipal, não há como apagar o que aconteceu em São Paulo. Ou negar que foi a terceira eleição seguida em que a oposição perdeu tamanho.
Por mais fichas que tenham colocado na aposta de que o julgamento do mensalão teria impacto destrutivo, por mais que achassem que o “lulopetismo” sairia dele golpeado de morte, o fato é que os prognósticos para a eleição de 2014 continuam largamente favoráveis ao PT.
Aonde a impaciência e a frustração levarão essas pessoas?
Se fôssemos os Estados Unidos ou outros países democráticos estáveis, a resposta seria fácil. Mas não somos.
O Brasil precisa de uma oposição partidária e institucionalizada sólida. Sem ela, nunca estaremos livres dos que se acham capazes de “resolver a bagunça”, “acabar com a corrupção” e “limpar a política”. No bem-bom, dispensando-se de conquistar um só voto.
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