Violência à parte, o México começa a superar o Brasil como país em em ascensão na região
De ouro em termos: a violência, a palavra que mais aparece associada a México na mídia internacional, ofusca o brilho. Mas, se a comparação é com o Brasil, ambos estão empatadíssimos nesse infame torneio: a taxa de homicídios em cada um deles está em intoleráveis 22 a 23 por 100 mil habitantes.
Se há empate nesse quesito, passemos adiante.
É significativo que a revista "The Economist" -a que retratou o Brasil na capa como um foguete, não faz tanto tempo- tenha dedicado extensa reportagem na semana passada à "ascensão do México".
A revista faz a comparação direta com o Brasil, ao lembrar que o México cresceu mais que o Brasil em 2011 (3,9% a 2,7%) e voltará a fazê-lo este ano (3,8% a 1,5%, de acordo com a mais recente previsão da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).
Outra comparação é feita por Shannon O'Neill (Council on Foreign Relations), uma das mais lúcidas analistas de América Latina:
"O Brasil teve seu momento uns dois anos atrás. Hoje, o México está realmente ganhando momento, e poderia estar na iminência de algo diferente".
O'Neill cita dados mexicanos que são também encontrados em análises sobre o Brasil: "O México é agora uma nação de classe média. Nos últimos 15 anos, a classe média do México cresceu até englobar cerca de metade da população. Essas famílias possuem casas e carros, enviam seus dois filhos [média por casal, hoje] para as melhores escolas que podem pagar e compram os produtos mais novos".
Vale para o México, vale para o Brasil, exceto talvez no quesito mandar os filhos para as melhores escolas. No Brasil, a nova classe média não parece estar em condições de pagar as boas escolas particulares, e as públicas raramente entram na relação das melhores.
Por isso mesmo, O'Neill acha que a ascensão da classe média mexicana é mais sólida que a brasileira.
Outra comparação favorável ao México: o Banco Mundial, em seu ranking de facilidade para fazer negócios, põe o México em 35º lugar, ao passo que o Brasil vai para o fim da fila, o 127º entre 183 países.
A "Economist" lembra outras vantagens mexicanas: o México já é o maior exportador mundial de televisões de tela plana (sonho de consumo da nova classe média brasileira), de BlackBerrys e do combinado refrigerador/freezer, além de estar subindo no ranking global em automóveis e na área aeroespacial.
Falemos também das sombras, de novo na boca de Shannon O'Neill: "O México tem alguns grandes nós a superar, como seu decrépito setor energético, setores econômicos concentrados [e ineficientes], falta de uma base ampla de financiamento, problemas que o Brasil já enfrentou, até certo ponto".
A ver como esse ascendente México combina com o presidente Peña Nieto, de um partido, o Revolucionário Institucional, tido há anos como antítese da modernidade.
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