Madonna contra a parede
Simone Sapienza, a Siss, vence concurso de grafite e vai ilustrar capa de novo single da diva do pop
Grafite de Siss escolhido porMadonna para a capa do single |
Mas Sapienza, ou Siss, como assina suas obras, agora trocou o muro por uma capa de disco, e não qualquer disco. Sua Mulher Maravilha com as feições de Madonna, empunhando duas latas de spray, vai estampar o encarte do single "Superstar", que a diva lança agora no Brasil.
Das ruas para o mercado fonográfico, Siss -que criou intervenção no logotipo da "Ilustrada" desta edição-percorreu um caminho curto.
Sem saber que se tratava de uma seleção para a capa do novo single de Madonna, Siss se inscreveu numa oficina no Museu da Imagem e do Som comandada pelo grafiteiro Binho Ribeiro e por Giovanni Bianco, diretor de arte e colaborador da cantora.
Foi só na primeira aula que abriram o jogo e cada um dos 30 participantes ficou sabendo que sua obra poderia acabar na capa do single "Superstar", música que fala de amor incondicional por um macho alfa como James Dean ou Marlon Brando.
Mas a capa de Siss foge disso, e dos homens. Única mulher entre os dez finalistas do concurso -uma votação do público no Facebook peneirou os 30 participantes às dez propostas enviadas a Madonna-, ela venceu com uma proposta de tom feminista.
"Meu trabalho é ligado à condição da mulher", diz a artista à Folha. "Gosto de mulheres fortes, que batem o pé pelo que acham certo."
No rol das superestrelas de Siss, estão a Mulher Maravilha, que emprestou o figurino à Madonna do projeto da capa do CD, e Marge Simpson, mãe de Bart e mulher de Homer no desenho da TV.
Siss emprestou da personagem da animação as frases que estarão na capa de "Superstar": "O shorts diz 'vamos jantar!'. O chicote diz: 'mas você paga!'". Sintético e direto ao ponto, como gosta Siss.
"Siss foi muito sensível em captar a ideia da música e o mundo pop da Madonna na sua linguagem", diz Bianco, que trabalha com Madonna há oito anos. "Ela captou uma coisa que é de rua e é a Madonna. Foi muito inteligente."
COISAS GRANDES
"É bem basicão", diz ela. "Eu me preocupo mais com a ideia do que com o acabamento. É 'TPM': o 'tô pintando muro' tem a ver comigo, com quando estou injuriada e decido começar a pintar."
Siss então busca ícones da cultura pop para dar vazão a essas mensagens imediatas.
Ela, paulistana da zona norte formada em propaganda, foi morar em Atibaia, no interior paulista, onde fez de sua casa um laboratório de formas. "Lá é tudo parede de teste, gosto de inventar coisas grandes, não me dou bem com coisa pequena."
Em alguns de seus desenhos enormes estão estampados personagens que inspiram Siss. Além de Mulher Maravilha, as divas de carne e osso Sophia Loren, Tina Turner, Elza Soares e Madonna.
"Ela fez parte da minha adolescência", diz Siss sobre a cantora. "Onde ela põe a mão tem polêmica. Ela sempre 'chega chegando'."
É a mesma postura que Siss defende no meio da arte urbana, dominada por homens. "Tem portas estreitas [no grafite]", diz a artista. "Mas está melhorando muito. Sempre vejo mulheres pintando aonde eu vou. Na rua, nos eventos, tem muita mulher. Isso mistura um pouco as visões."
Obras de concurso para CD estão expostas no MIS
DE SÃO PAULO
De um total de 80 inscritos, 30 foram selecionados para participar da oficina no Museu da Imagem e do Som que resultou na produção de propostas de ilustração para a capa do single "Superstar", de Madonna, que sai no Brasil.
Uma parceria entre a Folha e o projeto Keep Walking Brazil, da Johnnie Walker, comandada pelo grafiteiro Binho Ribeiro e por Giovanni Bianco, diretor de arte e colaborador de Madonna, criou enquete no Facebook para que o público elegesse suas imagens favoritas.
As dez mais votadas foram enviadas à cantora, que escolheu a vencedora.As 30 propostas de ilustração para Madonna estão na mostra "Arte Urbana no MIS" até 16/12 (av. Europa, 158, tel. 0/xx/11/2117-4777).
Show que chega hoje ao Brasil tem banho de sangue e striptease
DE SÃO PAULODepois de passar por 62 cidades, Madonna chega hoje ao Rio e nesta terça e quarta a São Paulo com seu show mais impressionante até hoje, dentro da turnê "MDNA".Nos números de abertura, ela promove um banho de sangue cenográfico com uma réplica de fuzil AK-47. Mais adiante, num cenário repleto de telões de altíssima definição, ela tira a roupa, simula uma viagem de trem pela Índia, anda numa corda bamba e dança sem parar -um dos números tem até bateristas suspensos no ar.
Não vão faltar polêmicas e provocações. Quando canta "Express Yourself", ela põe no meio uns versos de "Born This Way", de Lady Gaga, apontando a enorme semelhança entre as canções. Ao longo da turnê, a diva também defendeu as russas do Pussy Riot e fez campanha pela reeleição de Obama.
Mas o que importa é a Madonna mais acolhedora que aparece nesta turnê. Ela deixa de lado o aspecto maquinal e ultracoreografado de shows anteriores. Madonna agora conversa mais e leva até o filho Rocco ao palco.
E que palco. A estrutura de "MDNA" -o título embaralha as letras de seu nome e, ao mesmo tempo, lembra o princípio ativo do ecstasy- não está longe de uma pista de dança psicodélica, com blocos coloridos que sobem e descem no ritmo da música.
Mesmo assim, um dos momentos mais surpreendentes é sua releitura calminha de "Like a Virgin", que ela canta com a voz mais grave acompanhada por um piano.
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