Estado de Minas: 02/12/2012
O novo programa da GNT dirigido por Selton Mello atinge índice de audiência interessante e por causa disso recebi várias solicitações para opinar. Assisti a alguns episódios, poucos, confesso. Os atores foram muito bem escolhidos, são incríveis e expressivos. Os roteiros são interessantes e os personagens consistentes.
A música de fundo é bem intimista criando clima misterioso, até sinistro eu diria, e muito pouco confortável, ao contrário, incomoda. Tal como muitas situações de uma análise, quando cada paciente chega com seu sofrimento. Cada um com seu ritmo, sua música, sua letra e composição...
A escuta acolhe, a palavra desvela as fragilidades, as ficções que cada um fez em relação ao que viveu, explicando a seu modo, modo muito particular de interpretar os acontecimentos, e de como pode lidar com tal ou tais situações.
Também como fracassou em muitas outras situações por lidar segundo sua versão e crendo nela como a mais verdadeira, e até mesmo a única que podia visualizar conforme seus recursos permitiam. O sujeito do inconsciente sabe sua verdade, entretanto, a consciência pode recusá-la, negá-la, varrer para debaixo do tapete e até distorcê-la.
E as versões, ao serem escutadas, podem ser percebidas, se mostrarem equivocadas, demonstrando a partir de outra visão outras interpretações possíveis ou até mesmo quanto o paciente evita olhar para a subjetividade com mecanismos de defesa e os véus que encobrem coisas terríveis, que não conseguimos encarar por nos causarem terror.
Somos muito delicados, embora às vezes, ou sempre, pareçamos truculentos. A delicadeza pode ser traduzida e entendida pelo sentimento de inadaptação constante pelo qual passamos frequentemente. Somos inadequados ao mundo real, queríamos tudo diferente, queríamos ideias.
E a resposta para muitas das nossas inquietações e inadequações é a dor existencial. O que quer que façamos, a dor existencial nos acompanha. Lidamos com inumeráveis frustrações, com a rejeição, crueldades, fracassos, nossas raivas, que nos assustam tanto, e a dos outros também, e por aí vão motivos e mais motivos para o sofrimento.
Além dos penares inevitáveis, há fatos traumáticos na vida, que marcam e norteiam nossa forma de viver. Por isso, ficamos cegos e surdos para essa dor de dentro, e nos fazemos de fortes, ignorando, esquecendo, não entendendo... Isso é causa até para os problemas com a aprendizagem porque passamos a não compreender muitas coisas relacionadas ao ponto traumático central, o umbigo da dor, se podemos tratá-la dessa forma.
Podemos dizer que a psicanálise tem como objetivo esse sujeito do inconsciente, difícil de suportar porque está mergulhado em muitas coisas das quais não queremos saber. Saber das coisas como elas são é insuportável e nossos insuportáveis vão justamente para onde podemos ignorá-los, longe da consciência.
Nos esquecemos desses insuportáveis, mas eles não se esquecem da gente e retornam, senão pela razão, por meio de um mal-estar que não podemos nomear. Como a coisa não é lembrada, o sentimento dela vem à tona anunciando: onde há fumaça há fogo.
Achei o seriado interessante porque mostra essas situações, sensibiliza para a atenção ao que é da ordem da subjetividade e isso desperta as pessoas, desperta o desejo de saber. Evidencia a existência de algo em nós desconhecido, um estranho a ser escutado.
A música de fundo é bem intimista criando clima misterioso, até sinistro eu diria, e muito pouco confortável, ao contrário, incomoda. Tal como muitas situações de uma análise, quando cada paciente chega com seu sofrimento. Cada um com seu ritmo, sua música, sua letra e composição...
A escuta acolhe, a palavra desvela as fragilidades, as ficções que cada um fez em relação ao que viveu, explicando a seu modo, modo muito particular de interpretar os acontecimentos, e de como pode lidar com tal ou tais situações.
Também como fracassou em muitas outras situações por lidar segundo sua versão e crendo nela como a mais verdadeira, e até mesmo a única que podia visualizar conforme seus recursos permitiam. O sujeito do inconsciente sabe sua verdade, entretanto, a consciência pode recusá-la, negá-la, varrer para debaixo do tapete e até distorcê-la.
E as versões, ao serem escutadas, podem ser percebidas, se mostrarem equivocadas, demonstrando a partir de outra visão outras interpretações possíveis ou até mesmo quanto o paciente evita olhar para a subjetividade com mecanismos de defesa e os véus que encobrem coisas terríveis, que não conseguimos encarar por nos causarem terror.
Somos muito delicados, embora às vezes, ou sempre, pareçamos truculentos. A delicadeza pode ser traduzida e entendida pelo sentimento de inadaptação constante pelo qual passamos frequentemente. Somos inadequados ao mundo real, queríamos tudo diferente, queríamos ideias.
E a resposta para muitas das nossas inquietações e inadequações é a dor existencial. O que quer que façamos, a dor existencial nos acompanha. Lidamos com inumeráveis frustrações, com a rejeição, crueldades, fracassos, nossas raivas, que nos assustam tanto, e a dos outros também, e por aí vão motivos e mais motivos para o sofrimento.
Além dos penares inevitáveis, há fatos traumáticos na vida, que marcam e norteiam nossa forma de viver. Por isso, ficamos cegos e surdos para essa dor de dentro, e nos fazemos de fortes, ignorando, esquecendo, não entendendo... Isso é causa até para os problemas com a aprendizagem porque passamos a não compreender muitas coisas relacionadas ao ponto traumático central, o umbigo da dor, se podemos tratá-la dessa forma.
Podemos dizer que a psicanálise tem como objetivo esse sujeito do inconsciente, difícil de suportar porque está mergulhado em muitas coisas das quais não queremos saber. Saber das coisas como elas são é insuportável e nossos insuportáveis vão justamente para onde podemos ignorá-los, longe da consciência.
Nos esquecemos desses insuportáveis, mas eles não se esquecem da gente e retornam, senão pela razão, por meio de um mal-estar que não podemos nomear. Como a coisa não é lembrada, o sentimento dela vem à tona anunciando: onde há fumaça há fogo.
Achei o seriado interessante porque mostra essas situações, sensibiliza para a atenção ao que é da ordem da subjetividade e isso desperta as pessoas, desperta o desejo de saber. Evidencia a existência de algo em nós desconhecido, um estranho a ser escutado.
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