Casamento, sabemos todos, é inviável.
Mesmo aqueles antigos, que envolviam homens e mulheres realmente
apaixonados, naufragavam mais depressa que o RMS Titanic
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 18/04/2013
Só os homofóbicos
defendem o casamento gay. É tese que sustento há séculos e vou explicar
por quê. Antes, refresco a memória do leitor com os significados das
palavras. Homofobia é rejeição ou aversão a homossexual e à
homossexualidade. Homossexualidade é condição de homossexual, que, por
seu turno, é relacionamento sexual mantido por indivíduos do mesmo sexo,
que tanto podem ser homens, como podem ser mulheres.
Gay, diz
Houaiss, é homossexual. Bill Gates, casado com Melissa, escreve o
seguinte: “Gay is preferred to homosexual. The adjective gay encompasses
both men and women, but when there is a need to especify both genders,
as in gay and lesbian aliances, gay describes men”. Creio desnecessário
traduzir, mesmo porque não sei inglês, mas entendi e o leitor também
entendeu.
Isto posto, volto ao assunto explicado neste suelto: só
o homofóbico sincero pode defender o casamento gay. No Brasil, na
Argentina, nos Estados Unidos, em França temos visto centenas de
milhares de homofóbicos, honestamente contrários às uniões homossexuais,
defendendo nas ruas o casamento gay.
Freada de arrumação, para o
leitor reler o que foi escrito acima. Releu? Foi isso mesmo que você
entendeu: dá gosto escrever para leitores inteligentes. Só o homofóbico
honesto defende o casamento gay, pelo seguinte: autorizado o casamento,
acaba o homossexualismo. Não existindo homoafetividade, deixam de
existir os gays.
Casamento, sabemos todos, é inviável. Mesmo
aqueles antigos, que envolviam homens e mulheres realmente apaixonados,
naufragavam mais depressa que o RMS Titanic. Houve exceções, é certo,
como também existem casos na literatura médica de remissões completas de
cânceres. Por sinal, número maior que o atribuído aos milagres de
Fátima. Não invento: está no livro de Carl Sagan.
Ora, se os
milhões (bilhões?) de casamentos entre homens e mulheres não deram
certo, melhormente devem fracassar os casamentos de homem com homem e de
mulher com mulher. Sem entrar no terreno da paixão que acaba, pergunto:
no casamento de homem com homem, quem é que vai buscar a cerveja na
geladeira? Quem é que vai ficar com o controle remoto? Quem vai cozinhar
e lavar os pratos? E o tanque: como é que fica?
Pergunto ainda:
no casamento de mulher com mulher, como pensar no casal saindo de casa?
Uma vai experimentar oito vestidos perguntando à outra se assim está
bem. A outra, por seu turno, vai experimentar oito vestidos, sempre
perguntando se está bem, enquanto a primeira volta a experimentar oito
vestidos. É inviável. Não há lesbianismo que resista.
Viver
Sei
que as pessoas viviam porque vivi, mas hoje me pergunto: como podíamos
viver sem lenços, guardanapos e toalhas de papel? Aos 15 anos e no
Pantanal do Mato Grosso, encarei uma gripe sem lenços de papel. Levava
na mala uma dúzia de lenços de pano, que era obrigado a lavar e ponhar
para secar nos fios de arame farpado da cerca mais próxima.
O
leitor já deve ter notado que adoro o verbos ponhar e botar, ao passo
que não escrevo colocar que jeito e maneira. Diz o Google que o verbo
ponhar é utilizado somente no Brasil. Sobretudo e principalmente pelo
philosopho, que o aprendeu na roça e gostou do som.
Agora, uma
pergunta sem a intenção de ofender o caro e preclaro leitor: você já
esteve numa balada? Sou virgem delas, mas tenho visto na tevê: um pavor!
Som nas alturas, cenas de sexo implícito e explícito, drogas a montões
não somente no Brasil como no resto do planeta, com exceção, talvez, da
Coreia do Norte. Não cabe a pergunta “aonde vamos?”, porque já chegamos.
E o porto nada tem de seguro.
Clinch
Pois
é, o substantivo masculino inglês está lexicalizado por aqui: clinch –
lance em que os lutadores de boxe se agarram durante a luta, um
prendendo o braço do outro sob o seu próprio braço. Como fui boxeador
numa juventude já distante, aprendi os termos e os truques daquele
esporte.
Por isso, quero avisar aos leitores que a conversa de me
convidar para um café, depois de vários elogios forçados, comigo não
cola. Parece clinch: quando o boxeador está em apuros prende o braço do
adversário sob o seu.
De outro lado, o convite me lisonjeia,
porque sei que estou incomodando certos grupos que vivem de tungar o
dinheirinho dos crentes. Café tomo do meu expresso, que é muito bom.
Escrevesse em italiano, tomaria caffè espresso. Passem bem e muito
obrigado.
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