Mariana Peixoto
A nova produção do AXN mostra a origem da série de crimes na vida do psiquiatra Hannibal Lecter |
Nunca houve um serial killer como Hannibal Lecter. E tampouco um intérprete do personagem como Anthony Hopkins. Uma das séries mais comentadas da temporada, Hannibal, que estreia hoje no canal pago AXN, só vem comprovar isso. Já explorado à exaustão pelo cinema, o personagem tem fôlego para continuar sua saga. Mas a que preço? Pois o episódio- piloto, no ar às 22h, não empolga. Ainda é cedo para dizer – nos Estados Unidos, só foram exibidos os dois primeiros episódios dos 13 previstos –, mas o personagem-título, pelo menos por ora, não traz empatia com o público – ao contrário do Hannibal de O silêncio dos inocentes, já que nos filmes posteriores o próprio Hopkins caiu no pastiche de si mesmo.
A narrativa é inspirada no primeiro dos quatro romances de Thomas Harris, Dragão vermelho – também já levado ao cinema, inclusive em uma primeira versão, de 1986, com Brian Cox no papel de Lecter. Mostra o início do envolvimento do psiquiatra canibal com Will Graham, igualmente brilhante. Este último é quem conduz o episódio. Ex-detetive e hoje professor, Graham náo é nada sociável (sofre de um tipo de autismo), porém consegue como ninguém se colocar no lugar dos criminosos, decifrando os mistérios com rapidez. É chamado por Jack Crawford, chefe da Unidade de Ciência Comportamental do FBI, para ajudar a descobrir quem é o assassino de uma série de jovens. Hannibal aparece no meio do episódio, como uma espécie de mentor de Graham, que, instável, acaba sendo muito afetado pelos crimes.
Sabe-se que os dois vão ter uma relação muito próxima, mas nesse início o interesse é todo de Hannibal, já que Graham tenta manter distância de qualquer ser humano – ele vive sozinho numa casa rodeado de cachorros abandonados. A série é produzida por Bryan Fuller (o mesmo de Dead like me e Pushing daisies, que misturam humor e fantasia) e o episódio de estreia, “Aperitivo”, foi dirigido por David Slade (de A saga Crepúsculo: Eclipse).
O dinamarquês Mads Mikkelsen, com seu rosto superanguloso, não precisa se esforçar muito para parecer maligno. Hugh Dancy parece tão atordoado quanto seu Will Graham e, pelo menos nesse episódio, quem se sobressai é Laurence Fishburne como Jack Crawford. Nesse início, Hannibal mais insinua do que mostra. Em mais de uma cena, o psiquiatra canibal saboreia bons nacos de carne. Noutra, maldosamente, ele divide seu café da manhã com um inocente Graham (ovos mexidos adivinha com o quê?), enquanto conversam sobre análise comportamental e outros assuntos nada digeríveis. Para o telespectador fica a expectativa do banquete, pois esse aperitivo deixou a desejar.
Mads Mikkelsen é sempre lembrado como o vilão Le Chiffre de 007 - Cassino Royale |
HANNIBAL
Estreia hoje, às 22h, no canal AXN. A série é a primeira no Brasil a oferecer um aplicativo de segunda tela (second screen) que possibilita ao telespectador acesso a conteúdo extra e interação com redes sociais. O app poderá ser baixado gratuitamente pelo iTunes
SAIBA MAIS - O CANIBAL
Hannibal Lecter é obra do escritor e roteirista norte-americano Thomas Harris, que publicou quatro livros com o personagem: Dragão vermelho (1981), O silêncio dos inocentes (1988), Hannibal (1999) e Hannibal, a origem do mal (2006), todos editados no Brasil e adaptados para o cinema. A origem de sua história tenta explicar por que o psiquiatra se torna canibal. Nascido na Lituânia, ex-república soviética, é filho de um conde lituano e uma mulher da alta burguesia italiana. Durante a 2ª Guerra Mundial, a família Lecter é vítima dos nazistas. Só Hannibal e sua irmã, Mischa, sobrevivem. Acabam se envolvendo com os hiwis, lituanos que se unem aos nazistas e num inverno rigoroso eles matam Mischa para depois comê-la.
>>Festival de psicopatas
Fox/Divulgação |
. Bates Motel – Como seria Norman Bates antes de se tornar Normal Bates? A produção do canal A&E mostra a adolescência do personagem eternizado por Alfred Hitchcock em Psicose (1960). Ele é vivido por Freddie Highmore e sua mãe por Vera Farmiga. Estreou em março nos EUA e já garantiu uma segunda temporada. O Universal Channel comprou a série, mas ainda não marcou a estreia.
. Criminal minds – Veterana no gênero, traz uma equipe de elite do FBI especializada em analisar as mentes de serial killers. No elenco, que já teve algumas mudanças, destacam-se Joe Mantegna, Thomas Gibson e Matthew Gray Gubler. Está em sua oitava temporada, ainda não renovada. É exibida às segundas-feiras, às 22h, no canal AXN.
. Dexter –Um especialista forense em análise sanguínea que trabalha para a polícia e mata criminosos que ela não consegue prender. Com uma ética muito pessoal, Dexter consegue ainda levar uma vida aparentemente normal. Cheia de ironias, a série, estrelada por Michael C. Hall (foto), é exibida aos domingos, às 23h, no canal FX. A oitava temporada estreia em 30 de junho, nos EUA.
. The following – Um dos sucessos da temporada, trata da relação entre um brilhante serial killer com pretensões literárias (James Purefoy), que, depois de matar 14 estudantes, é preso por um agente do FBI (Kevin Bacon, em sua estreia na TV). Anos mais tarde, organiza uma seita e foge. Seu perseguidor, hoje aposentado, é chamado para ir atrás dele, e tem início um jogo de gato e rato. Já com segunda temporada garantida, é exibido às quintas-feiras, às 23h, na Warner.
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