Integrante do grupo diz que é possível estender trabalhos por seis meses além do prazo de dois anos fixado em lei
Pedido de prorrogação será feito em reunião do colegiado com a presidente Dilma, ainda sem data marcada
A comissão tomou posse em maio de 2012, com prazo de dois anos para apurar as violações aos direitos humanos ocorridos durante a ditadura militar (1964-1985).
O pedido de prorrogação deve ser feito em uma reunião que a comissão fará com a presidente Dilma Rousseff para discutir o balanço de seu primeiro ano de atuação, ainda sem data definida.
"É possível que a gente tenha aí mais seis meses de trabalho", disse Cardoso, após a instalação de um grupo de trabalho que vai apurar a perseguição a sindicalistas na ditadura. Segundo ela, as comissões estaduais da verdade reivindicam maior prazo para apresentar o resultado de suas investigações, que depois precisariam ser analisadas pelo colegiado nacional.
A Folha publicou no último domingo que integrantes da própria comissão duvidam que o grupo consiga detalhar todas as violações cometidas durante o regime se tiver que encerrar os trabalhos em maio de 2014.
Embora a maioria do colegiado defenda que a comissão só apresente suas conclusões no relatório final, Rosa Cardoso afirmou que uma divulgação parcial de resultados será feita no mês que vem. A expectativa é atualizar o número de mortos e desaparecidos na ditadura.
A comissão pretende ouvir ex-agentes da repressão no segundo semestre. O grupo tem poder para convocar testemunhas e obrigá-las a depor, mas adotou a prática de convidar as pessoas e só transformar convites em convocações quando houver recusa.
Integrante do grupo sugere cautela em relatório final
Citar envolvidos requer cuidado, diz advogado
"Há questões sobre as quais a gente vai ter que sentar para conversar com calma, como a identificação das pessoas. Quando houver nome para além de qualquer suspeita, tudo bem. Agora, nome por funções, é preciso ter cuidado", disse à Folha.
Ele deu como exemplos peritos que produziram laudos falsos para dar aparência de morte em conflito ou suicídio a execuções feitas pelo regime. Segundo ele, ao menos parte desses laudos descreve evidências implausíveis.
"Era como se eles estivessem dizendo para o futuro: Olha, esse sujeito não morreu disso aqui não'. É tudo muito mais complexo."
A identificação dos responsáveis pelas violações é, para alguns especialistas, a maior contribuição que o colegiado nomeado pela presidente Dilma pode dar à narrativa do período, uma vez que boa parte das circunstâncias dos crimes --hoje anistiados-- já é conhecida.
Cavalcanti é criticado por colegas por ser ausente do grupo. O advogado do Recife nega e diz sacrificar-se para participar dos trabalhos.
"Eu acordo na segunda-feira, às 4h da manhã, para pegar um voo [para Brasília] às 5h30. Não recebo nada, estou ali por espírito público. Na volta há um voo às 15h02 da terça-feira e um às 23h10. O das 23h10 chega ao Recife perto das 2h. Só para você ver a cota de sacrifício."
Além da distância de Brasília, afirmou, outra questão é conciliar sua vida profissional com a comissão.
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