Agnaldo Timóteo garante que deixou a política e que agora está se dedicando exclusivamente
à música. Com agenda cheia até setembro, ele se oferece para lançar novo disco na Praça Sete
Ana Clara Brant
Estado de Minas: 08/05/2013
“Ninguém canta no Brasil
mais do que eu. Sou um cantor na mais absoluta concepção da palavra.
Pode até ter mais famosos, mas sou um talento extraordinário. Deveria
ser no Brasil o que o Frank Sinatra foi nos Estados Unidos.” É assim,
sem falsa modéstia e sem papas na língua, que o mineiro Agnaldo Timóteo,
de 76 anos, se define. Não tem vergonha de sua origem humilde – muito
pelo contrário –, faz questão de expor seus pontos de vista e de
destacar que se fez músico sozinho. “Nunca fiz aula, nada de nada. Sou
autodidata. É uma dádiva que só Deus explica”, afirma.
Depois
de alguns anos dedicados à política, exercendo os cargos de deputado
federal (pelo Rio de Janeiro) e de vereador (pelo Rio de Janeiro e São
Paulo; ele não se reelegeu em 2012), ele agora se volta inteiramente
para a carreira que começou ainda adolescente, cantando em Caratinga,
sua cidade natal, no Vale do Rio Doce. “Tenho personalidade forte e
cheguei a ser agressivo e até a arrumar briga nesse meio político. Estou
cuidando melhor do meu lado de cantor. Antes, utilizava a tribuna para
falar o que pensava; hoje, quando quero expressar minha opinião, vou aos
programas de TV”, avisa.
Antes de ingressar no meio musical,
Agnaldo Timóteo fez de tudo um pouco: vendedor, engraxate e funcionário
do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), hoje
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Quando
veio para Belo Horizonte, chegou a trabalhar em retíficas e
metalúrgicas, atuando como torneiro mecânico. “Igual ao presidente Lula
e, assim como ele, só tenho o primário”, gosta de lembrar.
As
coisas começaram a mudar em 1958, quando o apresentador, locutor e
animador Aldair Pinto o convidou para cantar em seu programa de
auditório na capital mineira. O Caratinga ou o Cauby mineiro, como o
chamavam na época, deu um show. Anos depois, mudou-se para o Rio de
Janeiro e sua carreira artística começou realmente a se concretizar.
Chegou a ser motorista da cantora Ângela Maria. A Sapoti o indicou para a
gravadora Copacabana, que o acabou rejeitando. Mas o sucesso era
questão de tempo e, aos poucos, tornou-se conhecido nacionalmente pela
voz potente. Ficou famoso ao gravar a canção Meu grito, de Roberto
Carlos. Depois vieram vários hits românticos, como Ave Maria, Mamãe e Os
verdes campos da minha terra.
O cantor soma 47 anos de
carreira e recentemente lançou disco com músicas religiosas, Minha
oração. Sua agenda de shows, com compromissos confirmados até setembro,
tem apresentações que vão de norte a sul. “Estou bem na fita e não paro
de trabalhar. As pessoas se surpreendem comigo no palco. Sei usar a
minha voz muito bem e cuido dela. Não bebo, não fumo, não cheiro. Sou um
bom exemplo e sou meu maior admirador”, revela.
Agnaldo
acredita que se tivesse sido melhor assessorado ao longo dos anos, teria
tido êxito muito maior na profissão. E ressalta que seu talento
prevaleceu porque, avalia, era para ter desaparecido. “Tenho colegas que
foram mortos em vida. E eu sobrevivi. Cometi erros e acertos e nunca
tive muito apoio da mídia. A imprensa fabrica e destrói. Eles elegem os
queridinhos e pronto. O João Gilberto mesmo vive do nome que fez há 50
anos. Depois disso não fez mais nada. Não canta, não sorri, não fala,
não dá entrevista, mas as pessoas pagam uma fortuna para vê-lo. E a
mídia o venera, o valoriza, e não me valoriza. Mas o público nunca me
abandonou e se tivesse um tratamento melhor por parte da imprensa,
conquistaria um público maior ainda”, opina.
Mausoléu e Botafogo O
cantor tem um grande carinho pela cidade natal, onde ainda vivem vários
de seus familiares. Ganhou uma estátua em tamanho natural e é lá que
pretende ser enterrado. Já até pensou em como será seu mausoléu. “Sou
apaixonado por Caratinga. Penso em um mausoléu com detalhes em branco e
preto, em homenagem ao meu time, o Botafogo, e quero esta frase: Aqui
está Agnaldo Timóteo.” Se os mineiros da terra de origem o reverenciam,
inclusive as autoridades, o mesmo não se pode dizer dos demais políticos
de Minas Gerais. “Não tenho muita contemplação por parte dos
representantes do estado. Parece até que Minas Gerais só tem o Milton
Nascimento. E olha que ele nem é mineiro mesmo”, lamenta.
No
geral, o cantor diz estar satisfeito com sua trajetória e ainda quer
lançar um disco que já está gravado, Recuerdos de mi juventud, que traz
clássicos da música latina e foi todo cantado em espanhol. “Espero que
alguma gravadora se interesse e quem sabe não vou aí, em BH, fazer um
lançamento na Praça Sete. Sempre fiz isso. Ir para a rua, colocar um
carro de som, autografar os discos e vendê-los a preços populares”,
comenta.
O artista mineiro não deixa de alfinetar o atual
momento da música brasileira, mas enquanto existir quem goste de
romantismo e não tenha preconceito, acredita que sempre terá o seu
espaço. “Não sou cantor de ‘quero tchu, quero tchá’. Sou um artista de
verdade. Não sou um momento, uma explosão, como muitos por aí. E é por
isso que tenho meus fãs e sou respeitado”, garante, orgulhoso.
Cante com
agnaldo
Tu és o maior amor da minha vida
Tu és o maior amor da minha vida
Tu és uma estrela guiando meus passos
Nas horas tristes, nas horas lindas minha querida
Tu és o maior amor da minha vida
Enquanto existir lá no céu uma estrela brilhando
E o sol do infinito teu rosto queimando
Tu serás a luz a iluminar o meu caminho
Tu serás querida o maior amor da minha vida.
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