Não somos só nós que estamos abismados sem encontrar uma resposta boa para o porquê de muita gente ter deixado de cozinhar, substituindo a cozinha pela TV e assistindo a programas que, na realidade, falam de comida, competem por comida, enquanto os espectadores simplesmente vão enchendo a boca de água.
Agora, em 2013, o conhecido escritor Michael Pollan lançou um livro, “Cooked, a Natural History of Transformation” (cozinhar, a história natural da transformação). Acho os livros dele bonitos, bem escritos, mas um pouco ingênuos nas suas propostas de volta à natureza.
Não sei se são as teorias ou o jeito francês de falar, só sei que, no fim da leitura, sempre estou meio tentada a comprar uma vaca e colocar na laje, com todos os apetrechos para fazer queijo.
Mas as preocupações dele sempre foram maiores, de como alimentar bem o planeta, da beleza dos jardins, da conexão com o mundo. De repente, a pergunta que não pode calar começou a incomodá-lo como aquelas musiquinhas de uma nota só que grudam no cérebro.
Por que terá sido nesse momento histórico que as pessoas largaram a cozinha é que começaram a pensar insistentemente no assunto, a falar dele e sentar no sofá e assistir a um programa de TV que leva o tempo de preparar uma refeição leve?
Por que, quanto menos cozinhamos, mais a comida e o modo de fazê-la nos impressiona, nos seduz? Ninguém assiste a séries de tricô, nem de lavar roupa. Mas… Comida… E não parece que assistimos para aprender, pois, se assistir televisão ensinasse a fazer qualquer coisa, quase todos os homens se equiparariam ao Neymar no futebol.
Então, talvez existam algumas coisas na cozinha que realmente nos fazem falta. Aí ele se aproveita do Bachelard e monta o livro sobre os elementos de base. Fogo, água, ar e terra. E se baseia também em Lévi-Strauss e Richard Wrangman para discorrer sobre a transformação da comida.
E o que foi que nosso autor ainda não havia feito apesar de seu mundo girar em volta da comida? Não aprendera a cozinhar! Mas achou que a teoria não bastava. Ao não saber cozinhar, estava perdendo poder. O seu leque de opções diminuía muito e tinha que se render a especialistas, sem ter muita voz ativa.
E aprendeu (além de cozinhar uma carne e fazer uma cerveja) que o cozinheiro estava situado no meio do mundo natural e da cultura, num processo de tradução e negociação. Ao cozinhar, mudamos o mundo e, no processo, a nós. Cozinhar, comer e beber nos ligam ao mundo.
Cozinhando com um coreano, nosso famoso autor, hoje passável cozinheiro, aprendeu que as comidas coreanas podem ter gosto de língua ou gosto de mão. Gosto de língua é o fenômeno químico, objetivo, que se realiza quando as papilas entram em contato com a comida. Um fenômeno acessível e fácil.
E o gosto de mão envolve mais que o simples sabor, pois tem impresso nele a assinatura de quem o fez. O gosto de mão não se imita, é o gosto do amor. Foi o que aprendeu Michael Pollan, que antes só sabia fazer um molho de sálvia que servia com macarrão. É o amoor!!!
Agora, em 2013, o conhecido escritor Michael Pollan lançou um livro, “Cooked, a Natural History of Transformation” (cozinhar, a história natural da transformação). Acho os livros dele bonitos, bem escritos, mas um pouco ingênuos nas suas propostas de volta à natureza.
Não sei se são as teorias ou o jeito francês de falar, só sei que, no fim da leitura, sempre estou meio tentada a comprar uma vaca e colocar na laje, com todos os apetrechos para fazer queijo.
Mas as preocupações dele sempre foram maiores, de como alimentar bem o planeta, da beleza dos jardins, da conexão com o mundo. De repente, a pergunta que não pode calar começou a incomodá-lo como aquelas musiquinhas de uma nota só que grudam no cérebro.
Por que terá sido nesse momento histórico que as pessoas largaram a cozinha é que começaram a pensar insistentemente no assunto, a falar dele e sentar no sofá e assistir a um programa de TV que leva o tempo de preparar uma refeição leve?
Por que, quanto menos cozinhamos, mais a comida e o modo de fazê-la nos impressiona, nos seduz? Ninguém assiste a séries de tricô, nem de lavar roupa. Mas… Comida… E não parece que assistimos para aprender, pois, se assistir televisão ensinasse a fazer qualquer coisa, quase todos os homens se equiparariam ao Neymar no futebol.
Então, talvez existam algumas coisas na cozinha que realmente nos fazem falta. Aí ele se aproveita do Bachelard e monta o livro sobre os elementos de base. Fogo, água, ar e terra. E se baseia também em Lévi-Strauss e Richard Wrangman para discorrer sobre a transformação da comida.
E o que foi que nosso autor ainda não havia feito apesar de seu mundo girar em volta da comida? Não aprendera a cozinhar! Mas achou que a teoria não bastava. Ao não saber cozinhar, estava perdendo poder. O seu leque de opções diminuía muito e tinha que se render a especialistas, sem ter muita voz ativa.
E aprendeu (além de cozinhar uma carne e fazer uma cerveja) que o cozinheiro estava situado no meio do mundo natural e da cultura, num processo de tradução e negociação. Ao cozinhar, mudamos o mundo e, no processo, a nós. Cozinhar, comer e beber nos ligam ao mundo.
Cozinhando com um coreano, nosso famoso autor, hoje passável cozinheiro, aprendeu que as comidas coreanas podem ter gosto de língua ou gosto de mão. Gosto de língua é o fenômeno químico, objetivo, que se realiza quando as papilas entram em contato com a comida. Um fenômeno acessível e fácil.
E o gosto de mão envolve mais que o simples sabor, pois tem impresso nele a assinatura de quem o fez. O gosto de mão não se imita, é o gosto do amor. Foi o que aprendeu Michael Pollan, que antes só sabia fazer um molho de sálvia que servia com macarrão. É o amoor!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário