Especialidade trata e previne doenças
ligadas às vias aéreas, comuns nessa época do ano. Exercícios ajudam a
aumentar capacidade pulmonar
Paula Takahashi
O avanço do outono
já anuncia a chegada de um dos períodos do ano mais temidos por pessoas
que convivem com doenças respiratórias: o inverno. A baixa umidade do
ar é ingrediente certeiro para o ressecamento das vias aéreas, abrindo
brecha para complicações provocadas pela sinusite, bronquite e asma.
Para amenizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida daqueles que
são acometidos por essas doenças, uma especialidade da fisioterapia –
até então muito associada à ortopedia esportiva – se mostra a principal
aliada.
A fisioterapia respiratória ganha cada vez mais
visibilidade no tratamento e prevenção de enfermidades ligadas às vias
aéreas. Com a adoção de técnicas que incluem higiene, estímulo à
expectoração, ampliação da capacidade respiratória e fortalecimento da
musculatura torácica, é possível mitigar as principais reações
provocadas por essas doenças. “Pessoas que têm alteração no sistema
respiratório precisam readequá-lo. Com técnicas de fisioterapia que
incluem exercícios, é possível reaprender a respirar, usando maiores
volume e capacidade pulmonares”, explica Silano Souto Mendes Barros,
fisioterapeuta com especialização em fisioterapia em terapia intensiva.
Ao
ampliar a capacidade respiratória, a oxigenação dos tecidos é
favorecida e o resultado é a melhoria da qualidade de vida. “Do
contrário, as pessoas ficam cansadas mais rápido, reduzem as atividades
físicas e podem comprometer inclusive a vida sexual e rendimento no
trabalho”, observa Silano. Por isso a importância de priorizar uma
respiração correta e que amplie a capacidade pulmonar. Segundo Jocimar
Martins, presidente da Associação Brasileira de Fisioterapia
Cardiorrespitarória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (Assobrafir), a
especialidade tem papel fundamental na melhoria do condicionamento
muscular. “E com isso, são maiores os benefícios fisiológicos e
capacidade de praticar exercícios”, acrescenta.
PREPARO PARA CRISES
Os resultados vão além. Há ainda técnicas que preparam o corpo para
reagir da melhor forma possível a uma futura crise. “Com a fisioterapia,
é realizado o fortalecimento da musculatura respiratória, que ganha
resistência. Com isso o condicionamento físico melhora e o controle da
respiração também. Esse processo permite prevenir as crises”, observa a
professora de fisioterapia da Faculdade Estácio de Sá Juliana Fonseca.
Com
o avanço das sessões e melhoria do quadro do paciente, fatalmente o uso
de medicamentos será reduzido. “Esste é um grande aliado do tratamento
medicamentoso. Uma pessoa com asma, por exemplo, pode reduzir a
quantidade de remédio e ficar apenas com a bombinha no caso de ter uma
crise”, afirma a especialista. A professora Ana Lúcia Faria de Souza é
prova dos resultados do tratamento. “Antes de fazer a fisioterapia, eu
ia direto para o hospital e entrava no antibiótico. Hoje não tomo mais”,
conta.
Vítima de uma sinusite crônica, ela nunca imaginou que
existisse tratamento fisioterapêutico para seu caso. “Foi o médico que
indicou. Hoje não fico mais sem principalmente porque antes não dormia,
por conta da apneia. Agora durmo muito bem”, garante. Durante as
sessões, Ana Lúcia passa por uma série de etapas, entre elas a de
fortalecimento dos músculos respiratórios. “Existe uma forma de
abdominal que auxilia nesse processo e com isso me sinto muito melhor.
Além disso, faço exercícios para manter a respiração mais leve”,
explica. As sessões incluem ainda um procedimento fundamental, a limpeza
das vias aéreas superiores, ou seja, o nariz. “Com o uso de soro
fisiológico limpa-se tudo e respiro muito melhor”, explica a professora.
Secreção deve ser expelida
Quem sofre de
doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) – conjunto de doenças que
inclui bronquite e enfisema, por exemplo – deve aprender a viver com a
constante hipersecreção. A tosse e o transporte mucociliar são
importantes mecanismos de expulsão dessa secreção, mas ficam
comprometidos em pessoas que apresentam as doenças respiratórias.
Esse
é um fator que requer bastante atenção. Segundo Jocimar Martins, da
Assobrafir, o acúmulo de secreção brônquica, principalmente em regiões
periféricas, torna-se um meio propício para colonização de bactérias,
infecções e até hospitalização. “Porém, esse ciclo pode ser alterado por
meio de diferentes intervenções. Várias técnicas de fisioterapia
respiratória têm sido desenvolvidas para aumentar a remoção da secreção
em pacientes em que a retenção ocorre nos brônquios”, observa.
Entre
elas, a técnica Eltgol, que alcança regiões do pulmão onde a tosse não
consegue chegar e, dessa forma, não é eficaz no processo de expulsão.
“Essas secreções retidas podem provocar pneumonia e piorar o quadro do
paciente”, alerta Jocimar, que liderou um estudo realizado pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e premiado no Congresso da
European Respiratory Society, na Alemanha, em 2006, mostrando os efeitos
da técnica Etgol.
Outra importante alternativa para reduzir o
processo de produção da secreção é manter a umidade do nariz. “Quando o
tempo está muito seco, as vias aéreas superiores têm um desgaste muito
grande para umidificar e aquecer o ar para chegar de forma adequada ao
pulmão”, explica Jocimar. Para não colocar a mucosa sob estresse, é
fundamental a limpeza constante do nariz com soro fisiológico. “De manhã
e à noite já é suficiente para não deixar acumular essa secreção”,
orienta a especialista. (PT)
Nenhum comentário:
Postar um comentário