CRÍTICA - FESTIVAL IN-EDIT BRASIL 2013
Formada nos anos 1980, dupla paulistana quis abordar canção popular com humor e sofisticação instrumental
Que não eram mulheres. Muito menos negras.
Assim, André Abujamra e Mauricio Pereira faziam questão de dizer que eles eram Os Mulheres Negras, "a terceira menor big band do mundo".
"Música É para Isso: Uma História dos Mulheres Negras", documentário de Bel Bechara e Sandro Serpa, passa bons minutos iniciais com possíveis explicações sobre a origem do nome da dupla.
Serve como boa introdução de um documentário, que tem forte caráter analítico. Alterna muitos comentários de críticos e de amigos, tentando explicar o trabalho do duo.
Quem for ver hoje a sessão desse filme no festival de documentários musicais In-Edit vai perceber como é difícil concretizar a tarefa.
O nome, indecifrável diante de tantas histórias sobre sua origem espalhadas pela própria dupla, não é a única interrogação a respeito da banda. Outra, bem maior, é rotular seu som.
Abujamra e Pereira se conheceram num curso de tambor africano. Mas seu estilo, registrado em dois álbuns --"Música e Ciência" (1988) e "Música Serve Pra Isso" (1990)--, era um caldeirão de ritmos tocado com guitarra (Abujamra), sax (Pereira) e samplers, sintetizadores e baterias eletrônicas (dos dois).
Nas letras, uma irreverência naturalmente engraçada, sem forçar a barra ("Não somos uma banda de humor, nós fazemos música com humor", repete Pereira).
A melhor tentativa para se definir Os Mulheres Negras talvez seja a ideia de abordar música popular com sofisticação, indo facilmente de Noel Rosa a Dave Brubeck.
Depois de terminar no início dos anos 1990, a dupla voltou à ativa em 2012. Já fez show em São Paulo este ano. Mas isso vai ficar para um outro documentário.
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