A partir da República, a toga passou a ser usada somente pelas mulheres condenadas por adultério
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 25/05/2013
Depois de
consultar no Google meia dúzia das 48.900.000 (quarenta e oito milhões e
novecentas mil) entradas para toga, que o buscador me ofereceu em 0,22
segundos, fui almoçar. Estou de volta para tentar explicar os motivos
que levam um homem sério a procurar informações sobre a toga, do latim
toga,ae “qualquer sorte de cobertura”. Deu-se que uma revista semanal
publicou foto das togas usadas pelos jurados no 3º Tribunal do Júri do
Rio de Janeiro, pano preto redondo, folgado, de amarrar no pescoço, que
cobre os corpos jurados da cintura para cima. Presume-se que sejam
lavadas ao menos pela Páscoa da Ressurreição. Fui cidadão jurado no 1º
Tribunal do Júri, naquele estado, mas de terno e gravata.
Em 2013
e na República Federativa do Brasil, a vestimenta me pareceu ridícula.
Hoje, mesmo para os operadores do direito em nível de magistrados,
promotores e advogados, a toga é um exagero. Noite dessas a tevê nos
mostrou um juiz, num estado nordestino, de toga negra arminhada, isso é,
debruada de uma espécie de pelo branco. Ora, senhoras e senhores do
Egrégio Conselho Leitoral: Justiça é coisa séria e não congemina com
essas papagaiadas. Aproveitando a consulta ao Google, informo que a
toga, peça de vestuário característica da Roma antiga, teve origem na
Etrúria, região dita civilizada, composta de uma dúzia de cidades-Estado
naquela que hoje é uma parte da Itália, surgida entre 1.200 e 700 a.C.,
de grande influência sobre os romanos.
A toga chegou a medir 6m
x 2m, era difícil de vestir e usar, obrigando o romano rico à compra de
um escravo, o vestiplicus, para ajudá-lo na tarefa. Distintiva do
cidadão romano, seu uso era proibido aos estrangeiros e aos escravos. A
partir da República, a toga passou a ser usada somente pelas mulheres
condenadas por adultério. Havia vários tipos de togas associadas a
diferentes idades e funções. Não deixa de ser curioso notar que a toga
candida, de um branco imaculado, era envergada pelos candidatos a cargos
públicos. A toga pulla ou sordida era a toga dos pobres e do réu que se
apresentava num tribunal e servia para inspirar sentimento de piedade.
Algo assim como a piedade que inspira a toga inventada para os jurados
do 3º Tribunal do Júri do Rio, estado que se tem notabilizado por
governadores da mais baixa extração, parlamentares originais e
magistratura idem.
Telefatos
Ana Maria
Braga entrevistava ilustre professor de engenharia eletrônica da UFES
sobre um carro automático sem motorista, quando o veículo se movimentou e
atropelou a apresentadora, que levou cinco pontos na boca e passou
alguns dias de repouso. Bom mesmo será o carro automático treinado para
atropelar o Louro José, não o ator que faz o papel, coitado, mas o
insuportável psitacídeo televisivo. Concomitantemente, seria de todo
conveniente que as redes de televisão avisassem aos seus
locutores/apresentadores que devem noticiar os fatos sem emitir opiniões
pessoais. Opinião é coisa de âncora, de comentarista, de editorialista;
locutor noticia o fato, deixando que o telespectador interprete o que
foi noticiado.
É compreensível que os locutores noticiaristas
tenham opiniões sobre sexologia, criminologia, refrigerantes, baladas,
duplas sertanejas e veículos automotores, mas devem guardá-las para suas
conversas fora dos estúdios. O “massacre” do Eldorado do Carajás, que
vive sendo citado pelos nossos noticiaristas, por acaso foi filmado ao
vivo e em cores. No filme, o mundo inteiro viu que um grupo de
brasileiros fardados, cumprindo ordens superiores, foi enviado para
desobstruir uma estrada fechada por uma corja de, digamos, patriotas,
porque se disser o que penso da corja dá confusão. Chegando ao local, os
brasileiros fardados, que cumpriam ordens superiores, foram atacados a
facalhões e a foiçadas pelos patriotas. Em vez de se deixarem
espostejar, como recomendam os locutores noticiaristas, os brasileiros
fardados reagiram a tiros matando os patriotas. Enquanto philosopho,
penso que agiram muitíssimo bem, como também agiram os brasileiros
fardados que, a serviço da sociedade, foram enviados ao Carandiru para
enfrentar mais que uma centena de bandidos condenados por crimes de uma
hediondez indescritível. Em qualquer tempo e país, torço pelo pessoal
que, a serviço da sociedade, cumprindo ordens superiores, enfrenta
latrocidas, estupradores, pedófilos, homicidas e os mais bandidos
condenados por crimes do gênero.
O mundo é uma bola
25
de maio: faltam 220 dias para acabar o ano, que parece ter começado
anteontem. Em 1420, o infante dom Henrique é designado governador da
Ordem de Cristo. Dia desses, circulou na internet um texto sobre Os
Templários, em que se diz que a Ordem de Cristo teria sido a titular, em
Portugal, do patrimônio dos Templários e que a Cruz de Cristo das naus
dos descobrimentos seria o símbolo dos Templários. Em 1521 é assinado em
Worms o Édito de Worms, que condena Martinho Lutero. Esta versão de “O
mundo é uma bola” está assaz religiosa. É hora de dizer que Unnur Birma
Vilhjálmsdóttir nasceu em 1984. Ninguém sabe que é modelo islandesa, ou
foi, porque já passou da idade. Hoje é o Dia da Indústria, da Adoção, do
Respeito ao Contribuinte e do Trabalhador Rural.
Ruminanças
“Quando li sobre os problemas que a bebida causa, não tive dúvida: deixei de ler” (Henry Youngman, 1906 -1998).
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