Publicação: 25/05/2013 04:00
Casas de Ouro Preto, quadro de Milton Dacosta exposto em Porto Alegre |
Pintura de Inimá de Paula integra o acervo |
Porto Alegre – Pinturas, desenhos, esculturas e gravuras entremeadas de poemas. Em cartaz no Santander Cultural, em Porto Alegre, a mostra Narrativas poéticas traz autores brasileiros de épocas e estéticas distintas. Pela primeira vez, 80 obras do acervo da instituição financeira ganham exposição. Em outubro, elas chegam ao Museu Inimá de Paula, em Belo Horizonte, depois de ser apresentadas em Brasília.
Narrativas poéticas inclui trabalhos dos mineiros Marília Rodrigues, Inimá de Paula e Manfredo de Souzanetto. A curadoria-geral é assinada por Helena Severo, que teve Antônio Cícero, Eucanaã Ferraz e Franklin Pedroso como assistentes. O acervo do Banco Santander reúne cerca de 1 mil obras dos anos 1940 a 1980, com peças de Volpi, Artur Piza, Flávio Shiró, Iberê Camargo e Milton Dacosta, entre outros. Formado ao longo de três décadas a partir de coleções de várias instituições financeiras, o conjunto vem sendo ampliado nos últimos dois anos.
“Saúdo a política de tirar o acervo de arte do cofre”, brinca a curadora Helena Severo, elogiando a decisão do banco de retomar a política de aquisição de obras, agora voltada para artistas brasileiros contemporâneos.
“A riqueza da arte brasileira está em sua multiculturalidade. Nossos artistas são capazes de absorver as mais distintas tradições e culturas e traduzi-las com linguagem brasileira”, afirma ela.
DIÁLOGO O eixo da mostra é o diálogo entre artes plásticas e poesia a partir da criação de narrativa aberta, sem preocupação com cronologias ou tendências estéticas. “Trata-se do encontro de manifestações culturais diferentes buscando potencializar a contemplação da beleza, a emoção e a transcendência. É isso que a arte tem de mais admirável”, diz Helena Severo. Os curadores buscaram explicitar a interação entre texto e imagem – considerando, sobretudo, o poder de sugestão da palavra.
Helena Severo explica que Narrativas poéticas articula discursos distintos para que se possa reflitir mais sobre cada obra. A mostra conta também com projeto voltado para a formação de público – “política de educação do olhar”, segundo ela –, além de estimular a discussão sobre o colecionismo.
De acordo com a curadora, a itinerância é importante no Brasil, “pois permite melhor aproveitamento do enorme esforço que é organizar uma exposição”. Essa ação democratiza o acesso à obra de arte, reforça Helena Severo.
POESIA O poeta Antônio Cícero, responsável pela seleção de textos em parceria com Eucanaã Ferraz, lembra que as artes visuais nunca estiveram tão em evidência, com galerias e museus repletos de visitantes. “Mas acho que as pessoas passam muito rapidamente pelas obras. Uma verdadeira obra de arte merece um mergulho, que se pense através dela”, argumenta. Os poemas buscam exatamente a observação menos veloz e mais atenta da arte.
“Nosso interesse foi criar temporalidade não utilitária, como é a do cotidiano, convidando a entrar em outra dimensão, a estética”, pontua Antônio Cícero. “A fruição da obra de arte requer que funcionem o intelecto, a emoção e o cultural, que nossas faculdades interajam. Uma pintura pede que se pense não só sobre seu tema, mas sobre volumes, planos, linhas, alusões e referências”, conclui.
Narrativas poéticas
Santander Cultural, Rua Sete de Setembro, 1.028, Centro Histórico de Porto Alegre (RS), (51) 3287-5500. De terça-feira a sábado, das 10h às 19h; domingos e feriados, das 12h às 19h. Até14 de julho.
O repórter viajou a convite do Santander Cultural
Nenhum comentário:
Postar um comentário