Para ex-marqueteiro de Lula, situação é 'perigosíssima' para quem está no poder
Absolvido no caso do mensalão, publicitário vê em Eduardo Campos principal ameaça à reeleição da petista
Para Duda, a presidente Dilma Rousseff é a favorita para se reeleger no ano que vem. Mas vê um risco para a petista em caso de segundo turno. "Para quem está hoje com 70% de popularidade, não faz sentido não ganhar no primeiro turno. Significa que tem alguma coisa que está mexendo aí."
No Datafolha, a aprovação de Dilma apresentou a primeira queda desde que ela tomou posse, em 2011, recuando de 65% para 57%.
Duda está com 68 anos. "Eu amadureci", diz. Os últimos sete anos foram consumidos em grande parte para se livrar do processo do mensalão. Agora, tem negócios no Brasil, em Portugal e na Polônia. Deve voltar a campanhas políticas no ano que vem. Pode ser o marqueteiro de Paulo Skaf, da Fiesp, que pretende disputar o governo de São Paulo pelo PMDB.
O publicitário enxerga como "risco maior" para Dilma o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). "Ele é realmente novo. É a surpresa. O Aécio [Neves, do PSDB] já tem muito tempo aí. Marina [Silva] também."
Marqueteiro que elegeu Paulo Maluf prefeito de São Paulo (em 1992, pelo PDS) e Luiz Inácio Lula da Silva presidente (em 2002), Duda nunca mais falou com o petista desde 2005, quando deu depoimento bombástico na CPI que apurou o mensalão, revelando ter recebido dinheiro no exterior.
"Se houver um momento em que a gente possa sentar, bater uma bola, tomar uma cerveja, é óbvio que eu gostaria. Mas não basta eu gostar. Precisa ele gostar também."
Folha/UOL - Qual é a sua leitura sobre as manifestações de rua nos grandes centros, sobretudo em São Paulo?
Duda Mendonça - Depois de quatro anos, depois de oito anos, as pessoas se habituam com as conquistas. Querem outras. Na hora que sentem que qualquer coisa mexeu, esquecem um pouco tudo de bom que ganharam. Querem mais.
O PT governa o Brasil há dez anos. Em São Paulo, o PSDB governa há 20 anos. Há fadiga de material na política?
Não tem essa fórmula. Acontece que as pessoas querem mais. Às vezes, atitudes mais jovens. Querem reviravoltas. O Brasil melhorou muito nos últimos anos. Mas as pessoas assimilaram e querem mais. Elas estão esperando que isso aconteça.
Dilma Rousseff aparece como favorita para ser reeleita. Esse cenário pode ser alterado?
Ainda não tem carta marcada para ninguém. Pode não ocorrer do jeito que as pessoas esperam. Hoje há uma inflação que é perigosa. Só que há tempo e as medidas podem ser tomadas. Depois, vão surgindo pessoas novas.
Dos pré-candidatos de oposição, qual desafia mais o PT?
Aécio Neves fez um governo elogiado. Marina [Silva] é uma pessoa simpática. E tem o Eduardo [Campos] que, verdadeiramente, é o novo. Simpático. Fala muito bem. Tem uma grande experiência. É um governador com um nível de aceitação imensa.
Pode haver segundo turno?
Segundo turno para quem está no poder é perigosíssimo. O segundo mandato deve ser ganho no primeiro turno. Se fica para depois, é sinal de que não teve uma maioria substancial para vencer logo. Acho um risco para a Dilma. Para quem está hoje com 70% de popularidade, não faz sentido não ganhar no primeiro turno. Significa que tem alguma coisa que está mexendo aí.
Quem representaria um risco maior para Dilma?
Eduardo Campos. Ele é realmente novo. A surpresa. Aécio já tem muito tempo aí. Marina também.
João Santana elegeu Lula em 2006. Em 2010, Dilma. E vários presidentes no exterior. Ele é hoje o marqueteiro mais bem-sucedido da história recente?
Você que julgue [risos]. O João é um cara competente. Temos estilos diferentes. O João é muito bom no conteúdo. Eu sou muito bom na transformação do conteúdo em forma. Mas ele é um bom marqueteiro. Teve sucesso.
Marina Silva em 2014 repetirá o desempenho de 2010?
Ela não vai ser a novidade. Ficou ausente muito tempo. Tem atores novos nesse novo espetáculo. É uma pessoa fantástica, humilde, direita. Mas não acho que atingirá o patamar do passado.
Depois do mensalão, voltou a falar com Lula?
Não, nunca mais. A vida distanciou a gente. Ele seguiu o caminho dele. Eu segui o caminho que restou para mim. Continuo admirando-o.
Nunca mais conversaram?
Se houver um momento em que a gente possa sentar, bater uma bola, tomar uma cerveja, é óbvio que eu gostaria. Mas não basta eu gostar. Precisa ele gostar também.
Na novela do mensalão ainda vão aparecer detalhes?
Acho que não. Já foi muito futucado.
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