Por sujar a rua
RIO DE JANEIRO - A Prefeitura do Rio está lançando a Operação Lixo Zero, que vai multar quem emporcalhar a cidade. Em primeira instância, a campanha é educativa. Equipes da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) estão percorrendo as ruas para flagrar maus cidadãos jogando coisas onde não devem e alertá-los para o que os espera. Em breve, com guardas municipais, policiais militares e 600 fiscais em ação, as multas começarão a chegar para quem tratar a via pública como a casa da sogra.
Uma guimba jogada ao chão custará R$ 157. Chicletes, latas de refrigerante, garrafas PET, sacos e copos plásticos, idem --por item despejado. Há pessoas que põem na rua ou deixam para trás sofás, pneus, até carros. Um metro cúbico de lixo abandonado custará R$ 375. Acima disso, R$ 3.000. Abordado pela autoridade, o sujismundo terá de informar seu CPF. Se se recusar, será levado ao delega. Num mundo ideal, as pessoas deixarão também de cuspir no chão.
Imagina-se que, quando essa lei começar para valer, os recordistas de multas serão os cerca de 300 jovens golpistas que, nas últimas semanas, se habituaram a tomar as ruas, pichar monumentos, vandalizar prédios públicos, quebrar orelhões, arrancar postes, apedrejar vitrines, depredar bancos, saquear lojas e, por uma estranha compulsão, destruir lixeiras, jogar o lixo no asfalto e armar barricadas de fogo com ele.
É verdade que, no seu "bullying" político, digno do fascismo, eles não estão nem aí para a cidade, que é de todos --e que, por algum motivo, parecem querer levar ao colapso.
Pois, já que a lei não permite prendê-los por vandalismo, saque, formação de quadrilha, desacato à autoridade, resistência à prisão e nem mesmo por ataque aos órgãos públicos, talvez seja possível enquadrá-los por sujar a rua. Não prenderam Al Capone por sonegar impostos?
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