sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O mal encarnado - Barbara Gancia


O mal encarnado
O que temos não parece ser preconceito ou disputa com a oposição. Tem mais é cara de briga de cachorro grande
Onde está o bombeiro Paulo Okamotto? Marilena Chaui, a senhora não vai se manifestar?
Deve estar rolando um pau de ma­carrão forte lá em São Bernardo. E só agora eu entendi a ausência dela no jantar da Pirelli, no Rio.
Em situação normal, é óbvio que dona Marisa Letícia estaria senta­da, feito a rocha de Gibraltar, entre seu marido Lula e a Sophia Loren. Que "Antaq" que eu sou!
O que o pessoal queria, que a ami­ga do Lula ficasse para trás na fila da Imigração dos EUA, enquanto ele já estivesse instalado no Waldorf Astoria conferindo a vista? Sem passaporte azul não dá, né não? Questão de ordem prática. Se fosse amiga do FHC ou do Serra, ninguém chiava, né?
E é claro que eu acredito na Rose quando ela diz que não gastou em plástica, mas em operação no ouvi­do. Como é que alguém pode ser BFF ("best friends forever", melhores amigos) do Lula se não for completamente surda? Já imaginou ficar ouvindo aquele monte de barbaridades diariamen­te? Só mesmo sendo ruim de ouvido.
Aliás, acho que a Rose sempre teve ouvido bom. A operação que fez foi para não ouvir mais. "Por favor, doutor, diminua minha audição em 98%, que meu ouvido não é penico!"
Não é à toa que ela se chama Rosemary Noronha. É só começar a ladainha da analogia ludopédia, ela corre ao aeroporto, embarca pa­ra a ilha homônima e só liga na che­gada: "Oi, morzão, pode falar!".
Ué? Uma das amigas de FHC foi ainda mais longe, mudou de conti­nente! Imagino que ele tenha se posto a falar aquele francês empo­lado dele e ela tenha reagido: "Olhe, Fernando, vou ali na 'confiserie' comprar brioches e já venho".
Bem, cada um tem a Monica Le­winsky que merece, e vida privada que fique na privada de cada qual. Se formos analisar, uma não difere muito da outra, quem pode atirar a primeira calcinha ou sunga?
O que me intriga é saber por que agora, por que assim e por que ta­manha insistência. É claro que o esforço para acabar com a corrup­ção é legítimo e louvável, mas não terminaram recentemente de sangrar o PT até a entrada do necrotério? Quem estaria sedento por mais?
Tudo bem que os deputados con­denados vão manter os cargos, um exercício de surrealismo que não passaria nem mesmo pela mente de Buñuel. E está certo que o siste­ma, afinal, acabou recompensando a delação, o que mostra que, se nos­sa democracia está sendo talhada de acordo com o o caráter nacional, nós não valemos nada.
Mas será possível que exista um "esprit de corps" de várias institui­ções interligadas para varrer, na fi­gura do ex-presidente, o mal encar­nado do mapa? Não parece viável, não é mesmo? Até porque isso não representaria a temperatura atual do país. Nem Lula caberia nesse pa­pel. Questão moral ou de ordem profilática também não seria, uma vez que as entranhas já estavam po­dres antes da chegada dele e o ho­mem vem de uma doença, gente!
Algo me diz que estamos diante de algo maior do que o velho precon­ceito nutrido pela elite ou de dispu­tas com a oposição -de resto, cada vez mais combalida. Percebe-se uma disputa de titãs em curso.
O curioso é que, nos anos em que esteve no poder, Lula só fez agradar bancos, construtoras e grandes conglomerados das telecomunica­ções. Ou não?
Pode ser só uma coincidência. Ou coisa de um clone de Roberto Jef­ferson ou de algum admirador se­creto de dona Marisa disposto a chamar sua atenção, vai saber. Mas que é muita sincronicidade a paulada da Por­to Seguro vir na esteira de um julga­mento de viés político e resultado tão implacável, isso lá é.
barbara@uol.com.br

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