Zero Hora 24/11/2012
Fomos todos impactados durante a semana com a notícia de que o
companheiro Luis Fernando Verissimo estava internado em estado
gravíssimo.
Fui para o barbeiro, e a RBS TV confirmou a notícia. Quando dá na televisão, é porque a coisa está feia.
Estou fazendo a barba e não me sai da cabeça o Verissimo em sérios apuros.
Interessante como a gente fica tomado de afeição por colegas. Essa
nossa profissão liga-nos umbilicalmente aos veículos em que trabalhamos.
Parece que criamos uma nova família.
E na minha aflição pelo estado do Verissimo é que pude perceber
então como prezo a ele, principalmente prezo-o como cronista, como
necessário e imprescindível à imprensa. Eu também estava chocado porque
tinha a impressão de que iria morrer antes dele, pelo simples fato de
que tinha menos saúde que ele.
Felizmente, com uma certa melhora que o Verissimo teve na UTI, parece que vai acontecer mesmo o que previ: morrerei antes dele.
O que mais chama a atenção na personalidade do Verissimo é a sua
facilidade em escrever talentosamente, enquanto para falar ele se revela
quase impotente, difícil arrancar uma frase dos seus lábios.
Pela tarde, na companhia do governador Tarso Genro, fui ao Hospital
Moinhos de Vento, onde ficamos sabendo dos médicos e da Fernanda, filha
do Verissimo, que ele já reagia melhor ao tratamento de urgência.
Saímos de lá rezando pelo grande cronista, ele haveria de sair-se bem de mais essa.
Esta idade de mais de 70 anos é delicada. Os órgãos já estão gastos, qualquer acidente na saúde causa pânico no paciente.
Assim é a vida. Quem passa dos 70 entra na faixa perigosa.
E chamou a atenção a repercussão que a doença do Verissimo teve em todo o país.
De uns tempos para cá, valorizou-se na sociedade o papel dos jornalistas.
E o Verissimo é pedra 90 do jornalismo.
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