Pedro Rocha Franco
Estado de Minas: 08/12/2012
Receita criada em meados do século 19 pelas sinhás nos casarões coloniais do Campo das Vertentes, os deliciosos biscoitos artesanais produzidos em São Tiago receberam um título que permitirá aos herdeiros da tradição combater a pirataria dos quitutes. Reconhecendo a reputação dos produtores, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) concedeu-lhes o título de indicação de procedência. Com isso, os biscoitos são-tiaguenses entram no seleto rol de outros seis produtos mineiros que têm o selo de origem – como a cachaça de Salinas; os queijos da Canastra e do Serro; os cafés do cerrado e da Serra da Mantiqueira e as peças de estanho de São João del-Rei.
Contam os produtores mais jovens que, antes mesmo de ser fundado o arraial de São Tiago, as escravas eram responsáveis pela fabricação dos biscoitos. Seja de polvilho, amanteigado, de trigo ou recheado, elas usavam os fornos de barro para dar um requinte especial. Aí, era só iniciar a contagem dos dias até a chegada dos tropeiros. Em bando, eles vinham montados em bois e cavalos carregando mantimentos variados preparados para semanas de viagem entre o miolo central do país e as terras próximas à capital federal – à época ainda no Rio de Janeiro. “Era um produto fácil de ser levado. Não era perecível”, afirma o produtor Alexandre Nunes Machado, que, apesar de ter nascido em João Monlevade, se casou com uma são-tiaguense e, com isso, há 13 anos passou a produzir os biscoitinhos da marca Mineirisse.
Os tropeiros, no entanto, não eram os únicos consumidores. Os quitutes se tornaram febre na região. Bastava visitar a casa de um morador para que a oferta fosse feita: “Aceita um biscoito com café?” A recusa era vista quase como uma ofensa. Mas não era só nas casas que a dupla estava presente. Fosse em casamento, aniversário ou velório, sempre havia biscoito acompanhado de café. “O Alexandre conta que, quando veio para cá, teve que aprender a nunca comer demais em uma só casa, porque em cada visita seguinte teria que aceitar o biscoito”, afirma a secretária-executiva da Associação São-Tiaguense de Produtores de Biscoito (Assabiscoito), Adriângela Magalhães.
De olho na possibilidade de ampliar esse mercado, nos anos 1980, mais de um século depois das datas encontradas nas receitas manuscritas, os descendentes das inventoras das receitas decidiram aumentar a produção. Fabriquetas foram criadas e remessas enviadas para Belo Horizonte, Divinópolis e outras regiões do estado. Hoje são entre 45 e 50 produtores, sendo 22 deles integrantes da associação. De tão falado que o biscoito foi, outros municípios fabricantes passaram a dizer que seu produto tem origem em São Tiago.
ADEUS, PIRATARIA Diante disso, o selo que será criado como forma de reconhecer a procedência do biscoito será capaz de diferenciar o original dos falsários. “É uma forma de proteger os biscoitos da pirataria e garantir ao consumidor que ele tem em mãos um produto de qualidade”, afirma Adriângela. Uma comissão será criada para definir as normas de produção. Por enquanto, é sabido que para obter o selo é preciso que a maior parte da produção seja artesanal e atenda as normas de vigilância sanitária, além de ser obrigatório que as instalações da unidade produtora estejam situadas nos limites de São Tiago.
Contam os produtores mais jovens que, antes mesmo de ser fundado o arraial de São Tiago, as escravas eram responsáveis pela fabricação dos biscoitos. Seja de polvilho, amanteigado, de trigo ou recheado, elas usavam os fornos de barro para dar um requinte especial. Aí, era só iniciar a contagem dos dias até a chegada dos tropeiros. Em bando, eles vinham montados em bois e cavalos carregando mantimentos variados preparados para semanas de viagem entre o miolo central do país e as terras próximas à capital federal – à época ainda no Rio de Janeiro. “Era um produto fácil de ser levado. Não era perecível”, afirma o produtor Alexandre Nunes Machado, que, apesar de ter nascido em João Monlevade, se casou com uma são-tiaguense e, com isso, há 13 anos passou a produzir os biscoitinhos da marca Mineirisse.
Os tropeiros, no entanto, não eram os únicos consumidores. Os quitutes se tornaram febre na região. Bastava visitar a casa de um morador para que a oferta fosse feita: “Aceita um biscoito com café?” A recusa era vista quase como uma ofensa. Mas não era só nas casas que a dupla estava presente. Fosse em casamento, aniversário ou velório, sempre havia biscoito acompanhado de café. “O Alexandre conta que, quando veio para cá, teve que aprender a nunca comer demais em uma só casa, porque em cada visita seguinte teria que aceitar o biscoito”, afirma a secretária-executiva da Associação São-Tiaguense de Produtores de Biscoito (Assabiscoito), Adriângela Magalhães.
De olho na possibilidade de ampliar esse mercado, nos anos 1980, mais de um século depois das datas encontradas nas receitas manuscritas, os descendentes das inventoras das receitas decidiram aumentar a produção. Fabriquetas foram criadas e remessas enviadas para Belo Horizonte, Divinópolis e outras regiões do estado. Hoje são entre 45 e 50 produtores, sendo 22 deles integrantes da associação. De tão falado que o biscoito foi, outros municípios fabricantes passaram a dizer que seu produto tem origem em São Tiago.
ADEUS, PIRATARIA Diante disso, o selo que será criado como forma de reconhecer a procedência do biscoito será capaz de diferenciar o original dos falsários. “É uma forma de proteger os biscoitos da pirataria e garantir ao consumidor que ele tem em mãos um produto de qualidade”, afirma Adriângela. Uma comissão será criada para definir as normas de produção. Por enquanto, é sabido que para obter o selo é preciso que a maior parte da produção seja artesanal e atenda as normas de vigilância sanitária, além de ser obrigatório que as instalações da unidade produtora estejam situadas nos limites de São Tiago.
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