"Gabo Periodista" contém crônicas, resenhas, reportagens, contos e perfis
Introdução do volume foi feita pelo inglês Gerald Martin, biógrafo do autor que inventou o "realismo mágico"
Assim definiu sua relação com o jornalismo o escritor colombiano Gabriel García Márquez, 85, no ensaio "A Melhor Profissão do Mundo".
Conhecido como inventor do chamado "realismo mágico", gênero em que histórias fantásticas se passam em vilarejos encantados, Gabo, na verdade, sempre se considerou um obsessivo perseguidor de fatos.
"Toda a vida tenho sido um jornalista. Meus livros são livros de jornalista, ainda que se veja pouco."
Essa faceta do autor de "Cem Anos de Solidão" e "Amor nos Tempos do Cólera" está reunida em "Gabo Periodista", lançado pela Fundación para el Nuevo Periodismo Iberoamericano.
O livro contém artigos publicados nos jornais "El Universal" (Cartagena), "El Heraldo" (Barranquilla), "El Espectador" (Bogotá) e outros.
São parte de uma volumosa produção que conta com crônicas, resenhas de filmes e livros, reportagens, contos, entrevistas e perfis, além de fotos históricas.
VER E CONTAR
Os textos foram escolhidos por escritores como o mexicano Juan Villoro, o norte-americano Jon Lee Anderson, o colombiano Héctor Abad Faciolince e outros. A introdução é do britânico Gerald Martin, biógrafo do autor.
"Gabo valorizava estar presente nos lugares, ver as coisas com seus próprios olhos e descrevê-las de uma maneira original.
Também tinha um profundo compromisso com a realidade política que vivia. Isso falta muito no jornalismo de hoje", disse Anderson em entrevista à Folha.
O autor da biografia de Che Guevara elegeu como sua preferida a crônica que García Márquez escreveu em 1955, aos 28 anos, quando cobriu, em Genebra, um encontro de potências da época.
"De um encontro chatérrimo, ele extrai detalhes literários, e ainda descreve a visita do presidente Eisenhower a uma loja de brinquedos, que ele presenciou por acaso", conta Anderson.
A produção jornalística de Gabo decolou depois do Bogotazo, explosão de violência ocorrida em 1948, na Colômbia, após o assassinato do candidato presidencial Jorge Eliecér Gaitán.
"Foi o que disparou o engajamento de Gabo com os problemas de seu país", diz Martin.
A Nicarágua sandinista, o golpe chileno, a Venezuela do ditador Pérez Jiménez, o México do PRI estão contemplados no volume, assim como sua produção mais recente e sua atuação como dono de meios -a revista "Alternativa, que circulou nos anos 1970, e a publicação "Cambio", dos 1990.
"O público leitor de Gabo conhece, de seus textos jornalísticos, apenas o 'Relato de um Náufrago' (1955) e 'Notícia de um Sequestro' (1996). Mas há todo um retrato da época em seus textos para jornal", afirma Martin.
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