Biruta de aeroporto
FOLHA DE SÃO PAULOBRASÍLIA - De Paris, a presidente deu o recado de que voltará a privatizar a administração de aeroportos. Dilma Rousseff cultiva a imagem de pragmática, capaz de abandonar, se preciso, a ideologia estatista vendida na campanha eleitoral.
Mas é também errática: leiloou a exploração em Brasília, Guarulhos e Campinas, não gostou do resultado, cogitou impor o controle estatal nas próximas parcerias com o setor privado, não gostaram da ideia, agora volta-se ao ponto de partida.
Fortalecido no cargo por ter tido a cabeça pedida por uma publicação estrangeira, Guido Mantega, também na capital francesa, negou sua saída. "Nunca vi ninguém ser demitido por otimismo", defendeu suas previsões sucessivamente desmentidas pelos resultados.
Lá se vão mais de 20 anos desde a última vez em que um presidente eleito substituiu um ministro em razão do desempenho da política econômica. Em 1991, a Fazenda se chamava Economia, a trocada foi Zélia Cardoso de Mello, que havia confiscado dinheiro das cadernetas de poupança, e o presidente, Fernando Collor, não concluiria o mandato.
Desde que, há exatas duas semanas, foram divulgados os números decepcionantes do PIB, duas teses estão em disputa. A primeira, pessimista, acusa o intervencionismo, a improvisação, as idas e vindas dos pacotes oficiais de inibirem investidores; a segunda, otimista, sustenta que a recuperação já está em curso e apenas não foi ainda devidamente captada pelas estatísticas.
Nesse curto período, foram anunciadas novas regras para os portos, redução de impostos para a construção civil, queda dos juros do BNDES, mais financiamentos. E Mantega antecipou que vai baixar o preço do gás "de alguma maneira".
Seria prematuro, como quase sempre em economia, um juízo definitivo sobre as duas leituras para a tibieza do PIB. O governo, pelo visto, não crê em nenhuma delas.
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