domingo, 16 de dezembro de 2012

Valdo Cruz


Folha de São Paulo
Homens-bombas
BRASÍLIA - Não deve estar sendo nada fácil dormir neste fim de ano para quem tem rabo preso em episódios ligados ao mensalão, à Operação Porto Seguro e a negócios com Carlinhos Cachoeira.
Nos três casos, três homens-bombas estão soltos por aí -por enquanto, pelo menos-, ameaçando botar a boca no trombone. Cada um a seu modo já deu uma ensaiada.
Carlinhos Cachoeira intitulou-se o garganta profunda do PT, referência ao codinome da principal fonte de reportagens que revelaram o escândalo de Watergate, levando à renúncia do presidente norte-americano Richard Nixon, em 1974.
Marcos Valério, operador do mensalão petista condenado a mais de 40 anos de prisão pelo STF, andou falando ao Ministério Público ter pago gastos pessoais de Lula.
Paulo Vieira, ex-diretor da ANA (Agência Nacional de Águas), promete contar tudo o que sabe do esquema de venda de pareceres fraudulentos, no qual foi indiciado.
Estaria atrás de um acordo de delação premiada para aliviar sua barra no episódio, no qual Rosemary Noronha, ex-assessora da confiança pessoal do ex-presidente Lula, também foi indiciada pela PF.
Quanto aos dois primeiros, podem estar mais para jogadores. Cachoeira já passou uma temporada atrás das grades. Valério está prestes a passar. Saber muito, eles sabem, mas não é possível garantir que vão avançar além do que já foram.
Quanto a Paulo Vieira, parece ser o de maior risco. Devido ao julgamento do mensalão, que mandará para a prisão políticos e empresários, o ex-diretor da ANA está amedrontado e teme ter o mesmo fim.
Daí mandou dizer estar disposto a revelar não só como operava a quadrilha, mas também o nome de peixes graúdos envolvidos no caso.
Baseado no que um ministro procurado pelo esquema anda dizendo, o negócio envolvia, sim, gente poderosa. O grau de insônia em Brasília deve estar bem elevado.

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