Maria Esther Maciel - memaciel.em@gmail.com
Estado de Minas: 29/01/2013
Sabia que, mais cedo ou mais tarde, aconteceria. Aconteceu agora: não tenho assunto para a crônica desta semana. É hora de enfrentar o desafio da mente em branco e da página vazia. É hora de arrancar, a fórceps, as palavras que chegam à ponta da língua mas recuam, rebeldes, para lugar nenhum.
Um parágrafo. Será que vou conseguir ir adiante? Machado de Assis dizia que, para começar uma crônica, basta falar do tempo. Vamos lá: é de manhã e a chuva cai, fininha e sem convicção. Ainda bem que, mais cedo, fez sol e pude passear com a cachorra (ou, como diz meu filho, a “cã”), senão ela não me daria sossego hoje. E hoje preciso escrever a coluna.
No sábado, li uma notícia que poderia dar uma crônica: Minas Gerais ganhou, finalmente, sua primeira delegacia de crimes contra animais domésticos e silvestres. Valeu o esforço dos defensores da causa. Agora é torcer para que o órgão funcione bem e cumpra seu papel, punindo crimes como abandono, agressões e maus-tratos, tão comuns nas cidades mineiras. E que outras delegacias surjam também no interior do estado. Mas se o assunto não chegou a render aqui uma crônica completa – mais por falta de inspiração do que por desinteresse –, que fique pelo menos o registro desse fato digno de comemoração.
Poderia, por outro lado, escrever mais um texto sobre livros, mas estou com preguiça. Dia desses, mesmo, recebi um amável e-mail de Mariângela Massara, leitora da coluna, solicitando outras sugestões de romances para leitura. Fiquei tentada a acatar a sugestão e escrever sobre a obra de um escritor que muito prezo: o húngaro Sándor Márai. Ele escreveu romances envolventes e interessantes, como O legado de Eszter e As brasas, ambos facilmente encontráveis no Brasil. Mas, repito, hoje estou com preguiça de falar de livros. Então, quem sabe falo de cinema? Há ótimos filmes em cartaz, como Amor, de Michael Haneke, e O som ao redor, de Kléber Mendonça. Mas outras pessoas já escreveram sobre eles neste jornal. E acho que não teria o que acrescentar.
Bem, talvez algo extraído da vida cotidiana possa ser mais estimulante. Por exemplo, o belo almoço de aniversário na casa de dona Lygia, no domingo. Ou a memorável noite com Ana e Marcílio na última quinta-feira, quando pudemos brindar, com excelentes vinhos, aos prêmios literários que ambos acabaram de receber da Fundação da Biblioteca Nacional.
Foi, aliás, na noite desses vinhos que tive um sonho incrível. Um desses sonhos que mais parecem um conto ou um filme. Ao ponto de, no próprio sonho, eu comentar com alguém que o que estava acontecendo daria uma boa crônica. O problema é que ao acordar tinha me esquecido de tudo, menos da frase “daria uma boa crônica”. Por mais que me esforçasse, não consegui recobrar as cenas sonhadas. Por que será que às vezes não nos lembramos de nada do que sonhamos, mesmo que o sonho tenha sido nítido? Só Freud explica. Ou não. De qualquer forma, sonhar que o sonho daria uma boa crônica e, de manhã, esquecer o enredo do sonho não deixa de ser uma boa matéria para uma crônica. Mas agora já estou quase no limite de linhas da coluna e terei que parar depois da próxima frase. E, cá entre nós, acho que nem teria, mesmo, mais o que dizer.
Um parágrafo. Será que vou conseguir ir adiante? Machado de Assis dizia que, para começar uma crônica, basta falar do tempo. Vamos lá: é de manhã e a chuva cai, fininha e sem convicção. Ainda bem que, mais cedo, fez sol e pude passear com a cachorra (ou, como diz meu filho, a “cã”), senão ela não me daria sossego hoje. E hoje preciso escrever a coluna.
No sábado, li uma notícia que poderia dar uma crônica: Minas Gerais ganhou, finalmente, sua primeira delegacia de crimes contra animais domésticos e silvestres. Valeu o esforço dos defensores da causa. Agora é torcer para que o órgão funcione bem e cumpra seu papel, punindo crimes como abandono, agressões e maus-tratos, tão comuns nas cidades mineiras. E que outras delegacias surjam também no interior do estado. Mas se o assunto não chegou a render aqui uma crônica completa – mais por falta de inspiração do que por desinteresse –, que fique pelo menos o registro desse fato digno de comemoração.
Poderia, por outro lado, escrever mais um texto sobre livros, mas estou com preguiça. Dia desses, mesmo, recebi um amável e-mail de Mariângela Massara, leitora da coluna, solicitando outras sugestões de romances para leitura. Fiquei tentada a acatar a sugestão e escrever sobre a obra de um escritor que muito prezo: o húngaro Sándor Márai. Ele escreveu romances envolventes e interessantes, como O legado de Eszter e As brasas, ambos facilmente encontráveis no Brasil. Mas, repito, hoje estou com preguiça de falar de livros. Então, quem sabe falo de cinema? Há ótimos filmes em cartaz, como Amor, de Michael Haneke, e O som ao redor, de Kléber Mendonça. Mas outras pessoas já escreveram sobre eles neste jornal. E acho que não teria o que acrescentar.
Bem, talvez algo extraído da vida cotidiana possa ser mais estimulante. Por exemplo, o belo almoço de aniversário na casa de dona Lygia, no domingo. Ou a memorável noite com Ana e Marcílio na última quinta-feira, quando pudemos brindar, com excelentes vinhos, aos prêmios literários que ambos acabaram de receber da Fundação da Biblioteca Nacional.
Foi, aliás, na noite desses vinhos que tive um sonho incrível. Um desses sonhos que mais parecem um conto ou um filme. Ao ponto de, no próprio sonho, eu comentar com alguém que o que estava acontecendo daria uma boa crônica. O problema é que ao acordar tinha me esquecido de tudo, menos da frase “daria uma boa crônica”. Por mais que me esforçasse, não consegui recobrar as cenas sonhadas. Por que será que às vezes não nos lembramos de nada do que sonhamos, mesmo que o sonho tenha sido nítido? Só Freud explica. Ou não. De qualquer forma, sonhar que o sonho daria uma boa crônica e, de manhã, esquecer o enredo do sonho não deixa de ser uma boa matéria para uma crônica. Mas agora já estou quase no limite de linhas da coluna e terei que parar depois da próxima frase. E, cá entre nós, acho que nem teria, mesmo, mais o que dizer.
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