Mariana Peixoto
Estado de Minas: 29/01/2013
Independentemente de se gostar mais ou menos de um filme de Quentin Tarantino, há algumas verdades que vêm à tona sempre que um novo longa do diretor norte-americano chega aos cinemas: haverá muito sangue na narrativa, extensos e surreais diálogos, referências-homenagens a produções dos anos 1960 e 1960 e uma trilha sonora impecável, que ficará na cabeça de muitos espectadores mesmo depois que eles tiverem saído da sala. Com Django livre, sua versão para western spaghetti com um caubói negro como protagonista em plenos Estados Unidos sulista e escravocrata, essa experiência volta a ocorrer. Com direito ao sempre presente Ennio Morricone e a “dueto” de James Brown e 2Pac.
Como quase tudo na obra de Tarantino, há uma referência no passado. A sequência inicial é um bom exemplo disso. É do compositor argentino naturalizado italiano Luis Bacalov (vencedor do Oscar pela trilha de O carteiro e o poeta, 2005) Django, canção título do faroeste de 1966 que o cineasta tomou emprestado para seu herói. Grandiloquente e emocional (graças à interpretação de Rocky Roberts, cantor conhecido unicamente por essa música), serve como pano de fundo para a apresentação dos dois grandes personagens masculinos: os heróis tortos Django (Jamie Foxx) e dr. King Schultz (Christoph Waltz).
Bacalov, que inclusive é creditado na apresentação, tem outras músicas no filme, como His name was King (também faixa tema de outro faroeste, de 1971) e La corsa. Tarantino vem tomando emprestado as músicas de Bacalov desde os dois Kill Bill. Morricone, outra fonte de inspiração, é mais um nome forte. Desta vez, compôs uma faixa original para o filme, Ancora qui. A exemplo dos outros discos das trilhas de seus filmes, o de Django também é entremeado por diálogos da narrativa.
No entanto, são três canções originais com base na black music o ponto forte da trilha. 100 black coffins é um rap de Rick Ross que coloca como pano de fundo aquele assobio que remete aos velhos faroestes. John Legend bebe nos antigos souls para interpretar Who did that to you?. Freedom, de Anthony Hamilton e Elayna Boynton, outra nova canção que busca inspiração na onda retrô da soul music, tem forte vocação para hit. Contrariando as expectativas, nenhuma delas recebeu indicação ao Oscar.
Desde sua estreia na direção, com Cães de aluguel, Tarantino escolhe pessoalmente as músicas que acompanham as sequências mais importantes de seus filmes. Com uma alardeada coleção de vinis, ele costuma tirar poeira de muita faixa esquecida do universo pop. Em Django, dá uma nova chance ao single I got a name, de Jim Croce, música que se tornou um hit logo depois da morte de seu autor, em 1973. Na onda da homenagem póstuma, o mashup Unchained coloca os grandes James Brown e 2Pac juntos, com as canções The payback e Untouchable. Só mesmo Tarantino para unir o soulman e o rapper mortos num filme ambientado no Velho Oeste americano. E funciona.
Como quase tudo na obra de Tarantino, há uma referência no passado. A sequência inicial é um bom exemplo disso. É do compositor argentino naturalizado italiano Luis Bacalov (vencedor do Oscar pela trilha de O carteiro e o poeta, 2005) Django, canção título do faroeste de 1966 que o cineasta tomou emprestado para seu herói. Grandiloquente e emocional (graças à interpretação de Rocky Roberts, cantor conhecido unicamente por essa música), serve como pano de fundo para a apresentação dos dois grandes personagens masculinos: os heróis tortos Django (Jamie Foxx) e dr. King Schultz (Christoph Waltz).
Bacalov, que inclusive é creditado na apresentação, tem outras músicas no filme, como His name was King (também faixa tema de outro faroeste, de 1971) e La corsa. Tarantino vem tomando emprestado as músicas de Bacalov desde os dois Kill Bill. Morricone, outra fonte de inspiração, é mais um nome forte. Desta vez, compôs uma faixa original para o filme, Ancora qui. A exemplo dos outros discos das trilhas de seus filmes, o de Django também é entremeado por diálogos da narrativa.
No entanto, são três canções originais com base na black music o ponto forte da trilha. 100 black coffins é um rap de Rick Ross que coloca como pano de fundo aquele assobio que remete aos velhos faroestes. John Legend bebe nos antigos souls para interpretar Who did that to you?. Freedom, de Anthony Hamilton e Elayna Boynton, outra nova canção que busca inspiração na onda retrô da soul music, tem forte vocação para hit. Contrariando as expectativas, nenhuma delas recebeu indicação ao Oscar.
Desde sua estreia na direção, com Cães de aluguel, Tarantino escolhe pessoalmente as músicas que acompanham as sequências mais importantes de seus filmes. Com uma alardeada coleção de vinis, ele costuma tirar poeira de muita faixa esquecida do universo pop. Em Django, dá uma nova chance ao single I got a name, de Jim Croce, música que se tornou um hit logo depois da morte de seu autor, em 1973. Na onda da homenagem póstuma, o mashup Unchained coloca os grandes James Brown e 2Pac juntos, com as canções The payback e Untouchable. Só mesmo Tarantino para unir o soulman e o rapper mortos num filme ambientado no Velho Oeste americano. E funciona.
COLETÂNEAS
As trilhas dos filmes de Tarantino renderam boas coletâneas. As mais conhecidas são The Tarantino connection, que inclui faixas de Cães de aluguel, Pulp fiction, Assassinos por natureza e Amor à queima-roupa (os dois últimos têm roteiro dele); The Tarantino experience (álbum duplo), tributo com músicas que entraram nos longas e outras que foram inspiradas por suas histórias, e Ennio Morricone: Quentin Tarantino movies, com título autoexplicativo, que inclui temas do compositor italiano que estiveram em à Prova de morte, Kill Bill vol. 2 e Bastardos inglórios.
As trilhas dos filmes de Tarantino renderam boas coletâneas. As mais conhecidas são The Tarantino connection, que inclui faixas de Cães de aluguel, Pulp fiction, Assassinos por natureza e Amor à queima-roupa (os dois últimos têm roteiro dele); The Tarantino experience (álbum duplo), tributo com músicas que entraram nos longas e outras que foram inspiradas por suas histórias, e Ennio Morricone: Quentin Tarantino movies, com título autoexplicativo, que inclui temas do compositor italiano que estiveram em à Prova de morte, Kill Bill vol. 2 e Bastardos inglórios.
ESCOLHIDA A DEDO
>> CÃES DE ALUGUEL (1992)
Stuck in the middle (1973), sucesso da one hit wonder escocesa Stealers Wheel, rola no som. Um homem, sem o menor pudor,
canta e dança. O personagem de Michael Madsen só interrompe os passos para pegar a navalha e arrancar a orelha daquele que ele considera um traidor.
>> PULP FICTION (1994)
O mundo pop nunca mais foi o mesmo depois da dança de Vincent Vega (John Travolta) e Mia Wallace (Uma Thurman)
ao som de You never can tell, de Chuck Berry. Mas é Mirsilou, de Dick Dale, a música que sintetiza o filme mais popular de Tarantino.
O sucesso ainda tirou o velho roqueiro do limbo.
>> JACKIE BROWN (1997)
Ainda que seja um filme menor, começa bem. Numa esteira de aeroporto, a aeromoça Jackie Brown (Pam Grier) caminha até o portão de embarque. No som, Across 110th Street, do veterano soulman Bobby Womack. Dez anos mais tarde, a mesma canção setentista marcaria O gângster,
de Ridley Scott.
>> KILL BILL – VOLUME 1 (2003)
Don’t let me be misunderstood, com o Santa Esmeralda, é uma das canções mais insuportavelmente batidas de sessões de flashback. Mas no embate final entre a Noiva (Uma Thurman) e O-Ren Ishii (Lucy Liu), a versão só com a parte instrumental (ênfase nas palmas) arrebata a plateia.
>> KILL BILL – VOLUME 2 (2004)
Assim como a sequência anterior, apresentou nomes que marcaram a trilha de Django livre (Ennio Morricone, Luis Bacalov). Mas é mais lembrado pela canção mexicana Malagueña salerosa, na versão gravada por Chingon, banda de rock que traz na guitarra o cineasta Robert Rodriguez, um dos responsáveis pela trilha.
>> À PROVA DE MORTE (2007)
Uma das metades de Grindhouse, projeto/homenagem ao gênero exploitation – o outro longa é Planeta terror, de Robert Rodriguez –, esse filme menos conhecidos de Tarantino traz boa parte de sua trilha saída diretamente de uma jukebox. Soul, rock, psicodélico em boa medida. Destaque para a versão de Baby, it’s you (Burt Bacharach/Hal David), da obscura banda sessentista Smith.
>> BASTARDOS INGLÓRIOS (2009)
Para muitos o grande filme adulto de Tarantino, sua trilha sonora não trouxe, pela primeira vez, os famosos diálogos entremeando as faixas. Apropriação mais do que perfeita de David Bowie. A heroína Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent) se prepara para iniciar sua vingança contra os nazistas ao som de Cat people (Putting out fire).
>> CÃES DE ALUGUEL (1992)
Stuck in the middle (1973), sucesso da one hit wonder escocesa Stealers Wheel, rola no som. Um homem, sem o menor pudor,
canta e dança. O personagem de Michael Madsen só interrompe os passos para pegar a navalha e arrancar a orelha daquele que ele considera um traidor.
>> PULP FICTION (1994)
O mundo pop nunca mais foi o mesmo depois da dança de Vincent Vega (John Travolta) e Mia Wallace (Uma Thurman)
ao som de You never can tell, de Chuck Berry. Mas é Mirsilou, de Dick Dale, a música que sintetiza o filme mais popular de Tarantino.
O sucesso ainda tirou o velho roqueiro do limbo.
>> JACKIE BROWN (1997)
Ainda que seja um filme menor, começa bem. Numa esteira de aeroporto, a aeromoça Jackie Brown (Pam Grier) caminha até o portão de embarque. No som, Across 110th Street, do veterano soulman Bobby Womack. Dez anos mais tarde, a mesma canção setentista marcaria O gângster,
de Ridley Scott.
>> KILL BILL – VOLUME 1 (2003)
Don’t let me be misunderstood, com o Santa Esmeralda, é uma das canções mais insuportavelmente batidas de sessões de flashback. Mas no embate final entre a Noiva (Uma Thurman) e O-Ren Ishii (Lucy Liu), a versão só com a parte instrumental (ênfase nas palmas) arrebata a plateia.
>> KILL BILL – VOLUME 2 (2004)
Assim como a sequência anterior, apresentou nomes que marcaram a trilha de Django livre (Ennio Morricone, Luis Bacalov). Mas é mais lembrado pela canção mexicana Malagueña salerosa, na versão gravada por Chingon, banda de rock que traz na guitarra o cineasta Robert Rodriguez, um dos responsáveis pela trilha.
>> À PROVA DE MORTE (2007)
Uma das metades de Grindhouse, projeto/homenagem ao gênero exploitation – o outro longa é Planeta terror, de Robert Rodriguez –, esse filme menos conhecidos de Tarantino traz boa parte de sua trilha saída diretamente de uma jukebox. Soul, rock, psicodélico em boa medida. Destaque para a versão de Baby, it’s you (Burt Bacharach/Hal David), da obscura banda sessentista Smith.
>> BASTARDOS INGLÓRIOS (2009)
Para muitos o grande filme adulto de Tarantino, sua trilha sonora não trouxe, pela primeira vez, os famosos diálogos entremeando as faixas. Apropriação mais do que perfeita de David Bowie. A heroína Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent) se prepara para iniciar sua vingança contra os nazistas ao som de Cat people (Putting out fire).
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