domingo, 13 de janeiro de 2013

MEMÓRIA » Mestre da música romântica (Glauco Velásquez) - Ana Clara Brant‏


Ana Clara Brant
Estado de Minas: 13/01/2013 
O compositor Glauco Velásquez tem uma história que daria um filme. Fruto de uma relação não oficializada na sociedade burguesa do Rio de Janeiro, ele teve que nascer na Itália, longe dos escândalos sociais no Brasil. Com 11 anos, foi trazido de volta ao país por empenho da família paterna. Aqui, passou a estudar música e se tornou um dos mais importantes compositores do período romântico brasileiro, apesar de ser pouco conhecido do público.

Pela primeira vez, um projeto faz um registro integral das peças escritas para trios (violino, violoncelo e piano) da obra de Velásquez, que acaba de ser lançado pela Discoteca Oneyda Alvarenga do Centro Cultural São Paulo. O box Glauco Velásquez – 4 trios reúne três mídias: DVD, CD de áudio, CD-ROM e um encarte gráfico. O DVD traz concerto com os quatro trios do compositor, em 98 minutos, gravado no Theatro Municipal de São Paulo, pelo grupo de música de câmara Aulustrio, dos irmãos Fábio, Mauro e Paulo Brucoli. 

O disco também contém o documentário A humanidade poderosa e irresistível da música de Glauco Velásquez, dirigido pelo cineasta Carlos de Moura Ribeiro Mendes, com depoimentos de maestros, musicólogos e estudiosos como Manoel Corrêa do Lago, Fabio Brucoli, Lutero Rodrigues, André Cardoso, Ernani Aguiar e Alceo Bocchino, que comentam a vida e a obra de Velásquez. 

O box traz ainda dois CDs com gravações dos trios nos formatos CD-áudio/MP3 e todas as partituras. O projeto teve coordenação de pesquisa do maestro Lutero Rodrigues e é o sétimo da série de música brasileira da Discoteca Oneyda Alvarenga do Centro Cultural São Paulo, que já destacou obras inéditas de compositores brasileiros como Camargo Guarnieri e Edino Krieger.

Trajetória Glauco Velásquez nasceu em Nápoles, Itália, em 1884 e morreu no Rio de Janeiro em 1914. Estudou inicialmente violino e começou a compor em 1902. Como suas obras se destacaram, recebeu o apoio do compositor Francisco Braga, amigo da família, para ingressar na classe de harmonia de Frederico Nascimento, no Instituto Nacional de Música. Frederico Nascimento era um violoncelista português que se radicou no Brasil, dedicando-se ao ensino da harmonia e difundindo ideias musicais progressistas para a época, o que em parte significava a estética wagneriana. 

Essa estética já havia sido defendida antes por Leopoldo Miguez. Talvez por essa linha se explique a influência wagneriana em algumas obras de Velásquez, como no terceiro movimento do Trio nº 2, gravado neste projeto. Em 1911, ele se lança como compositor, mas viveria apenas mais três anos, pois a sua frágil saúde demonstrava os traços da doença do romantismo, numa época em que a tuberculose era considerada uma enfermidade terminal. O compositor ficou conhecido por sua linguagem moderna e é o patrono da cadeira 37 da Academia Brasileira de Música.

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