Moção é o primeiro passo de um processo que pode resultar na expulsão do país pelo Fundo, em até um ano
Governo Kirchner é suspeito de manipular o cálculo do índice de inflação desde 2007; Casa Rosada não reagiu
É a primeira vez na história da entidade que um país é advertido dessa forma, dando início a um processo que pode resultar na expulsão da Argentina da instituição.
A decisão já era esperada, uma vez que a diretora do Fundo, Christine Lagarde, vinha pressionando o país.
"A Argentina já tem o cartão amarelo, agora tem de escolher se quer também o cartão vermelho", havia dito Lagarde, em setembro.
O governo argentino mantém uma posição de enfrentamento com relação ao Fundo desde a época do marido e antecessor de Cristina, Néstor Kirchner. Na Assembleia da ONU, no mesmo mês, houve resposta. A presidente respondeu a Lagarde dizendo que a Argentina não era "um time de futebol, mas sim um país soberano".
Na mesma visita aos EUA, em encontros com estudantes, Cristina declarou que a inflação norte-americana também era maquiada.
MANIPULAÇÃO
A grande crítica dos técnicos do Fundo a Buenos Aires é dirigida ao que que eles consideram manipulação dos dados econômicos, como no caso da taxa de inflação.
Sob intervenção do governo desde 2007, o Indec -órgão responsável pelos números- aponta inflação anual de 9% no país, mas as consultorias privadas estimam o índice em 25%.
Outros números do Indec são questionados, como o que mensura a pobreza e o valor da cesta básica.
O comunicado do Fundo refere-se diretamente à taxa de inflação na Grande Buenos Aires e ao PIB.
O FMI entende que o país não fez esforços suficientes para tornar suas estatísticas claras e precisas.
O texto fala em "falta de progressos na implementação de medidas corretivas para solucionar a qualidade da estatísticas oficiais". Uma das normas que regem o organismo obriga todos os países associados à instituição a apresentarem estatísticas confiáveis e críveis.
O comunicado diz que a Argentina deve, agora, alinhar seu índice de preços e a mensuração do Produto Interno Bruto aos padrões das estatísticas internacionais e às regras para assegurar quantificações mais precisas.
Os Estados Unidos e os países da União Europeia apoiaram a decisão.
A entidade disse, ainda, que se encontra pronta para continuar o diálogo com as autoridades argentinas.
A declaração de censura é o primeiro passo no procedimento previsto pelo FMI para expulsar um país que não apresenta estatísticas confiáveis do organismo multilateral. O segundo passo seria impedir o acesso a empréstimos, e, depois disso, decretar a perda do direito a voto na instituição.
De acordo com o comunicado emitido ontem, o Fundo deverá informar novamente o diretório sobre o caso no próximo dia 13 de novembro. "Nesse momento, o diretório revisará novamente o tema e a resposta argentina em linha com os procedimentos do Fundo."
Até a conclusão desta edição, não havia reação oficial do governo argentino sobre a moção do FMI.
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