Grandes editoras do país apostam em
revelações da cena literária de Minas Gerais. Autores comemoram a chance
de escrever para o Brasil
Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 18/03/2013
Ter o livro publicado por uma grande
editora garante ao escritor duas certezas: o trabalho será bem
distribuído, sobretudo num país de dimensões continentais como o Brasil,
e atrairá o olhar mais generoso da mídia. Atualmente, três autores de
BH comemoram a chance de ultrapassar as fronteiras de Minas Gerais:
Carlos de Brito e Mello, Ana Martins Marques e Mário Alex Rosa. Os dois
primeiros passaram a integrar o elenco da Editora Companhia das Letras. O
“passe” de Rosa agora é da Cosac Naify.
Mineiro de São João
del-Rei e há alguns anos morando na capital, Mário Alex lançou, no ano
passado, o volume de poemas Ouro Preto pela belo-horizontina Scriptum.
“Minas tem editoras representativas e que estão crescendo muito, como a
UFMG, a Autêntica e a própria Scriptum. Mas é muito bom publicar por uma
empresa mais conhecida, sobretudo no caso de autores ainda pouco
divulgados”, diz o poeta. Seu novo livro, Via férrea, acaba de ser
lançado pela paulista Cosac Naify.
As estreias de Carlos de Brito
e Mello e de Ana Martins Marques também se deram pela Scriptum. Em
2009, ela lançou Vida submarina, com poemas vencedores do Prêmio de
Literatura Cidade de Belo Horizonte e saudado por nomes como Fabrício
Carpinejar e Armando Freitas Filho. Ana revela que não sabe como foi
parar na paulista Companhia das Letras, que publicou seu Da arte das
armadilhas no ano passado.
“De algum modo, Vida submarina chegou
às mãos do crítico paulista Davi Arrigucci Jr., que teria recomendado
meu trabalho à editora. Em 2010, eles me convidaram para participar de
uma coleção de poesia contemporânea e, no ano seguinte, saiu Da arte das
armadilhas”, relembra Ana.
Embora reconheça que atualmente
está mais fácil publicar, a escritora pondera que a distribuição
continua sendo a “pedra no sapato” da maioria dos autores. “O livro
chega mais facilmente às prateleiras, a imprensa tende a prestar mais
atenção em nomes lançados por editoras maiores”, diz.
A
experiência na Companhia das Letras vem sendo muito boa, afirma ela,
contando que as editoras Marta Garcia e Heloisa Jahn, que hoje trabalham
na Cosac Naify, foram importantes no processo de seleção de textos. A
dupla a ajudou a chegar à forma final de Da arte das armadilhas. “Meu
livro recebeu alguma atenção na imprensa. Ele jamais será best-seller,
mas tem circulado razoavelmente entre as pessoas que se interessam por
poesia”, comemora.
O belo-horizontino Carlos de Brito e Mello é
saudado pela crítica como um dos nomes mais importantes da ficção
surgidos ultimamente no estado. Seu primeiro livro, o volume de contos O
cadáver ri dos seus despojos, foi lançado em 2007. Com o romance A
passagem tensa dos corpos – com o qual venceu o Prêmio Jovem Escritor,
concedido pelo governo de Minas Gerais –, ele chegou à Companhia das
Letras dois anos depois. Além de receber resenhas elogiosas nos jornais,
o livro ficou entre os finalistas de prêmios respeitados como o São
Paulo de Literatura, o Portugal Telecom e o Jabuti.
Este ano, a
Companhia das Letras vai lançar o segundo romance de Carlos. Sob o
título provisório de A cidade, o inquisitor e os ordinários, ele não
traz a morte de forma tão marcante como ocorreu em A passagem tensa dos
corpos. “Essa será sempre uma questão e voltará a aparecer em obras
futuras. Em meu novo romance, a morte serve apenas como referência
específica, mas não como acontecimento ou experiência”, antecipa Carlos.
A “indesejada das gentes”cedeu lugar à discussão moral promovida pelo
inquisitor, encarregado de investigar e julgar os modos de vida
ordinários dos moradores de uma cidade.
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