segunda-feira, 18 de março de 2013

Flores para o bem comum - Jefferson da Fonseca Coutinho‏

Maioria dos frequentadores de praças da capital condena atitude de homem que roubou rosas vermelhas na Praça da Liberdade, abrindo polêmica entre os internautas da capital 


Jefferson da Fonseca Coutinho




As rosas vermelhas retiradas dos jardins da Praça da Liberdade, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, em ação flagrada pelo Estado de Minas, mobilizaram internautas durante o fim de semana. “Sem qualquer pudor, um senhor arrancou três rosas vermelhas do jardim, pôs as flores numa sacola e saiu na maior tranquilidade”, diz a nota sob a imagem do sujeito de sacola no ombro esquerdo e com as pétalas para fora. O que está certo para alguns – e até bonito – é um verdadeiro absurdo para outros. Afinal, romântico ou criminoso? O EM voltou aos canteiros de Belo Horizonte para ouvir a população e ‘despetalar’ o imbróglio.

São eles, os namorados, os que melhor entendem do assunto. A estudante de direito Bárbara Caroline Veloso de Souza, de 21 anos, e o namorado, Emmanuel Fernandes Dias, de 22, não acham correto a retirada das flores dos jardins públicos. Abraçados em tarde de namoro na Praça Floriano Peixoto, em Santa Efigênia, os dois criticam a ação. “É uma questão de bom senso. A praça não é só da pessoa que retira a flor. É de todos. Quando você age assim, você tira do outro o direito de contemplá-la”, diz ela.

Para a estudante de direito, não há amor que justifique o roubo de uma flor pública. Emmanuel revela gostar particularmente das paisagens na companhia da namorada. Sempre que pode, segundo ele, juntos, procuram passear e levar o namoro aos lugares públicos mais bonitos e agradáveis da cidade. Você roubaria uma flor para a sua namorada, Emmanuel? Tímido, romântico, porém, responde: “Em vez de levar uma flor roubada para ela, prefiro levá-la até um belo jardim”.

Já o internauta Marcelo Oliveira não vê nada de errado no ocorrido. “E o que demais tem nisso? Achou bonitas e quis presentear alguém! Temos coisas mais importantes a preocupar do que tirar flores de um jardim”, escreveu. Geralda Silva perdoou: “Certamente imaginou a alegria de alguém ao recebê-las. Perdoado”. Depois de muita discórdia e comentários inflamados, Geralda voltou à notícia: “Até o romantismo de roubar uma rosa para a amada está sendo questionado pelos donos da lei... Calei para esses insensatos “.

Para o professor de sociologia Kelson Bueno, de 27, não se trata de romantismo simplesmente. “Se todo mundo fizesse isso, em pouco tempo não haveria mais jardins”, considera. Para Kelson, público significa “acesso de todos, não propriedade de todos”. Para o professor, a confusão está em como parte da população lida com o bem público. “Porque você paga imposto não significa que você possa fazer o que bem entende do bem público”, ressalta.


Beleza no espaço público


Jefferson da Fonseca Coutinho

Estado de Minas : 18/03/2013 

Na Praça da Liberdade, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul da capital, no canteiro das rosas vermelhas, onde o senhor foi flagrado retirando as três flores, a empresária Maíza Araújo, de 40 anos, reconhece que a beleza das plantas desperta mesmo a vontade de apropriação. Não para si. Para o outro, quem sabe. “Não pode ser um crime. Eu perdoaria alguém que agisse assim, por impulso, por amor”, explica. E elogia a populaçãobelo-horizontina, que para ela “está até muito bem comportada, pela beleza e pela quantidade de flores no espaço público”.

O pai de Maíza, Miguel Bernardino Isidoro, de 71, elogia as rosas da casa da filha. “Ela gosta muito de flores. Lá tem rosas vermelhas, brancas e amarelas”, sorri. Bem perto das flores da Praça da Liberdade, Carlos Eduardo, de 19, admite já ter roubado uma flor no jardim da mãe, no Bairro Inconfidentes, em Contagem. “Tinha 9 anos. Peguei porque estava bonita demais”, justifica. Conta ainda que “roubou” para dar para uma coleguinha de escola chamada Iasmim.

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