Maioria dos frequentadores de praças da
capital condena atitude de homem que roubou rosas vermelhas na Praça da
Liberdade, abrindo polêmica entre os internautas da capital
Jefferson da Fonseca Coutinho
As
rosas vermelhas retiradas dos jardins da Praça da Liberdade, no Bairro
Funcionários, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, em ação flagrada pelo
Estado de Minas, mobilizaram internautas durante o fim de semana. “Sem
qualquer pudor, um senhor arrancou três rosas vermelhas do jardim, pôs
as flores numa sacola e saiu na maior tranquilidade”, diz a nota sob a
imagem do sujeito de sacola no ombro esquerdo e com as pétalas para
fora. O que está certo para alguns – e até bonito – é um verdadeiro
absurdo para outros. Afinal, romântico ou criminoso? O EM voltou aos
canteiros de Belo Horizonte para ouvir a população e ‘despetalar’ o
imbróglio.
São eles, os namorados, os que melhor entendem do
assunto. A estudante de direito Bárbara Caroline Veloso de Souza, de 21
anos, e o namorado, Emmanuel Fernandes Dias, de 22, não acham correto a
retirada das flores dos jardins públicos. Abraçados em tarde de namoro
na Praça Floriano Peixoto, em Santa Efigênia, os dois criticam a ação.
“É uma questão de bom senso. A praça não é só da pessoa que retira a
flor. É de todos. Quando você age assim, você tira do outro o direito de
contemplá-la”, diz ela.
Para a estudante de direito, não há amor
que justifique o roubo de uma flor pública. Emmanuel revela gostar
particularmente das paisagens na companhia da namorada. Sempre que pode,
segundo ele, juntos, procuram passear e levar o namoro aos lugares
públicos mais bonitos e agradáveis da cidade. Você roubaria uma flor
para a sua namorada, Emmanuel? Tímido, romântico, porém, responde: “Em
vez de levar uma flor roubada para ela, prefiro levá-la até um belo
jardim”.
Já o internauta Marcelo Oliveira não vê nada de errado
no ocorrido. “E o que demais tem nisso? Achou bonitas e quis presentear
alguém! Temos coisas mais importantes a preocupar do que tirar flores de
um jardim”, escreveu. Geralda Silva perdoou: “Certamente imaginou a
alegria de alguém ao recebê-las. Perdoado”. Depois de muita discórdia e
comentários inflamados, Geralda voltou à notícia: “Até o romantismo de
roubar uma rosa para a amada está sendo questionado pelos donos da
lei... Calei para esses insensatos “.
Para o professor de
sociologia Kelson Bueno, de 27, não se trata de romantismo simplesmente.
“Se todo mundo fizesse isso, em pouco tempo não haveria mais jardins”,
considera. Para Kelson, público significa “acesso de todos, não
propriedade de todos”. Para o professor, a confusão está em como parte
da população lida com o bem público. “Porque você paga imposto não
significa que você possa fazer o que bem entende do bem público”,
ressalta.
Beleza no espaço público
Jefferson da Fonseca Coutinho
Estado de Minas : 18/03/2013
Na Praça da Liberdade, no Bairro
Funcionários, Região Centro-Sul da capital, no canteiro das rosas
vermelhas, onde o senhor foi flagrado retirando as três flores, a
empresária Maíza Araújo, de 40 anos, reconhece que a beleza das plantas
desperta mesmo a vontade de apropriação. Não para si. Para o outro, quem
sabe. “Não pode ser um crime. Eu perdoaria alguém que agisse assim, por
impulso, por amor”, explica. E elogia a populaçãobelo-horizontina, que
para ela “está até muito bem comportada, pela beleza e pela quantidade
de flores no espaço público”.
O pai de Maíza, Miguel Bernardino
Isidoro, de 71, elogia as rosas da casa da filha. “Ela gosta muito de
flores. Lá tem rosas vermelhas, brancas e amarelas”, sorri. Bem perto
das flores da Praça da Liberdade, Carlos Eduardo, de 19, admite já ter
roubado uma flor no jardim da mãe, no Bairro Inconfidentes, em Contagem.
“Tinha 9 anos. Peguei porque estava bonita demais”, justifica. Conta
ainda que “roubou” para dar para uma coleguinha de escola chamada
Iasmim.
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