Com o investimento de R$ 2,1 bilhões, governador espera melhoria da situação dos municípios
Bertha Maakaroun
Estado de Minas: 14/04/2013
Partindo do pressuposto de que os governos
municipais, ao atuar próximos aos problemas, têm mais êxito em buscar
soluções mais rápidas e baratas, o governador Antonio Anastasia (PSDB)
acaba de lançar um programa de R$ 2,1 bilhões, com recursos
orçamentários. Além de reforçar os vazios cofres municipais, o programa
dará condições aos gestores, a maioria em início de mandato, de fazer
investimentos em três áreas sensíveis: a saúde, a educação e a
infraestrutura. Em grandes números, para ações na saúde há R$ 1,42
bilhão; para a educação serão destinados R$ 250 milhões; e para as 824
cidades com população inferior a 100 mil habitantes estão previstos R$
418 milhões. “Todas as cidades serão beneficiadas segundo o seu porte,
as suas necessidades e as demandas apresentadas”, acrescenta. Embora
seja o nome preferido do senador Aécio Neves (PSDB) para concorrer ao
Senado, o governador Antonio Anastasia (PSDB), pelo momento, evita o
tema. Leal ao antecessor, que hoje é considerado o candidato do PSDB à
Presidência da República, Anastasia afirma quando perguntado se
concorrerá: “A eleição estadual em Minas está condicionada à candidatura
do senador Aécio Neves. Aguardamos qual será essa definição para ver o
papel de cada um”. Na avaliação do governador, há forte inclinação no
PSDB nacional para a indicação da candidatura de Aécio, o que ganhará
corpo, a partir de maio, quando o senador assumir a presidência nacional
da legenda.
O sr. anunciou esta
semana investimentos da ordem de R$ 2,1 bilhões aos municípios, para
investimentos em saúde, educação e em infraestrutura, dentro do Programa
ProMunicípio. É uma forma de auxiliar os municípios em dificuldades?
Partimos
do pressuposto verdadeiro de que a administração municipal consegue
agir de modo mais próximo do problema. Especialmente em infraestrutura,
acaba tendo uma solução mais rápida e barata no local. E da mesma forma a
saúde, com a descentralização. O que pudermos descentralizar,
descentralizaremos, passaremos para a administração municipal. E, como
já tínhamos vários projetos em andamento, programas municipais,
colocamos todos na mesma bandeira.
Os municípios vão apresentar projetos?
O
programa é voltado para os municípios em três segmentos: a educação, a
saúde e a infraestrutura. Os municípios vão aderir por meio de
formulários informatizados descrevendo as suas escolhas para a
infraestrutura. São recursos para municípios até 100 mil habitantes.
Portanto dos 853 municípios, 824 são atendidos para aquisição de
equipamentos, como tratores, retroescavadeiras, maquinário, ou então
para obras municipais do tipo pontes, calçamento e asfaltamento de vias,
pequenos consertos em estradas vicinais. Será a critério das
prioridades locais. No caso da saúde e da educação, os recursos serão
encaminhados a todos os municípios que aderirem aos programas do estado,
reforçando as políticas públicas que são comuns entre o estado e o
município. Na área da educação são recursos para ajudar o sistema de
ensino municipal, destinados ao transporte escolar municipal, à
recuperação de escolas e mobiliário.
E na saúde qual será o foco para o investimento?
No
caso da saúde, onde estão os recursos mais expressivos – cerca de R$
1,4 bilhão –, serão alocados em diversos programas do estado em parceria
com os municípios, que os executam e os implementam, do tipo Farmácia
de Minas, unidades básicas de saúde, convênios do Pro-Hosp para
hospitais nos municípios, a compra de cerca de mil veículos de
transporte e ambulâncias, recursos para as equipes de saúde da família,
que são também pagas pelos municípios. Portanto, é um grande leque de
ações. É claro que a saúde é do sistema único: melhorando o município,
há melhora no estado.
Como será o acompanhamento do estado da aplicação desses recursos?
Através
da prestação de contas. O recurso é liberado em mais de uma parcela.
Mas para liberar a segunda o gestor terá de prestar contas da primeira.
Essa prestação já é coisa cotidiana da administração, pois temos muitos
convênios com os municípios, que se faz através do próprio estado, nas
secretarias. Há também as instituições que fazem a fiscalização, como o
Ministério Público e o Tribunal de Contas.
Os
governos do PSDB em Minas estarão no centro do debate eleitoral de
2014. Se o senhor tiver de eleger, que área considera o melhor
desempenho de seu governo?
Posso identificar duas áreas. Em
primeiro lugar o esforço para a geração de empregos com a diversificação
da economia de Minas, o que felizmente, a despeito da crise econômica
internacional, tem ocorrido aqui. Estamos conseguindo atrair empresas de
diversas naturezas e mudando um pouco – claro que é um processo
gradativo – a economia de nosso estado, fazendo-a mais moderna, mais
industrial, a chamada nova economia. E por outro lado a questão social,
em que o Programa Travessia, um grande carro-chefe que temos, foi
aprofundado em meu mandato. É um cartão de visitas muito adequado, pois
demonstra como é possível, ainda que em determinados territórios do
estado, modificar a realidade social através de um método diagnóstico
chamado porta a porta e, depois, passa por outras etapas na área da
saúde e da educação, que são muito positivas. Acho que especialmente
para aquele segmento menos desenvolvido no Brasil o programa é muito
exitoso.
E qual é a área, em sua avaliação, que ainda segue como um desafio?
Todas
as áreas são desafios. Se perguntar se estamos 100% satisfeitos com
tudo, nenhum governador, nenhum gestor mundo afora vai dizer que está
plenamente satisfeito. Sempre há o que fazer e melhorar. Ainda mais num
país em desenvolvimento e em um estado com tanta desigualdade. Minas tem
que avançar mais, se empenhar mais, na questão da desigualdade
regional. Ainda somos um estado muito desigual. Tanto que tivemos um
esforço imenso para atrair duas imensas empresas para Montes Claros: a
Alpargatas, que se inaugura agora, e a Fiat, através da Case New Holand
(CNH). Mas o grosso das novas empresas não ocorre nessas regiões. Então
esse esforço para diminuir a desigualdade regional é uma área em que
devemos ainda trabalhar mais e já é prioridade de nosso governo.
As articulações para 2014 já começaram e nos partidos políticos os pré-candidatos se colocam. O sr. é candidato ao Senado?
Ainda
está um pouco cedo. Todos os analistas sabem disto: a eleição estadual
em Minas está condicionada à candidatura do senador Aécio Neves.
Aguardamos qual será essa definição para ver o papel de cada um. A
prioridade, pelo menos em que eu acredito, é a de fortalecimento da
candidatura do senador Aécio Neves à Presidência da República.
Como está no plano nacional a costura de alianças para uma eventual coalizão de apoio à candidatura do senador?
Tem
sido conduzida pelo próprio senador Aécio na conversa que faz com os
partidos. Ele é muito hábil, tem um prestígio muito grande na esfera
nacional com os parceiros. Sabemos, é claro, que existem outros
candidatos, e a própria presidente tem uma força muito grande. Mas isso
não impede que o senador tenha o apoio não só do nosso partido, o PSDB,
mas de outros que hoje estão na oposição e eventualmente de algum que
está na base do governo e possa, através de conversas, também fazer a
adesão ao senador. É muito importante sempre transmitir a ideia da
expectativa de poder, que é muito relevante. Isso é fundamental. Ainda
está um pouco cedo. As grandes costuras só acontecem, mostra a
experiência, no primeiro semestre do ano que vem. Mas as conversas já
começaram.
Dentro do PSDB a candidatura do senador Aécio Neves está consolidada?
Há
uma inclinação fortíssima para o nome dele. Eu sempre disse e já
defendia, em 2010, o nome do senador Aécio como candidato para
presidente. Ele próprio abriu mão para o governador José Serra. Mas
agora está tudo muito maduro para a sua candidatura. O partido sente
isso. Há uma tendência de ele se eleger presidente do partido na
convenção de maio. Fizemos reunião há um mês em Brasília e havia esse
sentimento unânime entre os governadores a favor do senador Aécio na
presidência do partido. Acho que a presidência do partido vai dar a ele
uma visibilidade ainda maior, o que é muito importante, e também os
instrumentos para correr o Brasil todo levando as bandeiras do partido
e, é claro, alinhavando o projeto. O candidato tem o aspecto pessoal,
que é fundamental, o seu estilo, a sua personalidade, mas tem de ter o
projeto.
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