Angélica diz que casamento com Luciano Huck é "para vida toda" e que traição é "mentira"
DE SÃO PAULO
Angélica, 39, está em uma pausa da gravação do programa "Estrelas" (Globo), no parque Ibirapuera, em SP, quando é interrompida por sua empresária, Deborah Montenegro. Celular na mão, ela avisa: "Benício está com dor de dente". Trata-se do filho do meio da apresentadora, de cinco anos. A loira instrui o que ela deve dizer à babá. E volta ao trabalho.
Perto dos 40, Angélica concilia família e carreira na TV
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Bastidores da gravação do "Estrelas" com Thiaguinho e a mãe dele, Glória Barbosa
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Em uma mesa, ela conversa com o cantor Thiaguinho. A empresária se aproxima de novo e diz algo. Angélica tira o chiclete que estava em sua boca e coloca na mão de Deborah. Liga para o dentista. Depois, orienta a babá.
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"Mãe é eternamente um cordão umbilical", diz à repórter Lígia Mesquita. Além de Benício, ela e o marido, Luciano Huck, são pais de Joaquim, 8, e de Eva, seis meses.
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A gravação termina. Angélica agradece à equipe. O diretor do parque, seguranças e fãs pedem fotos. Já no carro, ela checa os dois celulares e os devolve à sua bolsa Louis Vuitton com tecido brilhante. O destino é o hotel Emiliano, nos Jardins.
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Com uma carreira que começou aos seis anos de idade, quando ganhou o concurso de criança mais bonita do programa do Chacrinha, está acostumada aos holofotes.
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Quando os filhos nasceram, foram "apresentados" em capas de revista. Há alguns dias, a caçula estreou na mídia. A foto da família reunida surgiu em meio a rumores de que o casal estava em crise. Um dos motivos: uma suposta traição de Huck.
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Ela admite que não teria "nenhum" problema em assumir uma traição. "Se eu fosse traída, não sei nem se eu estaria casada mais [risos]. Não sei se eu ia perdoar."
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"Essa notícia foi uma novidade ridícula, sem fundamento. A pessoa que inventou isso vai ser responsabilizada. É uma mentira." Quem teria inventado, ela não fala. "Não vou colocar azeitona na empada dessa pessoa." O assunto, diz, chegou a provocar risos no casal. Mas já irrita. "É maldade." Pega um chiclete de morango na bolsa.
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Desde sempre celebrada por sua beleza, ela namorou bastante antes de se apaixonar por Huck: o apresentador Cesar Filho, o cantor Maurício Mattar, o empresário Luiz Calainho e o ator Marcio Garcia foram seus pares.
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Quando questionada se já foi traída, Angélica responde: "Eu fuuui! Mas traí também. Já traí e fui traída. Mas não eram relacionamentos que tinham a importância e a consistência que tem o meu hoje. Nossa família é a coisa mais sagrada pra gente".
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Rebate especulações de que o casal não poderia anunciar uma separação por causa de contratos publicitários. "Neguinho viaja. A gente nem tem contrato juntos. Se tivéssemos, acima de qualquer coisa, eu ia me preocupar é com a cabeça dos meus filhos." E segue: "Nosso relacionamento é pra vida toda".
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Quando o carro chega ao hotel, uma multidão de adolescentes está na porta. São fãs da cantora Rita Ora, também hospedada lá. Angélica posa para fotos. Acomoda-se no lobby e pede um chá.
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Em novembro, ela completa 40 anos. E já assume a futura idade. "Que numerozinho mais sem graça, 39. Vou arredondar pra 40 [risos]. Tô me sentindo feliz."
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"O corpo, o cabelo, a pele, lógico que com 30 eram diferentes. Mas tanta coisa eu ganhei nesses dez anos: fiz meus três filhos, formei minha família. Me tornei uma pessoa mais tranquila."
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E mais segura. "Do que eu quero, do que eu posso, do que eu sei", afirma ela, que faz análise duas vezes por semana desde os 23 anos.
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"Quando eu era adolescente, tinha o corpo cheinho e falavam: 'A Angélica é roliça'. Depois, maior, falavam: 'Ih, a Angélica tá namorando fulano'. Essa cobrança da vida pessoal ou do corpo, do cabelo, sempre existiu", afirma a apresentadora.
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Angélica ganhou seu primeiro programa na TV aos 13, em 1986, o "Clube da Criança", na Manchete. Passou depois pelo SBT e, em 1996, chegou à Globo. Em 2000, deixou o público infantil.
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"Comecei muito cedo mesmo. Me sinto muito realizada de ter conseguido chegar aonde cheguei de forma sã. Sei que sou sã, que não pirei [risos]", afirma.
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Há sete anos, ela comanda o "Estrelas". O programa mostra curiosidades da vida dos famosos. "Hoje tem o famoso e tem o artista", analisa. "Qualquer um diz que é apresentador, pega o microfone e acaba fazendo. Mas o público a gente não engana...por muito tempo [risos]!"
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Ser chamada de celebridade não a incomoda. Aliás, nenhum rótulo. "Quando comecei, era apresentadora, loirinha, igual à Xuxa, da coxa grossa, da pinta na perna", diz a paulista de Santo André.
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Para ilustrar essa necessidade de rotular, ela conta, rindo, o que tinha acontecido horas antes, no restaurante do hotel. "Tinha uma mesa com quatro senhores de uns 70 anos. Passei sorrindo, porque eles ficavam me olhando. Aí, um deles falou: 'Tá vendo aquela ali? Ela é a esposa daquele narigudo'."
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Ela assume que rotula os outros. "Mas tomo cuidado na frente das crianças, principalmente para não falar palavrão." Sim, a apresentadora que tem a imagem de "certinha" às vezes solta palavras de baixo calão.
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"Por mais que saia capa de revista falando dessa coisa de 'família Doriana' [de propaganda de margarina], é assim porque a gente tá junto, é uma família sólida. Mas que tem problema, briga, fala palavrão. Não acho que exista a família perfeita."
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Educar os filhos em meio a uma condição financeira muito diferente da dela e da do marido é um de seus desafios. "Comecei a trabalhar cedo, era de classe média baixa, meus pais não tinham grana. Luciano tinha realidade diferente, mas não é a mesma de agora. Ele é filho de intelectuais, tinha mais grana, começou a trabalhar aos 20."
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O exercício diário é dizer não para os pequenos. "Me policio pra falar menos não. Não vou ser hipócrita, meu filho pode comprar um brinquedo pra ele. Mas não significa que a gente dê tudo o que eles pedem", diz.
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A apresentadora acha "uma bobagem" o que seria preconceito com quem tem dinheiro no Brasil. "Tem gente que tem vergonha de falar que tem [dinheiro], tem culpa. Eu não. Vejo o quanto trabalho desde cedo. O Luciano também", afirma. "Se eu posso dar a possibilidade para os meus filhos de eles terem um jardim enorme pra eles correrem, uma piscina deliciosa aquecida, eu vou dar. Nosso país é muito desigual? É, em todos os sentidos. O principal é educação, saúde."
Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.
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