Zero Hora - 14/04/2013
Tenho mergulhado numa questão que parece prosaica, mas é de importância
vital para melhor conduzirmos os dias: por que as pessoas rejeitam
aquilo que é simples, fácil e comum?
O mundo evolui através de conexões reais: relacionamentos amorosos,
relacionamentos profissionais e relacionamentos familiares –
basicamente. É através deles que nos enriquecemos, que nossos sonhos são
atingidos e que o viver bem é alcançado. No entanto, como nos
atrapalhamos com essas relações. Tornamos tudo mais difícil do que o
necessário. Estabelecemos um modo de viver que privilegia o complicado
em detrimento do que é simples. Talvez porque o simples nos pareça
frívolo. Quem disse?
Não temos controle sobre o que pode dar errado, e muita coisa dá: a
reação negativa diante dos nossos esforços, o cancelamento de projetos, o
desamor, as inundações, as doenças, a falta de dinheiro, as limitações
da velhice, o que mais? Sempre há mais.
Então, justamente por essa longa lista de adversidades que podem
ocorrer, torna-se obrigatório facilitar o que depende de nós. É uma
ilusão achar que pareceremos sábios e sedutores se nossa vida for um nó
cego. Fala-se muito em inteligência emocional, mas poucos discutem o seu
oposto: a burrice emocional, que faz com que tantos façam escolhas
estapafúrdias a fim de que pelo menos sua estranheza seja reconhecida.
O simples, o fácil e o comum. Você sabe do que se trata, mas não custa lembrar.
Ser objetivo e dizer a verdade, em vez de fazer misteriozinhos que
só travam a comunicação. Investir no básico (a casa, a alimentação, o
trabalho, o estudo) em vez de torrar as economias em extravagâncias que
não sedimentam nada. Tratar bem as pessoas, dando-lhes crédito, em vez
de brigar à toa. Saber pedir desculpas, esclarecer mal-entendidos e
limpar o caminho para o convívio, ao invés de morrer abraçado ao próprio
orgulho. Não gastar seu tempo com causas perdidas.
Unir-se a pessoas do bem. Informar-se previamente sobre o que o
aguarda, seja um novo projeto, uma viagem, um concurso público, uma
entrevista - preparar-se não tira o gostinho da aventura, só
potencializa sua realização.
Se você sabe que não vai mudar de ideia, diga logo sim ou não, para
que enrolar? Cuide do seu amor. Não dê corda para quem você não deseja
por perto. Procure ajuda quando precisar. Não chegue atrasado. Não se
envergonhe de gostar do que todos gostam: optar por caminhos espinhentos
às vezes serve apenas para forçar uma vitimização. O mundo já é cruel o
suficiente para ainda procurarmos encrenca e chatice por conta própria.
Há outras maneiras de aparecer.
Temos escolha. De todos os tipos. As boas escolhas são divulgadas.
As más escolhas são mais secretas e, por isso, confundidas com
autenticidade, fica a impressão de que dificultar a própria vida fará
com que o cidadão mereça uma medalha de honra ao mérito ao final da
jornada. Quem acredita que o desgaste honra a existência, depois não
pode reclamar por ter virado o super-herói de um gibi que ninguém lê.
Nenhum comentário:
Postar um comentário