Os fatos
A presidente tem procurado enfrentar alguns dos nossos velhos problemas estruturais, como a previdência do funcionalismo público; as condições para a redução da taxa real de juros; a redução das tarifas de energia elétrica; as concessões de projetos de infraestrutura à iniciativa privada; a importante desoneração das folhas de pagamento, fundamental para o setor exportador; a redução do aparelhamento político das estatais e das agências reguladoras etc.Tem sido uma batalha dura e o aprendizado lento, mas sempre na direção correta. Frequentemente, entretanto, a comunicação defeituosa gera um clima pouco amistoso que aumenta o ruído no curto prazo.
O importante é que as soluções vão maturar e, num prazo de dois ou três anos, seus efeitos sobre a produtivida- de da economia nacional serão sentidos.
Não há dúvida de que "sinais vitais" da conjuntura ainda são perturbadores. Há incertezas exageradas do setor privado sobre a política fiscal, sugestões extravagantes sobre a política monetária e preocupações justificadas sobre o futuro da indústria nacional dizimada por uma política cambial descuidada e pela falta de "aggiornamento" da política para o setor.
Tudo isso --afirma-se-- parece ter diminuído o apetite do capital estrangeiro de participar nos grandes projetos de desenvolvimento nacional e pode tornar desconfortável o financiamento do imenso deficit em transações correntes que vimos acumulando. Há aqui também, na nossa opinião, um evidente exagero por parte do setor financeiro.
Senão, como conciliar a dimensão dessas dúvidas com a recente ação concreta do capital estrangeiro? Primeiro, como explicar o tremendo sucesso do espetacular financiamento obtido justamente pela Petrobras que praticamente construiu uma "curva de juros"? É verdade que agora alguns analistas mudaram de posição: não é mais a falta de recursos da empresa, mas o nível de seu endividamento (que eles mesmos financiaram!) que é a nova preocupação... Segundo, como explicar a resposta do mercado ao lançamento do Banco do Brasil? E, finalmente, como negar o sucesso da 11ª licitação de blocos exploratórios de petróleo e gás, feito pela Agência Nacional do Petróleo, que arrecadou quase R$ 3 bilhões em bônus de assinatura de 142 blocos numa área equivalente a 100 mil quilômetros quadrados, depois de cinco anos de espera?
O último fato é mais do que relevante. Mostra como funcionou bem o regime de concessão construído no passado, o que sugere que talvez haja oportunidade para revermos algumas tarefas exageradas impostas à Petrobras no momento da euforia exagerada.
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