quarta-feira, 17 de julho de 2013

Bruna Beber lança seu quarto livro de poesias amanhã em São Paulo

folha de são paulo
'Rua da Padaria' reúne versos marcados pelo cotidiano na periferia, onde a escritora morou
Autora de 29 anos que cresceu na Baixada Fluminense e vive na capital paulista foi um dos destaques da Flip
RODRIGO LEVINOEDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"Quando lançou seu primeiro livro ("A Fila sem Fim dos Demônios Descontentes", 7Letras), em 2006, a poeta carioca Bruna Beber, 29, tinha 22 anos e ouviu do pai, que bancou parte daquela edição em três parcelas: "Se não vender tudo, a gente põe uma banquinha aí na calçada".
Os 600 exemplares se esgotaram em algumas semanas.
"Meu pai tem um receptivo de turismo, então ele meio que obrigava todo mundo a comprar o livro, inclusive estrangeiros que não entendiam nada", contou aos risos àFolha.
Amanhã é outra Beber que lança, em São Paulo, uma nova obra ("Rua da Padaria", Record): autora de quatro livros, reconhecida como um dos nomes significativos de sua geração, traduzida para o inglês, o espanhol e o alemão, e um dos destaques da última Flip, quando autografou cerca de 300 livros em duas horas.
De voz pausada e forte sotaque carioca, quase intocado pelos sete anos em que vive em São Paulo, Beber diz que nunca esperou por tanto.
Escreve desde os seis anos porque lê desde então e gosta das duas coisas.
De uma família de professoras e pedagogas, cresceu cercada por livros. Aos dez anos, decidiu ler "algo difícil".
Atormentou a mãe por dias seguidos querendo explicações sobre o poema "Marília de Dirceu" (1792), do arcadista Tomás Antônio Gonzaga.
"Rua da Padaria" é também uma ponte para esse passado, situado entre Duque de Caxias e São João de Meriti, cidades da Baixada Fluminense onde Beber viveu até os 20 e poucos anos, dividida entre a casa dos pais e a dos avós.
A miríade de sons, cores, cheiros e tipos da periferia são parte importante da obra.
Nos poemas de "Rua", há o botijão de gás que explode, as crianças correndo atrás da bola, a macumba da encruzilhada ("mamãe posso comer/ essa pipoca"). Junto a isso, pequenos flertes, observações e alegrias comezinhas.
Quase sempre associada à geração de novos poetas que têm por maior inspiração o cotidiano, Beber se diz inadequada a essas rotulações.
"Não me enxergo como parte de uma turma ou de um grupo, nem acho que a minha geração esteja construindo alguma espécie de pensamento."
Revelada na internet, onde manteve "sei lá quantos" blogs de poesia, Beber é um retrato de sua época, em que hierarquia ou dieta cultural têm pouca eficácia.
"Fui criada numa casa em que Neguinho da Beija-Flor valia tanto quanto Tom Jobim. Não havia juízo de valor. A gente lia, via e ouvia o que gostava."
A "rua da padaria", a mais movimentada de São João de Meriti, ela cruzou pela primeira vez aos seis anos, sob os olhos da avó. "Foi épico!"
    RAIO-X - BRUNA BEBER
    VIDA
    Nasceu em Duque de Caxias (RJ) em 1984; vive em São Paulo desde 2007, onde trabalha como editora, revisora e tradutora
    OBRA
    É autora dos livros "A Fila sem Fim dos Demônios Descontentes" (7Letras, 2006), "Balés" (Língua Geral, 2009), da coletânea "Rapapés & Apupos" (7Letras, 2012) e de "Rua da Padaria" (Record, 2013).
    Seus poemas foram traduzidos para o espanhol, o inglês e o alemão em coletâneas publicadas na Alemanha, na Argentina, no México, nos Estados Unidos, na Espanha e em Portugal.

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