'Rua da Padaria' reúne versos marcados pelo cotidiano na periferia, onde a escritora morou
Autora de 29 anos que cresceu na Baixada Fluminense e vive na capital paulista foi um dos destaques da Flip
Os 600 exemplares se esgotaram em algumas semanas.
"Meu pai tem um receptivo de turismo, então ele meio que obrigava todo mundo a comprar o livro, inclusive estrangeiros que não entendiam nada", contou aos risos àFolha.
Amanhã é outra Beber que lança, em São Paulo, uma nova obra ("Rua da Padaria", Record): autora de quatro livros, reconhecida como um dos nomes significativos de sua geração, traduzida para o inglês, o espanhol e o alemão, e um dos destaques da última Flip, quando autografou cerca de 300 livros em duas horas.
De voz pausada e forte sotaque carioca, quase intocado pelos sete anos em que vive em São Paulo, Beber diz que nunca esperou por tanto.
Escreve desde os seis anos porque lê desde então e gosta das duas coisas.
De uma família de professoras e pedagogas, cresceu cercada por livros. Aos dez anos, decidiu ler "algo difícil".
Atormentou a mãe por dias seguidos querendo explicações sobre o poema "Marília de Dirceu" (1792), do arcadista Tomás Antônio Gonzaga.
"Rua da Padaria" é também uma ponte para esse passado, situado entre Duque de Caxias e São João de Meriti, cidades da Baixada Fluminense onde Beber viveu até os 20 e poucos anos, dividida entre a casa dos pais e a dos avós.
A miríade de sons, cores, cheiros e tipos da periferia são parte importante da obra.
Nos poemas de "Rua", há o botijão de gás que explode, as crianças correndo atrás da bola, a macumba da encruzilhada ("mamãe posso comer/ essa pipoca"). Junto a isso, pequenos flertes, observações e alegrias comezinhas.
Quase sempre associada à geração de novos poetas que têm por maior inspiração o cotidiano, Beber se diz inadequada a essas rotulações.
"Não me enxergo como parte de uma turma ou de um grupo, nem acho que a minha geração esteja construindo alguma espécie de pensamento."
Revelada na internet, onde manteve "sei lá quantos" blogs de poesia, Beber é um retrato de sua época, em que hierarquia ou dieta cultural têm pouca eficácia.
"Fui criada numa casa em que Neguinho da Beija-Flor valia tanto quanto Tom Jobim. Não havia juízo de valor. A gente lia, via e ouvia o que gostava."
A "rua da padaria", a mais movimentada de São João de Meriti, ela cruzou pela primeira vez aos seis anos, sob os olhos da avó. "Foi épico!"
RAIO-X - BRUNA BEBER
VIDA
Nasceu em Duque de Caxias (RJ) em 1984; vive em São Paulo desde 2007, onde trabalha como editora, revisora e tradutora
Nasceu em Duque de Caxias (RJ) em 1984; vive em São Paulo desde 2007, onde trabalha como editora, revisora e tradutora
OBRA
É autora dos livros "A Fila sem Fim dos Demônios Descontentes" (7Letras, 2006), "Balés" (Língua Geral, 2009), da coletânea "Rapapés & Apupos" (7Letras, 2012) e de "Rua da Padaria" (Record, 2013).
É autora dos livros "A Fila sem Fim dos Demônios Descontentes" (7Letras, 2006), "Balés" (Língua Geral, 2009), da coletânea "Rapapés & Apupos" (7Letras, 2012) e de "Rua da Padaria" (Record, 2013).
Seus poemas foram traduzidos para o espanhol, o inglês e o alemão em coletâneas publicadas na Alemanha, na Argentina, no México, nos Estados Unidos, na Espanha e em Portugal.
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